A arte underground das tatuagens na prisão

De tatuagens notórias, como uma lágrima preenchida que conota um assassino, às mais sinceras, que incluem nomes de namoradas ou esposas, tatuagens de prisão são emblemas da identidade dos detentos. Mas, ao contrário daqueles que estão do lado de fora, os prisioneiros precisam se esforçar para fazer tatuagens, usando colheres quebradas e toda sorte de objetos à mão para criar a base para máquinas de tatuagem e cinzas queimadas para tinta.

Os tatuadores e presos que fabricam máquinas de tatuagem são altamente respeitados por outros prisioneiros, mas eles são vistos com cautela por guardas e funcionários que dizem que estas tatuagens carregam sério riscos para a saúde. Afinal, ninguém na prisão tem acesso a um salão de tatuagem esterilizado. Como resultado, os detentos de presídios americanos que são pegos com tinta ou fazendo máquinas de tatuagem podem ser disciplinados e colocados em confinamento solitário, às vezes por dias.

Nos tópicos do Reddit, ex-detentos descrevem a meticulosa tarefa de fazer máquinas de tatuagem e tinta colorida. Prisioneiros desmontam aparadores de barba ou tocadores de CD para chegar ao pequeno motor, que eles podem adaptar para fazer a agulha de tatuagem subir e descer rapidamente. Os tatuadores que usam aparadores de barba podem rapidamente colocar o motor no barbeador de volta e enganar os guardas.

A agulha em si é muitas vezes feita de uma corda de violão de metal dividida em duas, segurando-a em uma chama aberta até que se encaixe ao meio, criando um ponto fino. As molas dentro de canetas também podem virar agulhas.

Um ex-prisioneiro que hoje administra uma loja de tatuagem disse que costumava fazer tinta preta colocando fuligem e cinza em uma embalagem de leite que continha um pouco de álcool, utilizado no presídio para fins de higiene. Para conseguir cor, alguns presos usam tinta líquida da Índia que os membros da família compram em lojas de artesanato.

Um exemplo do tipo de equipamento de tatuagem rudimentar usado pelos prisioneiros, montado com fita adesiva, uma caneta, um isqueiro, uma tesoura, uma pilha, um motor, uma corda de violão e clipes de papel.

Uma corda de violão passa pelo corpo de uma caneta para se tornar uma agulha. Clipes de papel formam uma plataforma para o motor.

Um isqueiro aquece clipes de papel para fundi-los ao corpo do motor de plástico.

A corda do violão é conectado ao motor e o excesso de fio pode ser cortado.

Os fios do motor são conectados aos polos de uma pilha.

Embora proibida em todas as prisões e presídios, a tatuagem é totalmente funcional, se não estéril.

As agulhas compartilhadas destas maquininhas improvisadas podem espalhar doenças transmitidas pelo sangue, como o HIV e a hepatite C. Não é uma preocupação infundada: em entrevistas, ex-presos dizem que é comum ver várias pessoas tatuadas com a mesma agulha.

Em 2005, um relatório do Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos examinou 88 homens nas prisões da Geórgia e descobriu que metade dos homens haviam contraído o HIV ao serem tatuados enquanto estavam encarcerados. Para tentar consertar o problema, a província de Ontário, no Canadá, permitiu que presídios montassem estúdios de tatuagem. Mas esse programa foi cancelado, no entanto, devido aos custos.