Scott Nash, de Maryland, nos EUA, teve a ideia de seu experimento incomum há três anos, depois de fazer algo que a maioria de nós nem sequer considerou: ele comeu um iogurte que tinha vencido fazia seis meses. O ambientalista convicto e dono de uma rede de mercados orgânicos, esqueceu-se do iogurte na geladeira de sua antiga cabana na primavera e só o encontrou novamente quando retornou no outono. |
Não tinha um gosto ruim e ele não teve nenhum problema de saúde depois de consumi-lo. Isso fez com que ele pensasse sobre o modo como as empresas usam as datas de vencimento hoje em dia.
- "Eles são muito vagos. O que significa "expirar", "melhor consumir até", "vence em", "melhor se usado até"? Eu só acho que não há consistência, e que está criando confusão", escreveu Nash em um post no seu blog. - "O sistema de datação de validade para alimentos (e bens não comestíveis) precisa ser revisado de forma a criar clareza. Essas datas precisam ser definidas para corresponder à realidade. Alguns itens não precisam ter validade, como sal, produtos enlatados e lenços umedecidos."
Durante o experimento de um ano Scott Nash e sua família comeram qualquer coisa fora do período de validade: tortilhas um ano depois da data, iogurte que tinha sete, oito ou nove meses, carnes vencidas havia semanas, e nata alguns meses após as datas estampadas em seu rótulo. Em determinado momento, ele até usou a manteiga mofada depois que ficou por meses na geladeira. Ele apenas raspou o mofo e usou a manteiga para cozinhar.
Nash admite que alguns alimentos realmente estragam e têm que ser jogados fora, mas há maneiras melhores de saber do que verificar a data de validade na embalagem. Se algo parece, cheira ou tem um gosto estranho, você provavelmente não deveria comê-lo, mas a maioria das pessoas sofre de algo que Nash chama de "transtorno de ansiedade do consumidor", o que faz com que descartem produtos perfeitamente bons apenas por causa de uma data arbitrária.
- "Algumas coisas estão estragadas, e isso é legítimo, e algumas coisas realmente têm um gosto horrível. Mas muito, a maior parte da comida que é descartada é devido a essas datas arbitrárias e confusas", disse o empresário.
Em seu blog, Scott dá exemplos de datas de expiração paradoxais em produtos como sal de 250 milhões de anos que supostamente expira em 2020, alimentos enlatados e engarrafados que devem realmente ser bons por décadas, se não mais, mas têm datas de vencimento suspeitamente curtas. Ele também adverte os leitores sobre a "Obsolescência Programada", uma estratégia que as empresas usam para incentivar os consumidores a jogar fora produtos perfeitamente bons, para que comprem novos produtos.
- "Isso ficou tão descontrolado que me faz pensar sobre a integridade dos fabricantes: se puderem enganar eles vão fazê-lo com qualquer coisa hoje em dia. A obsolescência planejada por corporações e indústrias inteiras é real. Quando jogamos um produto fora, as corporações lucram", escreve ele.
Curiosamente, a Food and Drug Administration, pesquisadores e a indústria manufatureira de alimentos geralmente concordam que os rótulos com datas de validade deviam ser mais claros e ajudariam a reduzir o desperdício de alimentos, mas atualmente, nos EUA, não há lei federal regulando as datas de expiração, permitindo que os fabricantes carimbem o que quiserem.
No Brasil há um guia publicado em 2018 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que visa auxiliar as empresas a determinar os prazos de validade de alimentos. Mas que tenha um guia não quer dizer que as indústrias acatem o que está recomendado ali, pois aqui também não existe legislação que determine ou oriente qual o prazo ideal no qual o alimento é considerado seguro, ou seja, às indústrias são as responsáveis pela determinação da shelf life dos alimentos, respondendo por quaisquer modificações que tornem o produto impróprio para o consumo durante a sua validade.
Fonte: WP.
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Comentários
Excelente artigo. Sigo a linha de pensamento do cara: se não tem aparência estranha nem cheira mal, pode ser comido. E como mesmo. E nunca me fez mal. A mesmíssima coisa vale para remédios do tipo comprimidos e outros tipos secos. Continuam funcionando perfeitamente. Inclusive na Internet há um estudo militar sobre utilização de remédios que venceram na década de 60. TODOS tinham mais de 95% do princípio ativo preservado. Não estou dizendo para que façam isso mas essa é a minha percepção e minhas ações sobre o tema.