Segundo pesquisa, americanos acham que os números arábicos não deveriam ser ensinados nas escolas

De acordo com uma pesquisa realizada nos Estados Unidos pela empresa de consultoria CivicScience, mais da metade da população considera que os números arábicos não deveriam ser ensinados nas escolas de dito país. Esta opinião chama a atenção porque, como podemos ver, denota ao mesmo tempo uma grande ignorância em geral e um grande preconceito na contra tudo o que esteja associado com a cultura árabe.

A pesquisa perguntou diretamente a 3 mil 624 pessoas se os números arábicos deveriam fazer parte da grade de ensino das escolas americanas. Dentre elas, cerca de 55% respondeu categoricamente que não, 29% respondeu que sim e 15% disse não ter opinião.

Como sabemos, os chamados números arábicos não são outros mais que os símbolos que usamos todos os dias na cultura ocidental para indicar as cifras, do 0 ao 9, e são sem dúvida uma das invenções mais geniais do ser humano. Esta anotação não é originalmente arábica (tudo indica que se originou na Índia), mas foi graças a seu uso estendido nos países árabes que os números chegaram a Europa e a partir de então passaram a fazer parte indiscutível da expressão matemática.

Nesse sentido, é possível que se a opinião majoritária da população questionada por CivicScience se tornasse realidade, os alunos e mestres das escolas dos Estados Unidos se veriam em um sério problema, pois não parece fácil pensar em um substituto tão efetivo para a matemática como a notação arábica.

Além da notação chamada arábica, a matemática também deve às universidades e os estudiosos de origem árabe disciplinas como a álgebra ou elementos matemáticos hoje em dia fundamentais como os algoritmos. Ademais, boa parte da filosofia ocidental antiga -especialmente a de autores da Grécia clássica- foi resgatada do esquecimento graças às traduções feitas em universidades árabes. Outros elementos de nossa cultura como o café, a higiene corporal -desconhecida em Europa durante toda a Idade Média- ou diversos avanços no conhecimento da medicina e anatomia, também se devem a seu cultivo no seio da civilização árabe.