Casal abandona filha adotiva ao descobrir que era uma mulher de 22 anos com nanismo que 'queria matá-los'

Kristine e seu ex-marido Michael Barnett foram acusados de abandonar a filha adotiva faz seis anos. A razão? Segundo depoimentos, Natalia não era uma menina senão uma mulher com nanismo e graves problemas mentais que queria matá-los. A história publicada pelo Mail Online conta como em 2010 os Barnett aceitaram a adoção de emergência de uma menina ucraniana de 6 anos chamada Natalia Grace, que tinha sido abandonado pela última família por razões desconhecidas.

A versão dos pais adotivos

Dada a situação, os Barnett tiveram apenas 24 horas para conhecer à menina e assinar os papéis. Kristine explicou que, desde o princípio, suspeitou que a idade real de sua filha não correspondia com a que disseram, entre outras coisas, porque durante um banho viu um estado de desenvolvimento sexual muito avançado para a suposta idade de Natalia:

- "Ela tinha pelos púbicos e nos disseram que tinha 6 anos, mas isso deixava claro que não podia ser assim."

Mas as explicações em torno de por que abandonaram a filha vão bem mais além. Além do argumento anterior que evidenciava uma idade mais avançada, os Barnett falam que a menina se comportava de uma forma muito estranha. Comentam que várias vezes ela tentou envenená-los colocando água sanitária no café e que costumava passar as noites de pé junto a cama do casal. Os comportamentos anteriores, somados a alguns desenhos onde a menina rabiscava os pais adotivos mortos e enterrados no jardim levaram à família a pedir ajuda psiquiátrica.

A família Barnett já sabia que Natalia tinha displasia espôndilo-metafisária, uma doença óssea que se caracteriza, entre outras coisas, por apresentar um tipo de nanismo e anomalias em articulações como a do fêmur e tíbia. Em 2012 e depois de várias visitas no centro psiquiátrico St Vincent de Indianápolis, um dos terapeutas assegurou à família que Natalia não só não tinha 8 anos -idade que deveria apresentar dois anos após a adoção-, senão que superava os 18.

Neste mesmo ano o Tribunal Superior de Indianápolis aceitou a demanda dos Barnett onde solicitavam que Natalia devia receber um tratamento psiquiátrico para adultos. Para comprovar fizeram várias testes que determinaram, finalmente, que a menina não era tão menina: ela nasceu em 1989 e não em 2003 e naquele momento tinha 23 anos e não 9.

Abandono, fuga para o Canadá e processo

Uma vez que o tribunal de Indianápolis reconheceu que Natalia era uma mulher adulta, em 2013, a família Barnett se mudou a Waterloo, em Ontário, Canadá, para perseguir o sonho acadêmico de seu filho Jake, um menino com autismo que resultou ser um prodígio em Física e Matemática. De fato, a própria Kristine Barnett escreveu um par de livros onde fala de como conseguiu superar o autismo de seu filho.

Apesar de que o tribunal determinou que Natalia era uma mulher adulta, a família Barnett decidiu alugar uma casa em Indiana para ela, pagar um seguro de saúde e ajudá-la economicamente. No entanto, parte dos depoimentos policiais contradizem a versão da mãe a quem acusam de abandono junto a seu ex-marido -divorciados em 2014-. Os alarmes soaram quando em 2014 Natalia ia ser despejada da casa em que vivia, por falta de pagamento por mais de um ano.

Os acontecimentos que foram ocorrendo nos últimos cinco anos são muito menos específicos que as descrições dadas por Kristine Barnett ao meio britânico. Fontes anônimas da polícia contaram que Natalia tinha sido vista com alguns vizinhos de Lafayette depois de abandonar a casa em que supostamente estava morando. Posteriormente, em 2016 e segundo contam documentos judiciais, outra família mostrou interesse na adoção de Natalia, algo que não se sustenta se levarmos em conta que o próprio tribunal de Indianápolis reconheceu que ela tinha nascido em 1989 .

Por muito que a própria mãe faça questão de dizer que sua filha adotiva era em realidade uma adulta que queria matá-la, a incógnita da idade segue sem solução. O registro feito na justiça de Indianápolis evidencia como os Barnett tentaram demonstrar em repetidas ocasiões que a idade de sua filha era superior à que aparecia na certidão de nascimento. Ademais, a veracidade do relatório que assegura que nasceu em 1989 e não em 2003 foi colocada em dúvida em várias ocasiões por falta de provas específicas.

Como consequência, os Barnett foram acusados na semana passada por negligência grave, algo que a própria Kristine diz não entender em um post do Facebook já que alega que o próprio Estado que a acusa é o que sustenta que Natalia é adulta. Por outro lado, ainda não sabem se o processo interposto é por abandono de menor ou de incapaz, algo que poderia ser possível tendo em conta que seguem tendo dúvidas sobre a idade real da adotada.

O paralelismo com "A Órfã"

Em 2009 Leonardo Dicaprio produziu um filme baseado em uma história real muito similar da supostamente vivida pelos Barnett. "A Órfã" abordava a vida de Esther, uma mulher de 33 anos que aparentava 8 por causa de um transtorno do crescimento conhecido como hipopituitarismo. A trama do filme é baseada na história real de Barbara Skrlova, uma mulher tcheca com o mesmo problema e um grave quadro de psicopatia.

Tanto o filme como a história real narram como a protagonista devido aos problemas mentais que padece se faz passar por uma menina que consegue ser adotada por várias famílias. E esta trama é precisamente a que descreve Kristen Barnett em suas declarações. De fato, tais são os paralelismos das histórias que vários usuários em redes sociais fizeram alusão ao filme. E não é para menos se levarmos em conta que parte das afirmações da mãe adotiva gira em torno de como sua filha reconhecia querer matá-los ou se dedicava a pintar os espelhos com sangue.

No meio desta cronologia de filme de série B, Michael e Kristine Barnett entregaram-se à polícia na semana passada dado o processo por negligência por abandono apresentado contra eles. Como resultado e para poder continuar em liberdade até que saia o julgamento, eles tiveram que pagar uma fiança de 5.500 dólares cada um.

Por outro lado, o paradeiro de Natalia continua sendo desconhecido e ninguém sabe por que esta acusação chegou agora e não em 2014 quando a suposta menina/adulta foi despejada.

Fonte: Mail Online.