Imagine um carro que acomode onze passageiros, responda bem a aceleração, tenha excelente eficiência de combustível e viaje alegremente a 160 quilômetros por hora. Um homem chamado Buckminster "Bucky" Fuller imaginou e projetou esse carro e, em 1933, vários protótipos totalmente funcionais foram construídos para a Chrysler. Esse veículo aerodinâmico e um pouco feioso foi chamado de Dymaxion. |
Henry Ford deu a Bucky Fuller alguns de seus primeiros motores V-8 para experimentar, o que, juntamente com o design leve e aerodinâmico do Dymaxion, deu ao carro sua velocidade de cruzeiro apreciável.
Ele também fazia cerca de 13 quilômetros por litro, o que era extraordinário em sua época. O carro com tração dianteira tinha quase 6 metros de comprimento, mas podia fazer curvas apertadas devido à sua configuração exclusiva de roda; havia duas rodas fixas na frente e uma única roda orientável na traseira.
Esse desenho tornava o carro ágil, apesar de seu tamanho, capaz de fazer facilmente as curvas e estacionar em paralelo como um sonho. Mas isso tornava a direção um pouco contraintuitiva às vezes, principalmente ao tentar compensar um vento cruzado. Foi seu sistema de direção incomum que acabaria provocando o fim do projeto.
Bucky Fuller tinha ambições ainda maiores para o Dymaxion, planejando adicionar um jato quando ligas e motores adequados se tornassem disponíveis. Mas esse carro do futuro nunca teve que sair do chão para impressionar e surpreender, era uma maravilha da engenharia automotiva.
Os poucos que viram o carro funcionando não tiveram nenhuma dúvida de que este veículo -que não se parecia em nada com um automóvel típico dos anos 30- era um verdadeiro exemplo do Carro do Amanhã.
Em 1933, um dos protótipos participou da feira mundial de carros de Chicago exibindo suas novidades. Mas foi lá que o Dymaxion se envolveu em um acidente fatal, provavelmente devido ao sistema de direção, matando o motorista e causando ferimentos graves nos outros dois passageiros.
O carro tombou e, ainda que o motorista usasse cinto de segurança, o teto do protótipo não oferecia proteção suficiente. A causa do acidente não foi esclarecida na época, ainda que Buckminster Fuller afirmasse que o acidente fora causado pela ação de outro veículo que seguia o Dymaxion a curta distância. Esse acidente fez com que os investidores abandonassem o projeto após uma enxurrada de publicidade negativa.
Mais tarde, o Dymaxion foi exonerado quando uma investigação mostrou que o outro motorista provavelmente estava errado, mas os danos causados pela publicidade negativa já haviam condenado o projeto à sucata da história.
Alguns anos depois, em um livro chamado "The Age of Heretics", o escritor Art Kleiner afirmou que a verdadeira razão do fim do Dymaxion foi que a Chrysler foi forçada por seus banqueiros a abandonar o projeto. Supostamente, os banqueiros ameaçaram suspender seus financiamentos porque sentiram que o carro superaria o mercado automobilístico e destruiria as vendas de veículos já nos canais de distribuição. Provavelmente nunca teremos certeza.
Apenas um dos 3 protótipos originais sobreviveu a seu tempo. Ele encontra-se na Coleção Harrah do National Automobile Museum de Reno, no estado americano de Nevada. O exterior foi completamente restaurado, ainda que seja uma carroceria vazia, pois ninguém sabe ao certo como era o interior do Dymaxion.
Ainda que os carros Dymaxion não chegaram a ser produzidos em escala industrial, influenciaram outros desenhos. A Kombi, por exemplo, lembra um pouco o seu desenho, e o conceito de Buckminster Fuller de obter uma ótima eficiência com base na aerodinâmica e empregar os materiais mais adequados segue inspirando o desenho de veículos como o protótipo do carro híbrido Aptera, que, como o Dymaxion, tem três rodas, ultraleve, aerodinâmico e de consumo eficiente.
O reputado arquiteto Norman Foster, declarado admirador de Buckminster Fuller, retomou este projeto inacabado em 2010 para prototipar uma quarta versão do Dymaxion. O carro chegou a ser apresentado na exposição "Bucky Fuller and Spaceship Earth", realizada em Ivorypress, Madrid, mas, ao que tudo indica, o projeto morreu na casca.
De qualquer forma, o carro acabou, com a passagem dos anos, conquistando muitos fãs e há algumas réplicas do Dymaxion pelo mundo, cada uma com o design criado pelo proprietário. segundo o que ele aprendeu com os projetos do carro.
Curiosamente, a palavra "Dymaxion" não é uma marca exclusiva do automóvel senão uma marca que Buckminster Fuller usou em muitas das suas invenções. É uma abreviatura de "dynamic maximum tension" (tensão máxima dinâmica) que ele empregou para muitas das suas invenções nas décadas seguintes, como a casa Dymaxion, o mapa Dymaxion, assim como o automóvel.
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Comentários
Não pode comparar com a kombi, pois a aerodinamica é muitas vezes melhor.
sensacional! fiquei com vontade de ter um! uma pena esse projeto não ter ido pra frente.