A professora de biologia e bióloga de campo Emily Taylor contou recentemente, por meio de uma thread no Twitter, a história daquela noite em que estava sozinha no bleu total do deserto do Arizona fazendo rastreamento de cobras e sentiu a presença de algo que ela desconhecia. Agora, uma mulher que rastreia cascavéis não é uma pessoa que entra em pânico sem motivo, certo? Mas à medida que a história se desenrola, ela não apenas fica mais assustadora, como também se torna cada vez mais crível pela maneira como ela conta. |
Emily conta que, como pesquisadora de campo, viu algumas coisas assustadoras aconteceram com ela no passado e que é possível encontrar coisas bem estranhas à noite no deserto. Aproveitando a ocasião do Halloween ela contou sua história, que traduzimos integralmente na sequência:
Eu rastreei cascavéis por anos no Arizona e certa vez eu fiquei sentindo um cheiro estranho a noite toda. Era almiscarado, selvagem e forte, mas eu não consegui identificar do que era.
O cheiro surgiu quando eu localizei uma cobra no fundo de uma área rochosa para a qual nunca tinha ido antes. Quando contornei um grande rochedo fui atingida de cheio no rosto pelo fedor.
Eu acabara de encontrar um covil onde um grande mamífero provavelmente dormia, pois a pilha de folhas no chão estava toda achatada, o cheiro era penetrante e havia grandes pegadas na terra. Mais do que depressa sai dali. Eu hein... a destemida cientista que estuda grandes cascavéis, estava completamente apavorada por tropeçar na cama vazia de uma grande criatura desconhecida.
Mais tarde, naquela noite, eu voltei a rastrear algumas cobras na área desértica. O cheiro continuava batendo nas minhas narinas e em dado momento cheirei minha camisa pensando:
- "Estou super fedida hoje?" Não. Quero dizer, eu estava catinguenta, mas esse cheiro não vinha de mim. Era o cheiro daquele covil que parecia ter impregnado em tudo a minha volta. Olhei para um lado, para o outro, me virei, mas é claro que não vi nada. Minha lanterna iluminou a área ao meu redor a poucos metros, e tudo fora daquele anel era puro bleu. Eu estava sozinha.
Feito o rastreamento de cobras daquela noite, voltei à minha caminhonete por volta das 2 da madrugada. Peguei meu saco de dormir e me joguei no chão do deserto, como era minha rotina. Eu devia acordar às 6 da manhã para rastrear mais cobras novamente.
Lembro-me de encarar as estrelas, começando a se afastar conforme o sono se apossava de meu corpo cansado, mas de repente ouvi um som e estava perto. Parecia vir de um charco do outro lado de um pequeno bosque de mesquite.
Até hoje não posso descrever adequadamente o som. Era sobrenatural. Era como um gemido alto e penetrante de angústia. Um grito feroz, gutural e feroz na escuridão total e completa. O melhor paralelo que consigo traçar é quase tão assustador quanto o próprio som: era como um cruzamento entre um animal sendo torturado e uma pessoa sendo violada, gritando, berrando de desespero. Pode parecer aterrorizante, mas era isso exatamente o que parecia.
Eu levantei do meu casulo por instantes, mas imediatamente me enrolei de volta, com o rosto na terra e fiquei lá, incapaz de ouvir qualquer coisa, exceto meu coração batendo no peito. Foi quando eu senti o fedor novamente, ainda mais forte do que quando involuntariamente encontrei o esconderijo. O cheiro do predador almiscarado literalmente me deu um soco no rosto.
Não consegui ver além dos mesquites, mas eu nem precisava. Eu podia ouvir e cheirar e estava aproximadamente a uns 20 metros de distância de mim.
Nunca recolhi meu equipamento tão rápido e nem pisei na embreagem tão fundo do que aquela noite. Enquanto me afastava, sem um trilha existente, sai atropelando arbustos e pedras que encontrava pelo caminho, que eu mesmo fazia, e provavelmente deixei algumas partes importantes da minha caminhonete no deserto.
A vários quilômetros de distância, parei para respirar, checar minha caminhonete e trocar de calcinha. :-) Que criatura eu acabara de encontrar? Será que era o Wendigo, uma criatura maligna e devoradora de homens de contos assustadores que meu pai me contava quando eu era pequena? Era o Chupacabra, que gosta de sugar sangue de animais à noite?
Eu sou bióloga, no entanto. Então, no dia seguinte, perguntei ao meu amigo mamologista o que tinha acontecido comigo. Ele ouviu, depois disse ansiosamente:
- "O barulho era assim?" E começou a fazer o som com a boca. Ele não conseguiu reproduzi-lo perfeitamente, mas era o som sim.
- "Sim, isso mesmo. Que diabos era isso?" A essa altura, eu já tinha minhas suspeitas, por via das dúvidas, e ele as confirmou. Eu tinha ouvido e cheirado um leão da montanha. Um adulto, dos grandes, possivelmente em busca de uma companheira a julgar por seus lamentos tristes. Ou talvez em busca de uma refeição para saciar a fome.
Foi quando me dei conta. Esse cheiro me atingiu repetidamente ao longo da noite. O maldito grande gato estava me rastreando enquanto eu rastreava cobras.
Eu acho que se eu tivesse realmente visto o leão, minha experiência teria sido menos assustadora. Os seres humanos são criaturas visuais. Estar na escuridão completa, com apenas o som e o cheiro daquele predador próximo para me avisar, me colocou diretamente no mundo sensorial do felino.
Jamais esquecerei aquele lamento penetrante ou aquele cheiro selvagem. Ou aquele sentimento de completa e absoluta exposição e desamparo. A sensação de estar presa.
Nunca mais ouvi aqueles gemidos, e aquela cobra nunca mais me levou para perto da toca. Mas, ocasionalmente, eu vi grandes pegadas de patas e, muito raramente, senti uma lufada daquele cheiro. Embora eu nunca tenha visto o grande gato, tenho certeza que ele me viu.
Dizem que os lamentos dos leões da montanha são realmente aterradores e que quem ouve uma vez jamais esquece. Os animais adultos muito grandes também desprendem uma fedentina inigualável quando estão à procura de uma fêmea para acasalar. Este cheiro lhe dá vantagem em potencial para encontrar uma parceira em relação aos animais mais jovens que não tem a fedentina.
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Comentários
Passei por um perrengue parecido mas aqui no Brasil, acampado no litoral do Paraná, anos atrás com vários amigos. Claro que, no meio da noite quando se ouve algo e não se sabe o que é, o cagaço é imensamente maior. Dias depois, fiquei sabendo que era um queixada, ou porco do mato, são bravos e perigosos...
Eu tenho uma historia melhor, que tinha esquecido, e quando me contaram, nem eu acreditei que seria possivel.