Lembram da brincadeira do telefone sem fio em que as pessoas se revezam sussurrando uma mensagem no ouvido da próxima pessoa na fila? Quando a última pessoa fala em voz alta, a mensagem mudou radicalmente, porque a primeira mensagem vai sendo alterada a cada recontagem. Acontece que nossa memória é uma colcha de retalhos muito parecida com a brincadeira, de acordo com um estudo de neurocientistas da Northwestern Medicine, no Journal of Neuroscience, em 2012. |
Toda vez que você se lembra de um evento do passado, suas redes cerebrais mudam de maneiras que podem alterar a lembrança posterior do evento. Assim, na próxima vez que você se lembrar, poderá não se lembrar do evento original, mas do que se lembrou da vez anterior.
Dito de outra forma, uma memória não é simplesmente uma imagem produzida pelo tempo que volta ao evento original, senão que pode ser uma imagem que está um pouco distorcida por causa das vezes anteriores em que você se lembrou dela. É assim que nossa memória de um evento pode se tornar menos precisa, a ponto de ser totalmente falsa a cada vez que lembramos dele.
A razão desta distorção, segundo Donna Bridge, autora do estudo, é o fato de que as memórias humanas estão sempre se adaptando.
- "Memórias não são estáticas", observou ela. - "Se você se lembra de algo no contexto de um novo ambiente e tempo, ou se você está com um humor diferente, suas memórias podem integrar as novas informações."
Isso quer dizer que, se eu estiver de bom humor, feliz e por acaso tenha uma lembrança de um episódio triste, da próxima vez que me lembrar do mesmo fato ele será menos doído e vice e versa. Para entender isso veja este vídeo de uma brincadeira promovida pelo escritor e orador motivacional búlgaro July Tonkin em uma de suas palestras. Cada pessoa da corrente acrescenta um ruído na fila e "andar de moto" se transforma em um passo de dança e termina em uma sessão de limpeza de vidro.
Da mesma forma funciona o nosso cérebro com nossas memórias, que normalmente mudam ao longo do tempo, às vezes se distorcendo. Quando você pensa em um evento que aconteceu com você há muito tempo -por exemplo, seu primeiro dia na escola-, na verdade você pode estar se lembrando de informações que recuperou sobre esse evento mais tarde, não do evento original.
O fato é que nunca voltaremos a um momento vivido, como nunca pisaremos a mesma onda ou nadaremos no mesmo rio. As ocasiões em que ruminamos uma lembrança, uma e outra vez, estamos criando uma nova recordação, que pouco ou nada tem a ver com seu ponto de partida. Assim é bom considerar e escolher que lembranças recordar e quando.
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