Gênio que inventou o sistema para limpar oceanos, agora criou barcaças movidas a energia solar que limpam rios

Ás vezes, falamos mal dos milênicos por puro conflito e incompatibilidade entre gerações. A verdade é que a minha, a sua e todas as gerações de jovens mereceram cada crítica ou cada elogio em seu tempo. Se hoje temos parte da geração que faz "birra" ao reclamar dos problemas ambientais, faz mise en scène em questões ecológicas e sociais e no fim do dia vai para a casa confortável de papai e mamãe tomar leite com pêra, existem também aqueles que tomam em suas mãos as rédeas dos problemas e fazem alguma coisa para domá-los. Este é o caso de Boyan Slat, 25 anos.

Quando tinha 16 anos, este jovem holandês foi mergulhar no Mar Egeu e ficou horrorizado ao ver mais plástico do que peixe na costa e jurou a si mesmo que faria algo a respeito. Mal sabia ele, que dois anos mais tarde estaria começando o projeto Sistema 001, hoje a Ocean Cleanup, e criaria um dispositivo flutuante passivo que coleta plástico do mar. Mas ele não parou por ai e recentemente criou barcaças movidas a energia solar para pescar plástico dos rios e impedir que chegue aos oceanos.

Apesar da iniciativa ter se mostrado bem sucedida -em 2019 tinham acumulado milhões de quilos de lixo coletado e enviado à reciclagem-, o trabalho da ONG pode ser considerado ao de uma formiguinha, pois a Ocean Cleanup não conta com muito suporte financeiro e Boyan iniciou a organização com a missão de desenvolver tecnologia avançada que pudesse livrar os oceanos do plástico e desmontar e limpar particularmente a "Grande Porção de Lixo do Pacífico", um trecho de detritos marinhos que se estende da Califórnia ao Japão com uma área maior que o da França.

O sistema continua coletando lixo com a lei mais elementar da reciclagem, mas o problema é que o mundo continua jogando milhões de toneladas nos rios todos os anos, lixo este que vai parar nos oceanos. Foi ai que Boyan decidiu também atacar a fonte do problema e a Ocean Cleanup criou essa barcaça movida a energia solar, chamada Interceptor, que pode limpar 110 toneladas de lixo todos os dias, e depois trazer o resíduo para terra para reciclagem.

Espera-se que o Inceptor chegue a todos os rios mais poluentes do mundo até 2025. Mas, por enquanto, eles já estão trabalhando para limpar o rio Klang em Kuala Lumpur, na Malásia, e o Cengkareng em Jacarta, na Indonésia.

- "Nossa equipe permaneceu firme em sua determinação em resolver imensos desafios técnicos para chegar a esse ponto", disse Boyan. - "Embora ainda tenhamos muito mais trabalho a fazer, sou eternamente grato pelo comprometimento e dedicação da equipe à missão e espero continuar com a próxima fase de desenvolvimento."

Boyan Slat não se tornará um queridinho da imprensa e nem será indicado para o Nobel da Paz porque ele não escolheu o ativismo inócuo e com objetivos obscuros, senão a ações efetivas que visem verdadeiramente resolver os problemas. Por isso ele espera receber apoio nessa nova missão da Ocean Cleanup e pede que todos tentem criar consciência no máximo de pessoas sobre os rios poluentes e apelem aos governos locais à aplicação da medida.

Assim ele necessita de todos nós para que possa construir mais "Inceptors" e colocá-los nos rios que mais precisam de limpeza imediata. Visite a página da Ocean Cleanup e, se possível, faça uma doação.