Em dezembro de 2018, os pesquisadores do Parque Nacional Gir, na Índia, encontraram uma leoa que parecia ter adotado um filhote de leopardo como um dos seus. O filhote macho, com cerca de dois meses de idade, foi visto sendo cuidado e alimentado pela leoa, e brincando com seus dois filhotes biológicos, que tinham a mesma idade do leopardo. Esse raro caso de assistência social interespécie deixou os pesquisadores completamente confusos; publicado no jornal Ecosphere, eles descrevem o comportamento da leoa como claramente "bizarro". |
De uma perspectiva evolutiva, cuidar dos filhos de outro animal não faz muito sentido. Criar, cuidar, coletar alimentos para eles, garantir que fiquem seguros, exige muito tempo e energia, e geralmente é feito com o objetivo de propagar os próprios genes.
Não é inédito para os animais cuidar de filhotes não biológicos da mesma espécie, mas tais atos ajudam diretamente a aumentar o sucesso reprodutivo da vida do cuidador. As guepardas, por exemplo, são conhecidas por adotar filhotes machos órfãos que, quando atingem a idade adulta, formam grandes coalizões com os filhos da mãe.
Antes que essa leoa e seu filhote de leopardo entrassem em cena, havia apenas dois outros casos documentados de adoção entre espécies. Em 2006, os cientistas descreveram a adoção de um sagui por uma família de macacos-prego selvagens. Mais recentemente, uma mãe golfinho-nariz-de-garrafa cuidou de um filhote de baleia-cabeça-de-melão ao longo de mais de três anos. Mas nesses casos, segundo os pesquisadores, nenhum dos adotivos e adotados pertenciam a espécies que competem mutuamente. Leões e leopardos, por outro lado, competem pelos mesmos recursos na natureza e geralmente não gostam muito um do outro.
E, no entanto, a leoa, seus filhotes de leão e o bebê leopardo, todos se davam muito bem. Os pesquisadores pensaram que a família mista duraria apenas brevemente. Ao longo de um período de observação de 45 dias, no entanto, os pesquisadores viram o filhote de leopardo saindo com sua família adotiva em 29 dias diferentes.
Infelizmente o relacionamento parece ter chegado ao fim quando o bebê leopardo morreu. Em meados de 2019, seu corpo foi encontrado perto de uma lagoa, sem sinais de lesão sugerindo que não fora atacado. Uma necropsia, de fato, indicou que o filhote sofria de uma hérnia femoral congênita, o que significa que nasceu com um vaso sanguíneo abaulado na virilha que se rompeu, provavelmente causando sua morte.
As circunstâncias que levaram a essa adoção incomum de animais não são totalmente claras. Um dia depois que o filhote foi visto com a leoa, uma leoparda foi avistada no mesmo local; ela pode ter sido a mãe biológica do filhote, embora os pesquisadores não pudessem dizer com certeza se ela estava o amamentando. Talvez ela tenha abandonado o bebê, que foi posteriormente adotado pela leoa. Mas por que?
Os pesquisadores sugerem que é possível que a resposta da leoa tenha sido motivada por sua inexperiência. Aos cinco ou seis anos, ela era uma mãe relativamente jovem. Sua primeira ninhada de dois filhotes havia morrido muito jovem e, portanto, sua ninhada mais recente marcou sua primeira incursão na criação dos filhos. Além do mais, dado que ela amamentava com seus próprios filhotes, seus instintos maternos e hormonais poderiam ter anulado seu reconhecimento ou a falta dele para um filhote diferente.
O MDig precisa de sua ajuda.
Por favor, apóie o MDig com o valor que você puder e isso leva apenas um minuto. Obrigado!
Meios de fazer a sua contribuição:
- Faça um doação pelo Paypal clicando no seguinte link: Apoiar o MDig.
- Seja nosso patrão no Patreon clicando no seguinte link: Patreon do MDig.
- Pix MDig ID: c048e5ac-0172-45ed-b26a-910f9f4b1d0a
- Depósito direto em conta corrente do Banco do Brasil: Agência: 3543-2 / Conta corrente: 17364-9
- Depósito direto em conta corrente da Caixa Econômica: Agência: 1637 / Conta corrente: 000835148057-4 / Operação: 1288
Faça o seu comentário
Comentários