A mente humana segue sendo um lugar cheio de incógnitas para a ciência. Um exemplo disso podemos encontrar em um caso recentemente publicado sobre um geólogo, denominado de forma anônima como RFS, que sofreu uma lesão neurológica e passou a não poder perceber os números de 2 até 9. Sim, porque o homem ainda entendia as letras, símbolos e os números 0 e 1. Segundo explicou o autor principal do estudo, o cientista cognitivo da Universidade Johns Hopkins, Michael Mccluskey: |
- "Quando você olha um número, seu cérebro tem que 'ver' que é um número antes de que não possa vê-lo, é um verdadeiro paradoxo. Neste paper, o que fizemos foi tratar de pesquisar que processamento se realizou fora de seu conhecimento."
O paciente foi diagnosticado com uma rara doença cerebral degenerativa chamada síndrome corticobasal causada por um dano significativo em duas áreas do cérebro: córtex e os gânglios basais.
Contam os pesquisadores que aqueles que sofrem esta doença têm sintomas como problemas de memória, espasmos musculares e dificuldade para caminhar. No caso de RFS, também perdeu sua capacidade de perceber, descrever ou inclusive copiar a maioria dos números arábicos.
No seguinte vídeo publicado pelos pesquisadores, o paciente tenta copiar um "8" laranja, mas em seu lugar, desenha o que descreve como espagueti, com um fundo laranja:
Não foi o único experimento. Em outro, RFS tinha que pôr imagens ou palavras em (ou perto) de grandes cifras em bloco.
- "O paciente podia ver facilmente as imagens em letras equivalentes, mas não podia ver as imagens colocadas dentro dos números", explicam.
Finalmente, a equipe médica concluiu que o homem estava experimentando a estranha anomalia perceptiva. Segundo a investigação:
Dada a forma rara da metamorfopsia de RFS, como podemos estar seguros de que seu déficit é genuíno? Com qualquer déficit incomum, existe a possibilidade de que a disfunção subjacente seja psiquiátrica, psicológica ou 'funcional', em vez de uma deficiência básica de processos perceptuais e cognitivos.
Achamos que isto é pouco provável no presente caso por múltiplas razões [...] No momento de nosso estudo, RFS estava vendo um psiquiatra para que o ajudasse a adaptar a sua condição, e o psiquiatra não suspeitava que nenhum de seus sintomas perceptivos, cognitivos ou físicos refletisse um transtorno funcional. Ademais, o desempenho de RFS na discriminação de duas opções não ficou abaixo da casualidade, como com frequência se encontra em casos de déficits simulados.
O trabalho agora publicado foi longo, oito anos com o paciente onde chegaram a criar um sistema de números substitutos que RFS aprendeu a usar para continuar seu trabalho até sua aposentadoria alguns anos mais tarde.
Contudo, a equipe entendeu o que realmente estava ocorrendo quando estudaram o cérebro de RFS usando eletroencefalografia (EEG). Foi nesse momento quando o paciente olhou uma palavra e um rosto no meio de um monte de números. Não conseguiu dizer que tinha algo ali, mas os pesquisadores acham que seu cérebro sim. Porque estava completamente consciente de que tinha uma palavra ali, no entanto, seu cérebro não só detectava a presença de uma palavra, senão que identificava que palavra em particular.
- "Seu cérebro detectou o rosto nos dígitos sem que ele tivesse conhecimento dele. Estes resultados mostram que o cérebro de RFS está realizando um processamento complexo em ausência de consciência", concluem no estudo publicado pela revista PNAS.
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