Fulu Musiki, uma eclética e étnica banda congolesa, que faz música com lixo

Seria normal pensar que um lixão nos arredores de Kinshasa, capital da República Democrática do Congo, é um lugar muito estranho para encontrar inspiração. Mas para um músico congolês e fundador do grupo Fulu Muziki, este é o local ideal, porque, segundo ele mesmo diz, uma garrafa produz um bom som, canos de esgoto cortados em tamanhos diferentes proporcionam todas as notas musicais e qualquer outra coisa ali pode render uma boa música, com a vantagem que chama a atenção para o problema da gestão de resíduos na cidade.

A particularidade do Fulu Muziki, que se traduz como "música do lixo" no Lingala local, é que, em vez de comprar instrumentos, os membros do grupo criam seus próprios objetos a partir do lixo.

Ademais, os músicos também usam o lixo para criar seus figurinos e com suas músicas, os membros da banda esperam conscientizar o público sobre a necessidade de reciclagem.

Quando o algoritmo do Youtube me sugeriu um vídeo do grupo, eu ouvi alguns segundos e pensei: - "Mas que porra é essa? e muito provavelmente também seja essa a sua reação. Mas achei muito criativa a descrição da banda no seu canal do Youtube:

- "Fulu Miziki é uma coleção de artistas que veem diretamente de um futuro no qual os humanos estão reconciliados com a mãe-terra e consigo mesmos."

Então resolvi dar uma segunda chance, ver o vídeo novamente e gostei... muito. De fato, a música é um chiclete! Eu não sei definir o que eles estão cantando, principalmente porque a música no congo é uma zona (no bom sentido). Fora da África, qualquer música do Congo é conhecida como "soukous", mas lá eles mesmo não se arriscam a usar nenhum termo preferindo chamar sua música de "muziki na biso" ("nossa música").

Isto se deve ao fato de que a República Democrática do Congo foi formada diversos territórios controlados por grupo étnicos, que tinham pouco ou quase nada de comum entre eles. Mas cada um manteve a sua própria cultura e tradição populares, incluindo a música como forma de manter sua identidade.

O Fulu Muziki, por exemplo, pode não ter a solução para os vastos problemas de resíduos e lixos de Kinshasa, mas com essa mensagem positiva e uma música hipnótica, eles pelo menos conseguem conscientizar o crescente número de fãs leais. Aqui têm mais um!