A vacina experimental contra o coronavírus desenvolvida pelos Institutos Nacional da Saúde dos EUA (NIH, por suas siglas em inglês) e a empresa Moderna fortalece o sistema imunológico como esperavam, segundo um relatório publicado ontem na revista New England Journal of Medicine. Trata-se dos resultados da primeira fase de testes, iniciada em março. Os 45 participantes, de 18 a 55 anos de idade, receberam duas injeções, separadas por 28 dias. As doses variaram entre os três grupos em que foram divididos os voluntários. |
Ao observar o sangue dos voluntários, os cientistas descobriram que os títulos de anticorpos de união e neutralização induzidos pelo esquema de duas doses foram similares aos encontrados em amostras de soro convalescentes.
Quanto aos efeitos secundários, foram observados em mais da metade dos participantes, mas foram sintomas leves como fadiga, calafrios, dor de cabeça, mialgia e dor no lugar da injeção. Como resultado, opinam os pesquisadores, que os achados apóiam o desenvolvimento ulterior desta vacina, denominada mRNA-1273.
Por sua vez, a autora principal do relatório, a doutora Liza Jackson, de Kaiser Permanente Washington Research Institute, qualificou a primeira fase do teste como um componente essencial necessário para começar os ensaios que realmente poderão determinar se a vacina protege contra a infecção.
As provas em massa de mRNA-1273 serão iniciadas ao redor de 27 de julho com mais de 30.000 voluntários. Como já reportamos, os ensaios se dividem em cinco fases
- Estudo pré-clínico: os cientistas provam a vacina em animais como ratos ou macacos para ver se produz uma resposta imunológica. Neste momento, há mais de 135 vacinas ainda não testadas em humanos.
- Fase I, ensaio de segurança: os cientistas administram a vacina a um pequeno número de pessoas para avaliar sua segurança em diferentes doses e confirmar que estimule o sistema imune. Neste momento, há quinze vacinas em provas de segurança e dosagem.
- Fase II, ensaio estendido: os cientistas testam a vacina em centenas de pessoas divididas em grupos, como crianças e idosos, para comprovar se age de forma diferente em cada grupo. Também testam de maneira mais ampla sua segurança e sua capacidade para estimular o sistema imunológico. Neste momento, há onze vacinas em testes estendidos de segurança.
- Fase III, ensaio de efetividade: os cientistas administram a vacina a milhares de voluntários e dão placebo a um grupo de controle. Depois esperam a ver quantos se infectam em comparação com o grupo de controle. Esta fase pode determinar se a vacina protege contra o coronavírus. Neste momento, há quatro vacinas em testes estendidos de segurança, entre elas a que o governo brasileiro comprou 100 milhões de doses. São elas:
- A vacina da empresa britânico-sueca AstraZeneca e Universidade de Oxford que é baseada em um adenovírus de chimpanzé chamado ChAdOx1. A vacina está em um estudo de fase II/III na Inglaterra e estudos de fase III no Brasil e na África do Sul. O projeto pode entregar vacinas de emergência em outubro. Em junho, a AstraZeneca disse que sua capacidade total de produção é de dois bilhões de doses anuais.
- Depois de descobrir que uma vacina inativada contra vírus era segura e provocou uma resposta imune, a empresa estatal chinesa Sinopharm lançou testes de Fase III em julho nos Emirados Árabes Unidos, onde 15.000 pessoas estavam programadas para receber injeções.
- A empresa chinesa privada Sinovac Biotech está testando uma vacina inativada chamada CoronaVac. Em junho, a empresa anunciou que os ensaios da Fase I/II em 743 voluntários não encontraram efeitos adversos graves e produziram uma resposta imune. A Sinovac, em seguida, lançou um estudo de Fase III no Brasil em julho. A empresa também estava construindo uma instalação para fabricar até 100 milhões de doses anualmente.
- A vacina Bacillus Calmette-Guerin foi desenvolvida no início dos anos 1900 como uma proteção contra a tuberculose. O Instituto de Pesquisa Infantil Murdoch, na Austrália, está conduzindo um estudo de Fase III, e vários outros estudos estão em andamento para verificar se a vacina protege parcialmente contra o coronavírus.
- Aprovação: Os reguladores de cada país revisam os resultados dos ensaios e decidem se aprovam a vacina ou não. Neste momento, há uma vacina aprovada com limitações da empresa chinesa CanSino Biologics que desenvolveu uma vacina baseada em um adenovírus chamado Ad5, em parceria com o Instituto de Biologia da Academia de Ciências Médicas Militares do país. Em maio, eles publicaram resultados promissores de um estudo de segurança da Fase I. Dados não publicados dos ensaios da Fase II supostamente demonstraram que a vacina produziu uma forte resposta imune, levando os militares chineses a aprová-la em 25 de junho. Com efeito, como tudo que vem da China, ninguém sabe se esta vacina realmente funciona.
Na última semana a mídia nacional publicou o lançamento de uma vacina russa já no mês de agosto, mas curiosamente ninguém fala da vacina da AstraZeneca que pode ser a primeira a chegar. Como vemos, isso não corresponde a verdade. A vacina russa contra o coronavírus, desenvolvida pelo Ministério da Defesa da Rússia e pelo Centro Nacional de Pesquisa em Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya, passou esta semana pela fase 2 e, se tudo der certo, chega só em outubro se os prazos determinados forem cumpridos.
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