Hoje em dia podemos tomar fotos de quase qualquer evento e rapidamente compartilhar em nossas redes sociais. Ter acesso a Internet faz com que todos (ou quase todos) tenham muita mais visibilidade de maneira bem mais rápida. Através da rapidez parece que permite reafirmar a veracidade dos fatos. Um dos melhores exemplos nos meses recentes são as manifestações de pessoas que se autoproclamam "anticovid": pessoas que não usam máscaras porque acham que o vírus não existe ou que afirmam que foi inventado por certos grupos para controlar a humanidade. |
Muitos anticovids ou antimáscaras ou ainda covidiotas participam de manifestações, fazem fotos, gravam vídeos e rapidamente os compartilham em seus perfis nas redes sociais. No entanto, este fenômeno não é novo. Como já reportamos no artigo "Muitas pessoas se recusaram a usar máscaras na pandemia de gripe espanhola", ocorreu o mesmo durante a gripe espanhola, a pandemia viral que matou milhões de pessoas ao redor do mundo, inclusive mais pessoas do que as que morreram durante a Primeira Guerra Mundial.
Para lidar com a "Liga Anti-Máscara" as autoridades tiveram que criar uma campanha que louvava o uso de máscaras e a prática de boa higiene pessoal como demonstração de patriotismo e amor ao país. Pois foram obrigados a lançar mão da artimanha de novo, 100 anos depois.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na última segunda-feira em um tweet que usar máscaras faciais durante a pandemia do coronavírus é uma ação "patriótica", e acompanhou sua publicação de uma foto sua usando uma.
- "Estamos unidos em nosso esforço para derrotar o vírus invisível chinês, e muitas pessoas dizem que é patriótico usar uma máscara facial quando você não pode se distanciar socialmente. Não há ninguém mais patriótico do que eu, seu presidente favorito!", escreveu Trump, mostrando seu apoio a esta medida em um esforço para convencer os anti-máscaras, logo ele que por vários meses se negou a promover o uso das mesmas.
Mas em 1918 não existia Internet e junto com meios como o rádio ou os jornais, o cinema também era uma grande maneira de comunicar, representar e interpretar qualquer acontecimento ou fenômeno social. Naquela época só existia o cinema mudo; no entanto, a epidemia e as manifestações desatadas estavam ausentes do mundo cinematográfico. A respeito, Bryony Dixon escreve para o British Filme Institute (BFI):
- É espantoso pensar o invisível que foi a primeira pandemia na época do cinema nos registros do cinema. Além de um filme informativo, que sobrevive no Arquivo Nacional do BFI, a pandemia de gripe de 1918 não aparece no cinema britânico em absoluto. Não teve reportagens nos noticiários, e não fizeram filmes de ficção que sequer mencionassem as três ondas da pandemia que golpeou o país no último ano da Primeira Guerra Mundial e que mataria a duzentas mil pessoas [no Reino Unido e quinhentos milhões em todo mundo].
Isto não significa que não tenham feito filmes que tratassem os temas da praga e da peste, mas os acontecimentos desse presente foram totalmente ignorados do cinema. A única exceção foi o curta informativo dramatizado de "Doutor Wise", que o governo encomendou para que fosse lançado a nível nacional como informação de interesse público e para promover o uso de máscaras sanitárias.
O personagem Doutor Wise (que, literalmente, pode ser traduzido como "Doutor Sábio" tinha o senhor Brown como personagem principal. O senhor Brown tosse e espirra sobre seus colegas no escritório, faz o mesmo enquanto caminha pela rua e durante sua passagem pelo teatro infecta cem pessoas.
O senhor Brown não tem um bom final: uma série de letras aparecem na tela dando uma contagem do total de mortes nas cidades de Grã-Bretanha, bem como hoje em dia sabemos o número de mortes ao redor do mundo a cada hora.
O curta contém outros aspectos que atualmente poderíamos tomar como paralelismos com a situação pela qual atravessamos. Por exemplo, o premiê, Lloyd George, tal como Boris Johnson, foi hospitalizado durante dias com o vírus. Ademais, mostra uma sociedade ansiosa por regressar às atividades "normais". 100 anos depois há exorbitância
Graças às ferramentas virtuais hoje temos uma exorbitância de informação a um clique de distância a qualquer momento e hora. No entanto há quem prefira se portar como aquelas pobres pessoas de um século atrás, que precisavam estar em uma classe mais alta para ter a informação contida nestes único vídeo informativos.
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