A promotoria geral russa acaba de "resolver" um dos grandes enigmas das crônicas de acontecimentos paranormais do século XX. Segundo o organismo, eles chegaram enfim a uma resolução satisfatória aos eventos do passo de Dyatlov. Pese a isso, a ferida seguirá aberta: familiares dos falecidos e boa parte da comunidade "dyatlovérica" que estão pesquisando o tema faz décadas consideram suas respostas pobres, por não dizer enganosas. |
Que foi o "Incidente do Passo Dyatlov"? Nós já contamos a história completa no ano passado no artigo "Rússia reabre investigação sobre o bizarro Mistério do Passo Dyatlov, 60 anos depois", mas para quem não está disposto a ler, basicamente se tratou de um grupo de estudantes russos muito próximo de conseguir a condecoração mais alta por sua perícia no montanhismo quando desafiaram em 1959 os montes Urais. Sua intenção era cruzar Jolat Siajl, a Montanha da Morte, uma das rotas mais difíceis do globo.
Eles acabaram desaparecendo no citado trecho sem deixar rastro, e quando foram encontrados várias semanas depois estavam em posições insólitas, com roupas que não lhes correspondiam, algumas delas contaminadas por radiação, as barracas de campanha rasgadas, os diários de alguns sumiram bem como outros muitos elementos inquietantes que nutriram as páginas da internet e muito programas de televisão faz trinta anos.
Uma "força elementar irresistível": com essa expressão a história foi classificada como confidencial na década dos 60 nos primeiros registros oficiais sobre o acontecimento do que deve ter acontecido com os montanhistas. Essa foi a abstrata conclusão transmitida pelo Governo às famílias dos mortos em um período da história soviética que, recordemos, não era a mais propícia para que os cidadãos confiassem nas autoridades.
Grande parte da lenda foi alimentada, de fato, pelo secretismo que rodeou o incidente durante décadas. Após que as autoridades soviéticas enterrarem o ocorrido com aquela conclusão abstrata não se voltou a falar mais do tema. Até que em 1990, na época da abertura da URSS e a poucos meses de sua desintegração, Lev Ivanov, que tinha sido o principal investigador do caso, abriu a caixa de pandora.
Em um comentário em um jornal regional falou pela primeira vez do tema e reconheceu que os resultados da autópsia tinham lhe surpreendido, que tinha alguns pontos estranhos no ocorrido; entre eles, os relatórios de que tinham avistado várias "bolas de fogo" no céu aquela noite.
Com este texto, Ivanov pedia desculpas aos familiares dos excursionistas e assegurou que seus superiores tinham ordenado que ele tornasse os achados confidenciais e esquecesse de tudo. Comentou que tinha feito todo o possível, mas que naquele momento tinha uma força enorme no país para calar o episódio.
Liudmila Dubinina, Rustem Slobodin, Nikolai Thibeaux-Brignolle e Zinaída Kolmogórova.
Aquela publicação trouxe o mistério do Passo de Diatlov para as manchetes de novo. E começaram a brotar as lendas: desde que os jovens foram atacados por presos fugidos ou pelos mansi, até que foram assassinados por membros da KGB, que foram vítimas de um experimento militar secreto ou que alienígenas segaram suas vidas; também que se mataram entre eles. Inclusive teve quem conjecturou sobre as ondas de choque de um avião em vôo rasante. A história se tornou um fenômeno social dando lugar a séries, filmes e livros de todo tipo.
Alexander Kurennoi, porta-voz da promotoria geral, foi o encarregado da mais recente reabertura do caso, em 2019. Desde o primeiro momento anunciaram que só pesquisariam hipóteses concernentes à climatologia. E a conclusão é que a tragédia não ocorreu devido a uma placa de neve ou a um tornado, senão devido a uma avalanche.
A avalanche sempre esteve entre a teoria favorita das consideradas "factíveis", mas também não convenceu ninguém. Vários jornalistas, bem como os pouco familiares que ainda seguem vivos, duvidam desta versão: tratava-se de um grupo de jovens experimentados, que tinham dado amostras em todos seus registros de saber o que estavam fazendo. Desde seu ponto de vista, não faz sentido que os garotos fugissem na direção oposta à que tomaria qualquer montanhista.
Fica claro que com este último anúncio o Governo russo não conseguiu calar as teorias mais ponderadas pelos fãs e entusiastas do acontecimento, De fato muitos acreditam que a KGB e a promotoria enterraram a investigação. E os que chegaram depois deixaram crescer teorias sobre yetis ou extraterrestres para que se confundisse com a realidade. Ali ocorreu algo que podia causar dano à URSS e por isso foi ocultado, dizem.
No começo da trilha hoje tem um pequeno monumento de concreto com os nomes dos excursionistas e a data de sua morte onde é possível ler:
- "Em memória daqueles que se foram e nunca voltaram, chamamos este passo de montanha em sua honra: o Passo de Diatlov."
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