Ao longo dos séculos XVIII e XIX os avanços tecnológicos e científicos levaram a que diferentes campos do conhecimento avançassem como nunca antes tinham feito desde o início da própria civilização. Isto impulsionou a que todo tipo de aventureiros se lançassem aos cantos mais inóspitos do mundo para tentar revelar e estudar seus mistérios. Talvez a mais emblemática destas viagens científicas foi a travessia ao longo do mundo realizada por Charles Darwin a bordo do HMS Beagle, que deu pé a sua teoria da evolução. |
Girafa dormindo - O mistério sobre o sono das girafas durou varios séculos, e só foi resolvido em sua totalidade em 1996.
Ainda que menos conhecidas, mas igualmente importantes, foram as viagens pelo Caribe do ilustrador e naturalista Alexander Von Humboldt, a quem o próprio Darwin definiu como "o maior viajante cientista de todos os tempos".
Estas viagens, logicamente, muitas vezes criavam mais perguntas que respostas. Por exemplo, quando um grupo de navegadores capturaram os primeiros espécimes preservados dos seres que hoje denominamos como crinoideos, surgiu um debate entre os especialistas em seres marinhos sobre se aquilo era um animal ou planta.
Réplica do HMS Beagle.
Conquanto hoje sabemos que efetivamente os crinoides ou lírios-do-mar são seres pertencentes ao reino animália, do filo dos equinodermos e parentes das estrelas de mar, quando os mesmos foram introduzidos nos catálogos de seres marinhos das primeiras décadas do século XIX existia uma forte discussão a respeito da natureza destes seres, e alguns pesquisadores sugeriram que se tratavam de plantas.
Não obstante, e conquanto a discussão durou alguns anos, finalmente em 1821 J.S. Miller conseguiu estudar de perto estes seres, determinar que efetivamente eram equinodermos, e introduziu uma classificação correta em seu histórico catálogo de seres marinhos.
Fotografia de um crinoideo próximo à costa da ilha de Okinawa.
Talvez o mais curioso deste tipo de mistérios foi a dúvida, ou melhor dito o mito, que existiu durante vários séculos sobre se as girafas dormiam ou não. Ainda que pareça ilógico pensar que uma espécie animal "não dorme, este antigo mito perdurou n a humanidade ao longo dos séculos.
Efetivamente, devido a sua particular anatomia, as girafas têm um padrão de sono bastante diferente ao do resto dos mamíferos, dormindo de maneira intercalada em vários lapsos que só duram alguns poucos minutos. Isto levou a que durante praticamente milhares de anos, inclusive nos tempos do Império romano, achassem que as girafas não dormiam.
O mistério não foi resolvido até o ano de 1956, relativamente recente. Ano em que o zoólogo Bernhard Grzimek realizou um estudo nas girafas do Zoologico de Frankfurt e descobriu o singular padrão de sono das mesmas. Determinando que estas se deitam no chão, arqueiam seu longo pescoço e apóiam sua cabeça de um lado de seu corpo e dormem profundamente durante uns 2,5 a 6 minutos. Ato seguido se levantam e ao cabo de um tempo voltam a repetir o processo.
Conquanto o mistério foi resolvido, as girafas efetivamente dormiam como o resto dos animais, ainda existia uma grande dúvida entre os pesquisadores durante várias décadas sobre a brevidade do sono das girafas, já que inclusive somando todos os lapsos de 2,5 a 6 minutos estas dormiam menos de uma hora e meia por dia.
Foram necessárias outras quatro décadas até que o mistério foi resolvido em sua totalidade, quando em 1996 as pesquisadoras Irene Tobler e Barbara Schwierin do Instituto de Farmacologia de Zurique passaram 152 dias junto a oito girafas, cinco adultas, duas filhotes e uma juvenil, estudando seus hábitos e padrões de sono.
Durante seu estudo descobriram que, além dos lapsos de 2,5 a 6 minutos, as girafas também tinham a capacidade de dormir também em lapsos de alguns poucos minutos ficando paradas de pé. Com a particularidade que podiam manter os músculos de seu longo pescoço retesados durante o sono. Ao todo, segundo o estudo de Tobler e Schwierin, as girafas dormem uma média de 4,6 horas a cada 24 horas.
Um mistério milenar que foi resolvido depois de 152 dias de pesquisa.
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