O coronavírus poderia envelhecer o cérebro 10 anos ou diminuir o QI em pacientes recuperados

Pacientes que padeceram covid-19 poderiam sofrer um envelhecimento do cérebro de até 10 anos ou experimentar uma diminuição do coeficiente intelectual (QI), segundo um estudo da universidade do Colégio Imperial de Londres, no Reino Unido, publicado nesta terça-feira (27/10). Segundo reza o paper, pessoas que se recuperaram, incluídas as que já não reportavam sintomas, exibiam déficits cognitivos significativos quando eram controladas por idade, gênero, nível educativo, rendimentos, grupo racial-étnico e transtornos médicos preexistentes.

Ao analisar os dados de mais de 84.000 pessoas no Reino Unido, os pesquisadores descobriram que o vírus responsável pela covid-19 deixou consequências cognitivas crônicas em vários pacientes, incluídos vários que se consideravam recuperados.

A deterioração cognitiva pode afetar os pacientes recuperados em diversos graus e dependia da gravidade da doença. Por outro lado, por enquanto desconhecem se o dano é permanente ou quanto poderia durar o efeito.

Nos casos mais severos de paciente que foram tratados nos centros de cuidados intensivos ou precisaram de ventilação, o estudo, que ainda não foi revisado por pares, registrou uma queda de até 8,5 pontos no QI.

Cientistas, que não fizeram parte da pesquisa, alertam, no entanto, que os resultados deste estudo não deveriam ser concludentes, em particular porque não registraram os resultados dos testes cognitivos antes e após a doença.

- "A função cognitiva dos participantes não era conhecida antes da covid-19, e os resultados também não refletem uma recuperação em longo prazo, motivo pelo qual qualquer efeito sobre a cognição pode ser a curto prazo", indicou Joanna Wardlaw, professora de neuroimagen aplicada da Universidade de Edimburgo.