O Washington Post, um dos diários mais prestigiosos e respeitados do mundo, publicou um duríssimo editorial questionando a maneira que o regime chinês não permite aos pesquisadores chegarem até o fundo das origens do coronavírus, em uma tentativa por separar responsabilidades por seu péssimo manejo do surto em Wuhan, o epicentro da pandemia. A covid-19 já causou a morte de 1.857.852 pessoas, segundo os dados da Universidade Johns Hopkins, a entidade educacional que desde o começo faz um rastreamento detalhado das estatísticas da praga. |
Além do mais, em sua publicação, o jornal também ressuscitou uma antiga hipótese que enfureceu Pequim e que foi questionada por falta de evidências empíricas: a origem da doença pode ter sido artificial, sobretudo se levarmos em conta que o único país que lucrou com a praga foi a China.
Sob o título "Não podemos descobrir as origens da pandemia se a polícia do pensamento chinesa seguir vigiando os cientistas”, o editorial realçou a ocultação e o assédio que sofrem os pesquisadores e jornalistas independentes chineses para que não falem sobre o surto que conduziu à pandemia e que não foi administrado com perícia pelas autoridades sanitárias chinesas.
- "A essência da investigação científica é descobrir a verdade: fazer perguntas, buscar evidência, desenvolver hipótese, realizar experimentos e validar achados. O porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da China prometeu na quinta-feira que o país abordará a investigação sobre as origens do coronavírus com um 'espírito aberto, transparente e responsável'. Mas, o que ocorre se a investigação revelar algo que os líderes chineses não querem escutar ou revelar?", pergunta-se o WP, em relação ao grupo de especialistas da Organização Mundial de Saúde que deve desembarcar na China para investigar as origens novo coronavírus, nos próximos dias, um ano depois, tempo suficiente para que o regime chinês limpasse qualquer sujeira varrida para baixo do tapete.
- “O sistema autoritário da China é dirigido por um partido-Estado que exige obediência, não permite o livre fluxo de ideias e informação", continuou o contundente editorial. Ao mesmo tempo, acusou o regime conduzido por Xi Jinping de esconder a propagação do vírus nas primeiras semanas do surto em Wuhan. E recordou que uma investigação da Associated Press, publicada em 30 de dezembro, sugere fortemente que a China decidiu impor estritos controles políticos sobre a investigação a respeito das origens do vírus.
Com respeito a essa investigação da AP, o Washington Post reafirma que o regime criou uma força especial de investigação para controlar tudo o que tivesse a ver com as perícias que marcariam como e quando o vírus se originou que mantém em xeque o sistema sanitário de todo o mundo e suas economias.
- "A China criou um grupo de trabalho de alto nível para exercer controle sobre muitos aspectos da investigação do vírus, incluída a prevenção, os medicamentos, as vacinas, as origens do vírus e as rotas de transmissão", sublinha a equipe do editorial.
Ademais, os documentos internos do governo chinês obtidos pela investigação da Associated Press ressaltaram como era a vigilância verdadeiramente policial que Pequim exercia sobre os cientistas e jornalistas. Segundo o documento publicado pela equipe jornalística daquela agência, todo o material a ser publicado devia passar pelas "equipes de propaganda" e sua publicação sem autorização era terminantemente proibida.
- "O documento, caso marcado, não podia se tornar público, e isso se aplicava a todas as universidades, empresas e instituições médicas e de pesquisa. A comunicação e publicação da pesquisa tinha que ser orquestrada como 'um jogo de xadrez', que as equipes de propaganda e opinião pública deviam 'guiar a publicação', e advertia contra a publicação sem permissão. Esta é a visão da ciência do estado policial: obedecer", assinalou o Post.
- "Os cientistas disseram que o novo coronavírus provavelmente se originou na natureza com morcegos ou outro animal, talvez passando através de um hóspede intermediário antes de infectar uma pessoa. Se descobríssemos como tudo isso aconteceu, poderia ajudar muito a nos prepararmos e prevenirmos uma pandemia futura, sublinha o diário norte-americano.
No entanto, e em função do secretismo, o editorial do WP ressuscitou uma antiga hipótese sobre a origem do coronavírus que foi questionada em seu momento por falta de evidências:
- "Mas não devemos ignorar a possibilidade de que um acidente de laboratório ou uma vazamento inadvertido tenha causado o surto de coronavírus. A composição genética do coronavírus é similar a uma variante que se encontra nos morcegos. A pesquisa sobre os coronavírus de morcegos estava sendo realizada pelo Instituto de Virologia de Wuhan, que recolheu amostras de uma mina na província de Yunnan em 2012 e 2013", escreve o artigo, lembrando que no início de 2012, seis mineiros foram expostos a morcegos e suas fezes foram hospitalizados por uma doença similar, a grave síndrome respiratória aguda e três morreram.
A China negou uma fuga de laboratório ou que um acidente tenham causado o surto de Wuhan, mas sob os controles de alto nível que revelou Associated Press, as autoridades chinesas permitirão que cientistas estrangeiros façam perguntas livremente sobre a investigação e os métodos do Instituto de Virologia de Wuhan?
Por último, o diário destaca a intenção do regime de Pequim de tentar desviar o foco de atenção em Wuhan para poder responsabilizar outros países pelo surto de coronavírus.
- "Funcionário públicos chineses já estão contando sua história de que o vírus se iniciou em algum lugar além das fronteiras da China e chegou através de produtos importados", dizem os redatores. Este plano já tinha sido exposto pelo MDig semanas atrás no artigo "Tirando da reta: governo chinês sugere que a pandemia se originou na carne importada", quando a maquinaria jornalística de Pequim envolveu todos os seus desafetos. Sobrou acusações inclusive contra o Brasil.
Como dissemos logo acima, uma equipe da OMS, que pesquisa as origens do vírus, chegará logo a China, acompanhada de observadores internacionais. O que ocorrerá se um pesquisador encontrar o contrário? Será permitido que publique ou o grupo de trabalho da China decidirá que é uma verdade inconveniente? Uma investigação crível de como começou a pandemia requererá que a China seja completamente aberta e transparente, inclusive sobre o Instituto de Virologia de Wuhan.
De qualquer forma, esse tipo de questionamento não virá através da OMS, que já se pronunciou dizendo que o referido instituto não é o foco da investigação, o que aumenta ainda mais as suspeitas que Tedros Adhanom, diretor geral do organismo, tem laços bem estreitos com o regime chinês.
- "A presença da polícia do pensamento chinesa, que supervisiona a investigação científica, não pressagia nada de bom", concluiu o editorial.
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