A beleza e simplicidade íntima das figuras femininas desenhadas por Leonardo da Vinci

Na última semana, após falarmos sobre a capacidade e o talento que levou Leonardo da Vinci a desenhar incessantemente milhares de desenhos com as ferramentas mais simples que ele dispunha em sua época, me chamou a atenção, em especial, uma série de estudos que ele produziu sobre a figura feminina chamada "Estudo para a cabeça de uma mulher", com a palavra "mulher" sendo, às vezes, substituída pelo nome da modelo em questão que ele desenhava. A série fazia parte de seu "Tratado sobre a Pintura", onde o brilhante polímata dissertava qual a melhor pose de um retrato feminino.

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Segundo o gênio explicava, as mulheres deviam ser representadas em atitudes modestas e reservadas, com os joelhos bem próximos, os braços se aproximando ou dobrados sobre o corpo; suas cabeças olhando para baixo, e inclinando-se um pouco para um lado. Isso, segundo ele, era a forma mais perfeita de retratar a beleza feminina.

A Itália renascentista estava a séculos de distância de nossa cultura da fotografia e cinema, mas Leonardo buscou uma linguagem universal na pintura. Com perspectiva e outros elementos realistas, Leonardo tentou criar interpretações fiéis da vida. Em uma cultura anteriormente dominada por pinturas religiosas altamente figurativas e totalmente estranhas, o desejo de Leonardo de pintar coisas de forma realista era ousado e fresco. Este apelo à objetividade tornou-se o padrão para os pintores que o seguiram no século XVI.

Sem desleixo no que diz respeito às técnicas da época, Leonardo foi além de seu ensino ao fazer um estudo científico da luz e das sombras na natureza. Ele percebeu que os objetos não eram compostos de contornos, mas, na verdade, corpos tridimensionais definidos por luz e sombra. Conhecida como "claro-escuro", essa técnica deu a suas pinturas a qualidade suave e natural que fazia as pinturas mais antigas parecerem caricaturas e planas. Ele também viu que os detalhes e a cor de um objeto mudavam à medida que ele se afastava. Esta técnica, chamada sfumato, foi originalmente desenvolvida por pintores flamengos e venezianos, mas é claro que o Leonardo a transformou em uma ferramenta poderosa para criar atmosfera e profundidade.

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