A Lomatia tasmanica, comumente conhecida como Azevinho ou Lomatia-do-King, é uma planta incomum. Tem flores, mas não produz frutos nem sementes. O, às vezes, traduzido equivocadamente como azevinho-do-rei se propaga deixando cair um galho que cria raízes e que brota e se desenvolve muito lentamente como uma nova planta. Sem surpresa, todos os membros existentes da Lomatia tasmanica, consistindo de cerca de 500 a 600 plantas, são encontrados dentro de um estreito corredor de terra com pouco mais de um quilômetro de comprimento em uma área protegida no Parque Nacional do Sudoeste da Tasmânia. |
Como sua reprodução é vegetativa, todas as plantas desta colônia são geneticamente idênticas, tornando todo o bosque um clone. A planta vem se clonando há pelo menos 43.600 anos, e possivelmente até 135.000 anos. Isso torna a Lomatia tasmanica um dos mais antigos clones de plantas vivas.
A Lomatia tasmanica foi descoberta em 1934 pelo mineiro australiano Charles Denison King -daí o nome- enquanto explorava estanho no sopé da cordilheira de Bathurst, no sudoeste da Tasmânia. Ainda que ele próprio fosse um naturalista, não foi capaz de reconhecer a planta como uma espécie do gênero Lomatia. Ele não sabia que se tratava de uma nova espécie, nem suspeitava de sua extraordinária idade.
Em 1965, Charles encontrou outra população da mesma espécie a cerca de 5 km da primeira. O grupo de plantas original infelizmente morreu. Desta vez, ele enviou mudas da planta ao botânico Winifred Curtis, da Universidade da Tasmânia, para identificação. Winifred foi capaz de confirmar que era realmente uma nova espécie de Lomatia e a chamou de Lomatia tasmanica, mas mais popularmente é conhecida como Lomatia-do-King em homenagem a seu descobridor e não a nenhuma realeza.
O crescimento do azevinho-do-king é notavelmente lento. A dendrocronologia datou um pedaço da haste como tendo 240 anos, significando uma taxa de crescimento de apenas 0,26 mm por ano. Nesse ritmo glacial, essa planta poderia persistir em um local confinado por várias centenas ou milhares de anos. Na verdade, a datação por carbono de fragmentos de folhas fossilizadas rendeu a data de 43.600 anos.
Lomatia tasmanica está em perigo crítico. Há apenas um grupo remanescente de plantas espalhadas por cerca de 1,2 quilômetros de paisagem. Esta área está sujeita a incêndios e outras ameaças naturais, então a partir da década de 1990, a Tasmânia iniciou um esforço para desenvolver outras populações de Lomatia em ambientes controlados. Mas os esforços para cultivar a planta foram em grande parte um fracasso.
- "Ela não gosta de distúrbios nas raízes, então cada vez que a colocamos em um vaso, estamos perdendo plantas" explicou Natalie Tapson, da Escola de Ciências Vegetais da Universidade da Tasmânia.
A fragilidade de Lomatia tasmanica é surpreendente, visto que se propagou por milhares de anos. Natalie e seus colegas botânicos estão agora tentando enxertar lomatias-do-king nas raízes de uma espécie de planta semelhante.
- "Ao colocá-la em um porta-enxerto de raiz diferente, espera-se que, ao plantá-lo ou transferi-lo, você não terá essa perda porque a raiz do porta-enxerto de raiz é mais forte", disse Natalie.
A área, não revelada, em que a planta cresce é protegida pelo governo federal, encontrando-se totalmente dentro do Parque Nacional do Sudoeste da Tasmânia. O azevinho-do-king é tão delicado que espécimes da planta no Jardim Botânico Real não são exibidas ao público.
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