No começo da semana, o Governo japonês decidiu desaguar no mar mais de um milhão de toneladas de água contaminada de sua central nuclear, que foi destruída em março de 2011 pelo sismo mais forte já documentado no Japão e o devastador tsunami posterior. Nesse sentido, o vice premiê do Japão, Taro Aso, insistiu nesta sexta-feira que as águas residuais da central nuclear de Fukushima são seguras para beber após serem tratadas, defendendo assim os planos de seu país de verter ao mar o líquido com contaminantes radioativos. |
Vista aérea dos tanques de água tratada na central nuclear de Fukushima.
- "Estou seguro de que a água se diluirá para que a concentração de trítio seja uma sétima parte do nível seguro para a água potável segundo as diretrizes da Organização Mundial da Saúde", afirmou Aso em uma conferência de imprensa.
Sua declaração ocorreu pouco depois que o porta-voz da Chancelaria chinesa, Zhao Lijian, o desafiasse a "tomar um gole" da água de Fukushima, se ele realmente acha que esta é suficientemente segura para ser despejada no mar.
- "Não devem esperar que o mundo pague a fatura pelo tratamento de suas águas residuais. Um funcionário público japonês disse que a água está "Ok para beber", por que ele não toma um gole primeiro?", questionou Lijian.
O plano desatou a polémica na comunidade internacional, com críticas de países vizinhos como China e Coreia do Sul, grupos ambientalistas e comunidades pesqueiras locais. Segundo dica do amigo Rusmea, via Facebook, nem os japoneses engoliram essa história de "água radioativa potável".
Um mascote fofo com forma de trítio, um isótopo radioativo, criado pelo Governo japonês para uma campanha que procura explicar de forma lúdica que seu plano de despejar a água da central não causará danos ao meio ambiente se converteu em um grande alvo de críticas.
O folheto e o vídeo, que ilustram o trítio como o mascote de relações públicas Yurukyara, foram divulgados no começo da semana, logo após o governo ter decidido oficialmente lançar no oceano a água radioativa tratada, que continua a se multiplicar nas instalações da usina de energia nuclear.
A agência explicava no folheto e no vídeo que "há muito trítio no meio ambiente e será muito diluído quando for lançado no oceano". No entanto, tão logo o material foi divulgado, a agência recebeu uma torrente de reclamações por e-mail e telefonemas, bem como postagens nas redes sociais criticando o Yurukyara.
Riken Komatsu, 41, escritor envolvido em atividades de reconstrução em Iwaki, na prefeitura de Fukushima, disse que que os pescadores locais estão fazendo tudo o que podem para lutar contra a liberação da água contendo trítio no mar, com muitos residentes de Fukushima fazendo o possível para reprimir sua raiva. Segundo ele:
- "A lacuna entre a gravidade dos problemas que enfrentamos e a leviandade do personagem é enorme."
Devido a ira do público, a agência responsável pela campanha para deixar o trítio fofinho removeu de seu site e de outras mídias o panfleto e vídeo explicando o isótopo. O Yurukyara já não existe mais, mas ele deixou no ar uma questão inquietante ao afirmar que a liberação oceânica de água contendo trítio é uma prática padrão em usinas nucleares em todo o mundo.
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