'Fausilhagem': as torres de celular disfarçadas tentando se misturar com seu meio

A premiada fotógrafa Annette LeMay Burke topou pela primeira vez com uma torre de telefone celular disfarçada de árvore no início dos anos 2000. Ainda que viva em seu Vale do Silício natal, no norte da Califórnia, nos Estados Unidos, cercada por tecnologia, ela achou que aquela árvore parecia deslocada, menos porque aparentava ser falsa e mais, ironicamente, porque não combinava com os arredores, fazendo com que sua extensão fosse ainda mais óbvia e incongruente com a natureza. O que devia se ocultar, ficou mais destacado ainda.

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Este primeiro encontro com uma torre fazendo cosplay de árvore despertou seu interesse. Então, de 2015 a 2020, ela embarcou em uma série de viagens pelo oeste dos Estados Unidos para documentar essas estranhas criações feitas pelo homem, visando minimizar a poluição visual ao se misturar com o meio ambiente.

- "Embora eu tenha sido inicialmente atraída pelas aparências caprichosas das torres, quanto mais eu as fotografava, mais desconcertada me sentia que a tecnologia estava modificando clandestinamente nosso ambiente", escreve ela em seu ensaio no livro "Fauxliage", algo como "Falsilhagem", uma corruptela das palavras "falsa" e "folhagem". - "Comecei a explorar como essa natureza manufaturada impôs uma estética artificial em nossos bairros."

Nas suas andanças Annete acabou descobrindo que também há torres disfarçadas de mastros, cruzes, caixas de água que não retém água, moinhos de vento que não se movem com o vento e árvores que não fornecem oxigênio.São apenas simulacros, mas todos oferecem cinco barras de serviço de conexão.

Como dizíamos no início, a coisa toda é muito irônica porque os disfarces são tão conspícuos que, em vez de fornecer camuflagem, na verdade desmascaram suas verdadeiras identidades.

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Fonte: Fauxliage.