Todo amante de violão sabe muito bem que as cordas devem manter pouca diferença de altura em relação ao braço entre a pestana e o 12º traste. De fato, cada instrumento propicia um ajuste otimizado visando o equilíbrio entre cordas muito baixas confortáveis, que trastejam, e cordas muito altas, que são desconfortáveis, dependendo da forma como se encontra a relação de todas as partes envolvidas (braço, escala, corpo, cavalete, rastilho) em determinado instrumento. No entanto, quando o braço "embarriga" ou "empena", o destino do instrumento é quase sempre o lixo. |
Ainda que muitos luthiers consigam trazer o violão à vida novamente, trocando (ou condicionando com pesos) o braço, o instrumento jamais será o mesmo. Eu tinha até pouco tempo um Di Giorgio Série Ouro da velha escola, o mesmo recuperado pelo luteiro Mário Valença no vídeo abaixo. Eu cuidava tanto deste instrumento que, só o afinava quando ia tocar. Mantinha ele com as cordas frouxas, guardado dentro de um estojo, dentro de um armário.
Um dia descobri que os cupins tinham comido grande parte dele. Ainda tentei recuperá-lo eu mesmo, tratando a infestação e preenchendo os pequenos buracos com uma pasta de pó de cupim e goma laca. Seu aspecto ficou como novo. Deixei seu braço condicionando por quase duas semanas, mas quando fui colocá-lo descobri que seu tróculo estava podre. Com tristeza joguei o instrumento no lixo.
Os violões Di Giorgio Romeo não ocupam apenas espaço em um conjunto, eles preenchem uma sala perfeitamente bem por conta própria, com delicadas figuras digitadas ou grandes dedilhados retumbantes. Quem tem um, morre com ele, devido a sua gama tonal rica, quase sinfônica.
Reparar e manter um violão antigo, no entanto, é um troço delicado que requer um conhecimento íntimo da sua construção. Nem todo luthier está à altura da tarefa, mas como você pode ver no vídeo acima, o luteiro norueguês Lars Dalin tem experiência, paciência e conhecimento para desmontar e restaurar uma cabeça (e pescoço) à cauda de um clássico Martin D-28, o padrão de medida para todo dreadnought, porque foi o primeiro.
O vídeo de restauração do D-28 de Dalin não deve interessar apenas aos interessado a consertar violões. Nele, aprendemos sobre as características especiais da construção de um Martin que dão ao instrumento suas qualidades tonais especiais.
Para os mais interessados em guitarras elétricas, Dalin apresenta uma restauração de outro clássico que se tornou um ícone: a Fender Jazzmaster. Introduzidas em 1958, as guitarras não pegaram até a década de 1970, quando podiam ser compradas por um preço baixo em lojas de penhores por punks e pioneiros da nova onda.
O modelo 1960 acima é uma alegria de se ver e uma lição de construção, reparo e engenharia de violões como nenhum outro. Veja mais projetos de restauração de violões de Dalin em seu Instagram.
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