Em 1915, com uma câmera de filme inovadora, o ator russo Sacha Guitry percebeu que não haviam muitas imagens em movimento dos grandes mestres da arte. Foi quando decidiu filmar "Ceux de Chez Nous", ou "Aqueles de Nossa Terra". A primeira filmagem foi feita em 1915, dois anos antes da morte de Rodin. São várias sequências. A primeira mostra o artista na entrada com colunas de uma estrutura não identificada, seguida por uma breve cena dele posando em um jardim em algum lugar. |
O resto do filme, começando na marca de 53 segundos, foi claramente gravado no palaciano, mas dilapidado, Hôtel Biron, que Rodin estava usando como estúdio e segunda casa.
A mansão foi construída como residência privada no início do século 18 e serviu como escola católica para meninas de 1820 até cerca de 1904, quando se tornou ilegal o uso de dinheiro público para a educação religiosa. Quando a última das freiras foi embora, os quartos do Hôtel Biron foram alugados a um grupo diversificado de pessoas que incluía alguns artistas notáveis: Jean Cocteau, Isadora Duncan, Henri Matisse e Rainer Maria Rilke, que serviu por um tempo como secretário de Rodin. Fora a esposa de Rilke, a escultora Clara Westhoff Rilke, que contou a Rodin sobre o lugar pela primeira vez em 1909.
Rodin primeiro alugou quatro quartos no andar principal, mas ficou alarmado quando soube dos planos de vender a propriedade em pedaços aos incorporadores. Então, ele fez um acordo com o governo: em troca de legar todas as suas obras ao estado francês, o escultor teve permissão para ocupar a mansão pelo resto de sua vida, e depois que ele morreu, a propriedade se tornaria o Musée Rodin.
Quando Sacha Guitry e seu cinegrafista chegaram para filmar esta cena, Rodin era o único ocupante do Hôtel Biron. O filme mostra o artista de 74 anos caminhando nos degraus cobertos de ervas daninhas da mansão e trabalhando dentro, desbastando uma estátua de mármore com um martelo e cinzel. Quando Rodin foi questionado uma vez sobre como ele criva suas estátuas, ele disse: - "Eu escolho um bloco de mármore e corto o que quer que seja que eu não preciso."
A gente tem uma sensação meio estranha em ver estes mestres da arte trabalhando, já que suas obras fazem pensar que eles nunca viveram entre nós. Por exemplo, talvez você nunca mais olhe para uma pintura de Pierre-August Renoir da mesma maneira depois de ver este filme de três minutos. Não apareceu em suas obras, mas Renoir sofria de artrite reumatóide severa durante as últimas três décadas de sua vida. Ele trabalhava quase sempre com dores constantes, até o dia em que morreu.
Nesta rara filmagem de 1915, vemos o mestre de 74 anos sentado em seu cavalete, aplicando tinta em uma tela enquanto seu filho mais novo, Claude, de 14 anos, prepara a paleta e coloca o pincel na mão permanentemente fechada do pai.
Na época em que o filme foi feito, Renoir não conseguia mais andar, mesmo com muletas. Ele dependia de outras pessoas para movê-lo em uma cadeira de rodas. Seus assistentes rolavam grandes telas em um cavalete feito sob medida, de modo que o pintor sentado pudesse alcançar diferentes áreas com seus movimentos limitados de braço.
No próximo vídeo temos uma imagem mais idílica do pintor impressionista francês em seus anos dourados: Claude Monet em um dia ensolarado em seu belo jardim em Giverny. Mais uma vez, a filmagem foi produzida por Sacha Guitry para seu projeto "Ceux de Chez Nous".
Foi filmado no verão de 1915, quando Monet tinha 74 anos. Não foi a melhor época da vida de Monet. Sua segunda esposa e seu filho mais velho morreram nos anos anteriores, e sua visão estava piorando progressivamente devido à catarata. Mas, apesar dos contratempos emocionais e físicos, Monet logo se recuperaria, tornando a última década de sua vida (ele morreu em 1926 aos 86 anos) um período extremamente produtivo no qual pintou muitos de seus estudos mais famosos sobre nenúfares.
No início do clipe, vemos Sacha e Monet conversando. Em seguida, Monet pinta em uma grande tela ao lado de um lago com lírios. É uma pena que a câmera não mostre a pintura em que Monet está trabalhando, mas é fascinante ver o grande artista todo vestido de branco, um cigarro pendurado nos lábios, pintando em seu lindo jardim.
Edgar Degas estava quase cego quando este filme foi feito em 1915. O grande pintor impressionista francês começou a perder a visão na casa dos trinta, quando se tornou extremamente sensível à luz e experimentou uma perda de visão no olho direito. Degas desenvolveu pontos cegos em ambos os olhos e, aos 40 anos, havia perdido uma parte significativa de sua visão central.
Pintar era uma luta. A insuportabilidade da luz forte forçou Degas a trabalhar dentro de casa e, eventualmente, tinha que pedir ajuda a seus modelos para identificar as cores. Aos 57 anos, não conseguia mais ler.
- "É horrível não poder ver mais claramente. Tenho que desistir de desenhar e pintar e há anos que me contento com a escultura, dizia Degas no final de sua vida. - "Mas se minha visão continuar a escurecer, não serei mais capaz de modelar. O que farei com meus dias então?"
Em 1912, Degas teve que abandonar totalmente a arte e ocupava seus dias fazendo longas caminhadas por Paris. Quando o jovem ator Sacha Guitry abordou o artista aposentado sobre sua participação em seu filme, Degas se recusou terminantemente a participar. Abusado, Sacha se tornou uma espécie de paparazzi pioneiro: ele montou sua câmera perto da casa de Degas no Boulevard de Clichy e esperou na emboscada que o homem de 81 anos passasse em uma de suas caminhadas regulares.
O filme resultante é breve, mas fascinante. O grande pintor passeia com uma ajudante, chapéu-coco na cabeça e sobretudo dobrado debaixo do braço, usando um guarda-chuva como bengala. Quando ele se aproxima da câmera, podemos ver que Degas está usando os óculos escuros que costumava usar para proteger o que restava de sua visão da forte luz do dia. Quando o velho chega à borda da moldura, a mão da mulher segura seu braço e ele vai embora.
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