O ataque de um cervo a uma domadora reaviva a política com respeito ao uso de animais nos circos russos

Um cervo atacou a sua domadora em pleno espetáculo de circo na cidade russa de Barnaul, krai de Altai. O incidente foi registrado em vídeo pelos espectadores e compartilhado recentemente nas redes sociais. As imagens mostram o momento em que o animal se lança de repente contra a mulher e tenta corneá-la. A mulher consegue conter o ataque com as mãos e se proteger com a borda da arena, até que dois membros do circo tentam acalmar e imobilizar ao cervídeo. Em entrevista com a imprensa local, a administração do espetáculo afirmou que a domadora só resultou com leves arranhões e que o cervo não foi castigado por seu comportamento.

Segundo informaram, a reação do veado foi produto de uma má localização dos acessórios para seu número, o que provocou que se sentisse assustado. Assim mesmo, sublinharam que este tipo de acidentes são muito raros e que os animais costumam se comportar com tranquilidade sem necessidade de sedá-los.

- "Por que teríamos que castigá-lo? Não foi sua culpa que as coisas tenham ocorreram assim", afirmou o porta-voz do circo.

Não obstante, o fato reabriu o debate na Rede sobre o uso de animais em espetáculos circenses na Rússia. Alguns internautas duvidaram do valor estético deste tipo de apresentações e expressaram sua preocupação pelo estado do cervo, além do risco de que sua arremetida pudesse ter provocado uma tragédia, já que facilmente teria acesso ao público.

Imagens de outro número do mesmo espetáculo, desta vez consistia em elevar vários metros um leopardo que se sujeita a um trapézio com os dentes e as garras, também desataram comentários negativos dos internautas que fazem questão de chamar a atenção dos legisladores para conseguir regulamentos que acabem com essa "crueldade".

Na Rússia relatam com frequência incidentes envolvendo animais e adestradores nos circos ambulantes. Em maio, um domador resultou ferido ao ser atacado por uma leoa durante um espetáculo na região de Novosibirsk. Em março, dois elefantes brigaram em plena atuação em um circo repleto de gente, provocando a fuga do público.

Neste contexto, o tema da proibição destes eventos vem sendo discutido faz tempo a nível federal à medida que no resto do mundo cada vez é maior a rejeição para essas práticas. Ainda que ainda não exista uma legislação concreta, em janeiro de 2020 entrou em vigor no país uma emenda que proíbe os zoológicos de contato, lugares nos quais os visitantes podem acariciar os animais.

Na maioria dos países do mundo, os espetáculos circenses com animais já são proibidos, seja de forma tácita ou legal. Os próprios circos, como o alemão Roncalli já despertaram para essa nova realidade. Eles substituíram cavalos e elefantes vivos por animais holográficos que são projetados no picadeiro do espetáculo. Para o Circus Roncalli, é um sinal dos tempos. As tendas não são mais montadas em prados, mas em estacionamentos e, assim, as condições de vida dos animais de circo mudaram. E o mesmo aconteceu com o show do tradicional circo alemão.