O Fenim é uma aguardente rara produzida a partir do caju -também existe uma variante feita de coco- em Goa, Índia, onde também é chamada de feni. A bebida é classificada como "aguardente regional", motivo pelo qual na Índia a sua venda não é autorizada fora do estado de Goa. O termo deriva do sânscrito phena ("espuma"), originado possivelmente das bolhas que formam uma espuma clara quando o fenim é agitado em uma garrafa ou despejado em um copo, similar a uma cerveja, mas as semelhanças terminam por ai. |
Não há certeza sobre quem e onde começou a destilar os sumos fermentados para produzir fenim, mas os primeiros registros do método tradicional da pisa de cajus remontam a pelo menos 500 anos.
Nesse método, apenas os cajus amadurecidos que caíram no chão são coletados, retira-se então o fruto (castanha) e seu pedúnculo floral (pseudofruto) é separado para esmagamento na área de pisa. Esta área, semelhante aos lagares de azeitona e uva, é chamada localmente de collmi e geralmente é uma rocha cortada em forma de bacia ou um tanque de concreto. Os cajus são então pisados para liberar o suco.
O pisoteio foi gradualmente substituído pelo uso de uma prensa chamada pingre, mas a maioria das famílias que vivem da fermentação do fenim continuam com a prática tradicional. A polpa é então batida à mão em pequenos montes, tradicionalmente usando uma espécie de trepadeira ou corda, que é enrolada em volta deles para mantê-los unidos enquanto um peso é colocado no topo. O mosto restante é descartado ou usado pelos agricultores para alimentar o gado.
O suco produzido por meio desse processo de extração é conhecido como niro e é o que nós conhecemos como suco de caju, mas só pode ser consumido até 24 horas porque começa a fermentar. O extrato de suco, obtido a partir do pisoteio dos pseudofrutos de caju, é tradicionalmente transferido para um grande pote de barro chamado koddem, que é enterrado até a metade do solo e deixado vários dias fermentando.
Atualmente, os frágeis koddem de barro foram substituídos por tambores de plástico por uma questão de praticidade. O suco então descansa por três dias enquanto fermenta. Nenhum fermento artificial ou nutrientes são adicionados para acelerar o processo.
O feni do caju é destilado utilizando um alambique tradicional conhecido como bhatti. O uso de uma panela de barro como panela de ebulição agora foi substituída por panelas de cobre, ambas conhecidas pelo mesmo nome, bhann, que são seladas com terra de formigueiro.
O primeiro destilado do niro fermentado é conhecido como urrak, que tem cerca de 15% de álcool. O urrak é então misturado com mais niro e redestilado para criar uma aguardente chamada cajulo (40%). A tri-destilação entre o cajulo e urrak por fim rende o fenim com uma graduação alcoólica de 45%.
A verdade é que a maioria dos pequenos produtores de fenim não fazem mais o uso da terceira destilação, já que o cajulo, por si só, é uma aguardente considerada muito forte para uma bebida alcoólica para consumo e comércio.
O mercado de venda de feni é amplamente desorganizado, de fato, os habitantes locais tendem a comprar feni diretamente dos milhares de destiladores tradicionais que operam mini destilarias sazonais, como a mostrada no vídeo do Insider logo abaixo. Enquanto algumas marcas estão pressionando para tornar o feni popular, a família Gaonkar sobreviveu fazendo pequenos lotes manualmente e vendendo localmente.
O fenim recebeu o registro de Indicação Geográfica em 2009 como uma bebida alcoólica especial de Goa, descrita como um líquido incolor e claro que, quando amadurecido em barris de madeira, desenvolve uma tonalidade marrom dourado. Esta designação foi alcançada por meio dos esforços da Associação de Destiladores e Engarrafadores de Fenim de Goa e do Departamento de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente do Governo de Goa.
Em 2016, o governo de Goa iniciou um processo para que o feni fosse reconhecido como uma bebida fermentada cultural fora do estado. Os planos incluem turismo de natureza onde os turistas podem ver a colheita do caju e acompanhar o processo de fabricação da bebida. Vários destiladores instaram o governo a emitir regras sobre o processo de destilação e garantir que sejam obedecidas. Fenins falsos e adulteração de qualidade foram algumas das questões levantadas pelos participantes. Até hoje o governo indiano não emitiu seu parecer.
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