As cabanas de bambu trançado do povo Dorze, na Etiópia

No alto das montanhas do Vale do Rift, o povo Dorze, uma das comunidades Gamo que habitam as Terras Altas de Gamo, no sul da Etiópia, desenvolveu uma técnica de rachar e trançar bambu. Eles a usam para fazer cercas e cestos, cobrem-na com argila para fazer potes de armazenamento e até fazem colmeias com ela, mas o mais importante, eles fazem casas inteiras com o bambu. É preciso muito preparo, o bambu não é usado inteiro, como em muitas casas da Malásia, mas é dividido, aplainado e depois se retira a medula.

Isso torna as peças flexíveis o suficiente para serem tecidas entre colunas, fixadas no solo e gradualmente adicionadas conforme a altura aumenta. Eventualmente, o construtor começará a puxar as peças e tecer anéis de tamanho decrescente até que sejam finalmente fechados com uma coroa, tecida separadamente no chão.

As casas mais baratas são então cobertas com palha de trigo ou cevada, mas as melhores são cobertas com bainhas de bambu, a base das folhas que crescem ao redor do colmo.

Existe um mito, propagado por guias turísticos locais, de que elas são cobertas por folhas de bananeira, pois uma variedade de banana é cultivada localmente, que não é durável o suficiente para cobrir uma casa. No entanto, as bainhas caulinares do bambu podem durar de 10 a 20 anos.

As casas têm mais de sete metros de altura, o que permite o encolhimento gradual, pois a podridão e os cupins corroem a base da casa, e normalmente ela perde cerca de 2 a 5 centímetros por ano. A porta principal entre a varanda e a casa é muito alta pelo mesmo motivo, embora a porta da varanda seja simplesmente refeita a cada poucos anos.

As casas são construídas por construtores especializados, exclusivamente homens, e são necessários três ou quatro artesãos em torno de duas semanas para construir uma casa de 5 a 6 metros de diâmetro.

Normalmente o dono da casa ajuda, cortando bambu e carregando materiais para reduzir custos. Depois de concluída, a casa será subdividida com câmaras para dormir e, frequentemente, cerca de um terço será compartilhada com uma vaca e galinhas.

Como grande parte da arquitetura tradicional africana, as casas estão se tornando cada vez mais raras, já que as pessoas agora preferem se mudar para edificações de alvenaria com telhados de zinco ou amianto.