O curioso caso do pombo-rolador que salta para trás em vez de voar

Embora existam muitas aves que evoluíram naturalmente para não voarem, há apenas um tipo que os humanos procriaram seletivamente até perdeu toda a habilidade compartilhada pela maioria de seus parentes: o pombo-rolador. Assim como outras variedades de pombos domesticados ele é descendente do pombo-comum (Columba livia), mas em vez de voar dá cambalhotas para trás no chão. Ninguém sabe exatamente quando o pombo-rolador foi criado, mas sua origem pode remontar a meados do século 19, na Escócia, quando alguém encontrou uma ave com essa condição e decidiu criá-la seletivamente.

De fato, como um exemplo extremo de reprodução seletiva, os pombos-roladores compreensivelmente despertaram o interesse de Charles Darwin, que achava, lógico, que ninguém jamais teria ensinado um pombo a virar cambota, senão que uma ou outra ave mostrou esta tendência bizarra, e que a seletividade de gerações sucessivas criou o pombo-rolador.

O que Darwin não sabia naquela época é que o pombo, que sobrevive milagrosamente ao paramixovírus de pombo, tende a ter comportamentos esquisitos, como se debater ou rolar sem nenhum motivo no chão, além de perder a total capacidade de voar. Assim é muito provável que algum escocês tenha encontrado um pombo convalescente da doença e achou que seria boa ideia criá-lo de forma seletiva. O paramixovírus de pombo está intimamente relacionado à doença de Newcastle, que vem arrasando a população de pombos nativos na Austrália.

Os criadores de pombos-roladores não se focam na coloração das penas das aves, senão que com base na distância que as aves conseguem rolar por vez antes de parar. Quanto mais longe eles puderem ir, mais alto é o preço. Curiosamente existem até competições em que criadores e donos de pombos rolam a ave como uma bola de boliche, e observam para ver o quão longe ela vai dando cambalhotas. O atual recorde mundial de distância de um pombo-rolador é de 201,85 metros. Sim o pombo rolou dois campos de futebol.