Gypsy Rose Blanchard nasceu com a etiqueta de "doente" colada na testa. Porque, ainda que não tivesse nada de errado com ela, desde que chegou ao mundo, sua mãe Dee Dee -provavelmente com Síndrome de Münchhausen-, insistiu em ver nela uma paciente encurralada por diferentes doenças. E se dedicou, com abnegação, a atender essa sucessão de desgraças. Esta história, onde a verdadeira doente resultou ser a progenitora, merece ser contada porque para que se descobrissem décadas de abuso e maus-tratos teve que ocorrer um crime pavoroso. |
Clauddine "Dee Dee" Blanchard nasceu em 3 de maio de 1967 em Chackbay, Louisiana, nos Estados Unidos. Seus pais, Emma e Claude Pitre, tiveram seis filhos e ela foi a menor. Emma tinha problemas com o dinheiro e se sentia atraída pelas coisas alheias.
Seu marido lidava com estes deslizes e teve que ir buscá-la na delegacia, por furtos em várias ocasiões. Muitas vezes foi flagrada, nas lavanderias automáticas, levando roupas de outras pessoas e roubou 4.000 dólares de seu próprio sogro. Emma era um problema, mas Dee Dee se converteria em um muito pior.
Quando Emma adoeceu, sua filha menor e que vivia com ela, se encarregou de cuidá-la. Morreu aos 59 anos e o curioso é que o resto dos familiares suspeitou de Dee Dee: deixaram transcender que Emma poderia ter morrido por inanição. Desconfiavam que sua filha jamais a higienizava e lhe dava muito pouco para comer.
Dee Dee seguiu seu caminho e casou-se aos 24 anos com Rod Blanchard, um garoto de 17 que ainda estava no segundo grau. Dee Dee ficou grávida, mas pouco antes do nascimento de sua filha Gypsy Rose em 27 de julho de 1991, Rod saiu de cena. Arrependeu-se de ter-se casado tão jovem e, ademais, reconheceu ter detectado em sua esposa algumas condutas estranhas como, por exemplo, recorrer à feitiçaria.
Uma vez separados, Dee Dee começou com uma obsessão fatal: a saúde de sua filha. Instalou-se com a bebê na casa de seu pai e sua nova mulher Laura. Dee Dee era quem se ocupava de cozinhar. Em seguida, sua madrasta adoeceu gravemente e passou nove meses na cama. Era algo que tinha ingerido e que quase a mata. Laura suspeitou que Dee Dee pudesse ter tentado se desfazer dela pondo em sua comida o mata-mato. Isso somado ao modo em que tratava Gypsy Rose, fez que decidissem expulsá-la da casa. Mal se foi, Laura se recuperou.
Dee Dee mudou-se para longe. Sua família já não poderia se meter em sua vida. Agora teria o tempo todo do mundo para se concentrar em Gypsy.
No final de 1991, quando completava os três meses de vida, Gypsy Rose visitou pela primeira vez um hospital. Dee Dee disse aos especialistas que sua filha deixava de respirar quando dormia. Depois de muitos estudos, idas e vindas, terminaram por diagnosticá-la com distúrbio do sono. Enviaram na a casa com um aparelho que a ajudaria a respirar. Dee Dee não se conformou e seguiu consultando por diferentes sintomas. A peregrinação por centros médicos apenas havia iniciado.
Quando Gypsy Rose completou 7 anos, Dee Dee disse a seus conhecidos que sua filha tinha alterações cromossômicas e uma distrofia muscular que lhe impediria caminhar com normalidade. Conseguiu uma cadeira de rodas e exigiu que a menina se sentasse nela. Gypsy Rose, ainda sabendo que podia caminhar, acreditou na sua mãe e ficou quieta. Se disseram que era inválida, devia ser. A loucura é um espiral do qual não é fácil sair.
Em 2001 o Hospital Universitário de Tulane estudou Gypsy por sua distrofia muscular e os resultados foram negativos. Não tinha nada. Apesar disso, Dee Dee seguiu repetindo que sua filha tinha essa doença. Chegou a confeccionar fichas médicas falsas alegando que as originais tinham se perdido com as inundações de um furacão.
Dee Dee e Gypsy Rose continuaram perambulando de hospital em hospital. Para Dee Dee, chamar a atenção das pessoas, tornou-se um vício. Com insistência conseguiu que outros médicos avaliassem mais estudos para os sintomas que se multiplicavam em sua filha.
Com o tempo, Gypsy Rose acumulou em sua ficha médica uma lista interminável de doenças e transtornos: asma, epilepsia, problemas auditivos e musculares, deficiência visual, paralisia do tronco inferior, danos em seu sistema digestivo.
Ficou documentado que no período compreendido entre 2004 e 2014 elas foram mais de cem vezes a diferentes consultórios médicos. Durante esses anos Dee Dee começou a alimentar Gypsy Rose através de uma sonda nasogástrica, uma via de alimentação que foi introduzida pelo nariz e que viajava até seu estômago. O motivo? Tinha perdido muito peso. Para cúmulo de todos os males, sua mãe revelou que os médicos tinham detectado algo grave: leucemia.
A cada vez que saíam de sua casa para visitar os especialistas, era uma peripécia: Dee Dee empurrava a cadeira de rodas onde levava também o tanque de oxigênio para a asma.
As doenças se empilharam de tal maneira que devastavam o futuro de Gypsy Rose. Sua mãe descobriu, isso disse, que também tinha epilepsia e convulsões. A cada transtorno implicava mais medicamentos. As montanhas de remédios (ver armário da casa na foto abaixo) provocaram algo horrível: que Gypsy Rose perdesse todos seus dentes.
Em seu estado não podia ir à escola e teve que ser educada em casa por sua mãe. Não tinha amigos; não brincava com ninguém; seu corpo doía; sofria de náuseas pelo excesso de medicação. Com uma vida social nula, Gypsy Rose passava o tempo todo combatendo doenças inexistentes. Inclusive foi submetida a cirurgias exploratórias.
De fato, a menina vivia em uma contradição absoluta: o que sua mãe dizia que tinha e o que ela sentia. Estava muito confusa. O tema de sua doença no sangue assustou-a. Sua mãe raspou sua cabeça e pediu ajuda a diferentes organizações. Para conseguir essa colaboração, começou a obrigar Gypsy Rose a fingir coisas que a jovem não experimentava. Presa na rede de mentiras de Dee Dee, já não sabia o que era ter saúde ou uma mãe normal.
Diferentes organizações de caridade como a Fundação Make-A-Wish ou a Casa Ronald McDonald colaboraram com sua causa: viagens a Disney World, presentes, muita atenção, um carro no qual entrava a cadeira de rodas, entrevistas e caros tratamentos. Quando na última semana de agosto de 2005 o furacão Katrina destruiu sua casa, a organização Habitat para a Humanidade lhes construiu uma nova.
Todos conheciam Gypsy Rose, seus dramas de saúde e Dee Dee desfrutava da atenção e dos "benefícios" da doença.
Mas, inevitavelmente para sua mãe, Gypsy Rose cresceu. Com 19 anos começou a perceber os embustes e as moléstias físicas que lhe geravam. Seu corpo desmentia o que Dee Dee afirmava. A jovem nem sequer estava segura de qual era sua verdadeira idade. E, ainda que sua mãe sustentasse que ela possuía o coeficiente intelectual de uma garota de 7 anos como consequência de ter sido prematura, Gypsy Rose não estava de acordo.
Enquanto o país se apiedava dessa mãe abnegada, Gypsy Rose vivia um inferno. As discussões entre mãe e filha subiram de tom e se tornaram cotidianas. As ânsias de independência de Gypsy Rose conseguiram que Dee Dee a castigasse. Começou a surrá-la e dominá-la mediante a privação de comida durante vários dias.
Em fevereiro de 2011, Gypsy Rose conheceu um homem de 35 anos em uma convenção de ficção científica. Ele a convidou a ir no quarto do hotel onde estava. Quando Dee Dee soube da proposta, ela foi vê-lo enfurecida com um documento onde figurava que sua filha era menor de idade. Em realidade, a jovem já tinha 20 anos.
Quando voltaram para casa, Dee Dee despedaçou o computador de Gypsy Rose com um martelo. E ameaçou:
- "Se eu encontrar você fazendo isto outra vez, vou quebrar seus dedos com um martelo."
A coisa saiu do controle a tal ponto que Gypsy decidiu fugir, mas sua mãe se antecipou e a acorrentou à cama durante 14 dias. Nas portas pôs sinos para que sua filha não pudesse se movimentar sem que ela se inteirasse.
Com o tempo, Gypsy Rose, voltou a ter um computador e a usar a Internet apesar do controle da mãe. Costumava fazer de madrugada enquanto Dee Dee dormia. Ela se cadastrou em um site de encontros on-line para pessoas cristãs onde, em 2013, conheceu Nicholas "Nick" Godejohn. O jovem era de Wisconsin, tinha dois anos mais que ela e trabalhava em uma pizzaria.
Nick não era exatamente o que Gypsy Rose pensava, mas ela imersa nesse mundo materno de ficções sanitárias acreditou ter encontrado seu Príncipe Azul, que a resgataria das garras de Dee Dee. Para sua única amiga, Aleah Woodmansee, confessou que queria se casar com ele e disse que já tinham escolhido os nomes dos futuros filhos.
De aparência amável, Nick apresentava um baixíssimo quociente intelectual e padecia de uma desordem de identidade dissociativa, também conhecida como personalidade múltipla. Um detalhe a mais: trinta dias antes de conhecer Gypsy Rose on-line, Nick foi preso depois de ser flagrado masturbando-se enquanto via pornografia em um McDonald's.
Nick estava muito interessado no sexo sadomasoquista e levou Gypsy Rose por esse caminho virtual. Tinham uma vida imaginária ativa na qual costumavam fantasiar. Gypsy Rose chegou a posar com uma faca em sua língua. Tudo ocorria no mundo on-line, jamais tinham se visto pessoalmente. Conhecer no mundo real seria o próximo passo. Isso ocorreu em 2015 e foi muito bem planejado. Gypsy Rose iria com sua mãe ao cinema para ver "Cinderela" e ele se encontraria com elas de maneira "casual". Gypsy indicou a Nick que deveria ser bem agradável com Dee Dee.
Tudo saiu como o previsto. Uma vez dentro da sala, durante a projeção do filme, deram um jeito de se encontrarem no banheiro para ter relações sexuais pela primeira vez. Ao terminar a noite, Gypsy apresentou-os, mas Dee Dee não gostou nadinha Nick e proibiu que se encontrassem de novo.
Depois deste tropeço, a relação retomou seu ritmo on-line. Em suas longas conversas dedicavam-se a pensar no plano da libertação. Uma opção era a gravidez, mas levaria tempo e Nick não queria. O melhor era que Dee Dee desaparecesse. Devia morrer, não tinha outra opção. Mas Nick, apesar de "maluco" não era violento e Gypsy Rose temia que ele voltasse atrás. Nos dias prévios ao crime, Nick escreveu:
- "Amor, esquece que sou implacável, e meu ódio dela a obrigará a morrer. É meu lado malvado fazendo isso, porque gosta de assassinar."
Situada em Springfield, Missouri, Estados Unidos, a casa de madeira na qual viviam era pintada de rosa com aberturas brancas, tinha um teto de duas águas e uma rampa na entrada para a cadeira de rodas. Enquadrada por árvores e um verde jardim, por fora, era uma casinha de sonho. Na noite da quarta-feira de 10 de junho de 2015, Gypsy Rose Blanchard deixou a porta principal destrancada. Tão logo Nick entrou, Gypsy Rose lhe deu uma fita adesiva bem larga, um par de luvas de látex e uma faca de peixe. Ele se dirigiu ao quarto de Dee Dee. A mulher de 48 anos estava profundamente adormecida, quando foi esfaqueada 17 vezes nas costas. A vítima chegou a acordar e perguntou aos gritos quem era ele. Nick respondeu:
- "Sou seu maldito pesadelo, sua vaca!."
Terminada a "tarefa" foi procurar Gypsy Rose que tinha se escondido no banheiro e tampado com força os ouvidos para não escutar nada. Tiveram relações no quarto de Gypsy. Nick, nu, pediu que ela limpasse o sangue de um de seus dedos lastimados. Depois, pegaram uns 4.000 dólares que Dee Dee tinha poupado e foram a um motel nos arredores da cidade. Ao acordar, dirigiram-se à estação rodoviária e pegaram um ônibus com destino a Wisconsin, onde viviam os pais de Nick.
A mãe do assassino, Stephanie Goldammer, contaria depois em um documentário para HBO:
- "Sabe? Foi raro. Quando fui buscá-los na rodoviária em Wisconsin, perguntei a ela: 'Como está sua mãe?' Eles me disseram que Gypsy Rose vivia em um refúgio para pessoas sem lar, porque tinha sido expulsa de casa por sua mãe (...) Por isso foi o primeiro que perguntei. Mas atuaram como se nada tivesse acontecido. A forma em que a menina agiu, quero dizer, como pode fazer algo a sua mãe, perder a sua mãe e agir dessa maneira?."
Um par de dias depois, Gypsy Rose, que depois reconheceu que se sentia libertada com o desaparecimento de sua mãe, postou no Facebook:
- "A cadela está morta.". Ato seguido acrescentou outro post onde dizia que um assassino violador tinha entrado na casa das Blanchard.
Foram os vizinhos de Dee Dee que ligaram para a polícia depois de ver no Facebook estas estranhas publicações. Disseram que estavam sumamente preocupados porque fazia dias que não as viam pelo bairro. Quando na madrugada de 14 de junho de 2015 os agentes de polícia entraram na casa, encontraram Dee Dee Blanchard sem vida, em sua própria cama. Estava de bruços, sobre sua colcha rosada, no meio de um enorme poça de sangue.
Parecia estar assim vários dias. O mais estranho de tudo era que na casa não tinha rastro de sua filha, que padecia de tantas doenças e que não podia se movimentar sozinha. A opinião pública e a imprensa ficaram muito comovidas com esta história.
Os investigadores tinham uma meta: encontrar Gypsy. Não demoraram quase nada. Vinte e quatro horas depois, a polícia achou-a em outro estado, Wisconsin, na casa dos pais de seu namorado, Nick Godejohn. Seguir suas pistas foi fácil: recibos de compra, passagens de ônibus, vídeos de câmeras de vigilância. Ademais, tinham os posts do Facebook que foram rastreados até o IP do computador de Nick.
Foi, então, que tiveram a verdadeira surpresa: Gypsy Rose não era uma pessoa doente nem aninhada como criam. Era uma mulher adulta, sem nenhuma doença.
Ao ser detida, disse ter 19 anos, ainda que em seu seguro médico estivesse escrito 23. Quando questionaram seus posts, Gypsy Rose revelou que queria que alguém encontrasse o corpo de Dee Dee e lhe desse "um enterro apropriado". Disse algo mais:
- "Escutar alguém quando é assassinado é assustador, senti náuseas no estômago... Tudo o que a gente sente é o quanto de medo temos."
Os detetives da homicídios começaram a revisar as fichas médicas de Gypsy Rose. Acharam que alguns médicos que tinham atendido a menina, ao não encontrar provas das doenças em Gypsy, pensaram que Dee Dee podia ter a Síndrome de Münchhausen por poder. Este transtorno mental se apresenta quando uma mãe ou o cuidador de uma criança, exagera e começa a mentir para fazer achar que o menor padece de doenças. Com que fim? Para conseguir a atenção dos demais e as "vantagens" que podem derivar destas situações.
Um dos médicos que pensou que Dee Dee mentia foi o neurologista pediátrico Bernardo Flasterstein. Ele confessou que examinou Gypsy Rose e que quando disse a sua mãe que os diagnósticos prévios eram incorretos, Dee Dee não demonstrou alívio. Pelo contrário, teve um acesso de raiva e começou a gritar que Flasterstein era um charlatão. Ele escreveu uma carta ao médico clínico que atendia Gypsy Rose onde especificava que Dee Dee podia ter a Síndrome de Münchhausen por poder.
Um relatório policial da época mencionou que outro doutor tinha notificado os serviços sociais que não encontrou sintomas que respaldassem o que Dee Dee alegava sobre sua filha. Isso conduziu a que assistentes sociais visitassem a casa de Gypsy Rose em duas ocasiões, mas no relatório assentaram que não tinham observado nada estranho.
Uma vez detido, Nick Godejohn, confessou de imediato o crime:
- "Está bem, admito. Apunhalei a mãe dela." Em novembro de 2018, foi condenado a prisão perpétua por assassinato em primeiro grau.
Devido aos anos de abusos sofridos, Gypsy Rose, foi julgada separadamente de Nick e os promotores não pediram a pena de morte. Ela foi declarada culpada de assassinato em segundo grau e foi condenada a dez anos de prisão.
Segundo os relatórios médicos da prisão, a saúde de Gypsy Rose melhorou muitíssimo desde que está atrás das grades. Grande parte disto se deve a que já não toma as ingentes quantidades de remédios dados por sua mãe. Seu advogado Michael Stanfield, disse à imprensa que, conquanto a maioria dos reclusos perdem peso na cadeia, com Gypsy Rose ocorreu todo o contrário: engordou seis quilos e meio.
Gypsy Rose admitiu que ela sabia que não precisava do tubo de alimentação. Sabia que podia comer. Sabia que podia caminhar. Mas acreditou na mãe quando disse que tinha leucemia. Ainda que as doenças não fossem reais, as cirurgias e os efeitos de tudo o que tomava sim, eram. Por exemplo, a extirpação de suas glândulas salivares teria sido provocada por um agente anestésico que sua mãe dava para adormecer suas gengivas, o que a fazia babar de maneira permanente. Também poderia ter sido a causa da perda de sua dentição.
Nick Godejohn reconheceu que estava obcecado com Gypsy Rose. Contou que a amava até o ponto de que faria qualquer coisa por ela.
- "Demonstrei com o que fiz. Infelizmente, pelo longe que cheguei, sinto que me traiu. Sinto que ela me abandonou."
Em 2018, Nick disse à estação de rádio local KOLR10:
- "Desejaria ter sabido que era mais manipulação do que amor. Se soubesse disso, provavelmente não estaria nesta situação que estou", lamenta um nick barbudo, cujos advogados alegaram no começo desse ano que ele é autista, visando diminuir sua pena. - "Devido a minha incapacidade, é bastante fácil para mim ser enganado. Realmente achei que ela era minha alma gêmea. Há uma parte de mim que provavelmente sempre a amará, mas me machucou muito. Suponho que poderia dizer que terminei amando muito alguém."
À revista Cosmopolitan ele confessou:
- "Aqueles cinco dias que passei fisicamente com ela, foram os mais mágicos e intensos de toda a minha vida."
Um abaixo assinado na organização Change.org também pede, na atualidade, uma redução drástica de sua condenação por considerá-lo mentalmente diminuído.
Apesar de sua raiva, Nick quereria rever Gypsy Rose. Isso assegurou Fancy Macelli, a porta-voz da família Blanchard. Nick enviou uma carta e ela jogou no lixo, por não ter nenhum interesse em voltar a revê-lo nessa parte de sua vida. Gypsy Rose sustentou que Nick era muito parecido a sua mãe:
- "Ambos foram muito controladores." Em uma reportagem no programa de televisão Dr. Phil, logo acima, agregou que Nick tinha múltiplas personalidades que eram violentas e assustadoras. Ela também declarou que não sente que tenha enganado ninguém porque também foi uma vítima de sua mãe:
- "Ela me usou como um peão(...) Cortava meu cabelo e dizia: 'Tanto faz, vai cair de qualquer jeito!' Creio firmemente que o assassinato não foi bom. Mas ao mesmo tempo, não acho que mereça tantos anos. Acho que sim mereço passar um tempo na prisão por esse crime. Mas também, entendo por que ocorreu."
Apesar de estar presa, Gypsy confessou que se sente muito melhor na prisão:
- "Com minha mãe não podia caminhar. Não podia comer. Não podia ter amigos. Não podia sair na rua e brincar com amigos ou qualquer outra coisa. Sinto que sou mais livre no cárcere do que vivendo com minha mãe. Porque agora me permitem viver como uma mulher normal."
Gypsy Rose assegurou que nunca soube que seu pai sempre pagou sua pensão alimentícia. Rod, que foi afastado por Dee Dee de sua filha, assegurou à imprensa:
- "Muitas vezes ligava para Gypsy Rose, mas sua mãe não deixava ela falar comigo. Ligava no seu aniversário, mas Dee Dee dizia para não dizer a ela que era seu 18° aniversário. Eu pensava que era estranho. Ficava chateado, mas esperava que Gypsy Rose crescesse o suficiente para que algum dia pudéssemos nos unir. Dee Dee tinha custódia total e podia me isolar por completo de qualquer tipo de relação. No trato com ela tinha que caminhar por uma delgada linha."
Agora que está na prisão, pai e filha mantêm uma boa relação. Trocam e-mails e se falam por telefone quase diariamente. Ainda que Rod e sua mulher Kristy -com quem teve mais dois filhos-, reconhecem que Gypsy Rose costuma mentir um pouco, esperam que este costume mude.
Em abril de 2019, Gypsy Rose anunciou que estava tendo um relacionamento com Ken, um homem que não conhecia pessoalmente, mas com quem pensava se casar durante 2020. A pandemia alterou um pouco os planos, mas transcendeu que ela está escrevendo, no centro correcional de Chillicothe onde está presa, seu próprio livro.
Sua trágica história foi adaptada em 2019 para uma popular série de televisão chamada "The Act” que foi protagonizada por Joey King e Patrícia Arquette, que recebeu o Emmy por sua interpretação da mãe de Gypsy Rose. Também inspirou o filme "Run", que estreou em novembro de 2020 e que, em abril de 2021, foi incorporado ao catálogo da Netflix.
Passo a passo, Gypsy Rose Blanchard, vai virando a página mais escura de sua existência. Hoje tem 31 anos e está próxima de sua liberdade condicional: em dezembro de 2023 poderá pedi-la. Terá uma segunda oportunidade. Como assentar, desta vez, os tijolos na construção de sua nova vida, será responsabilidade dela.
O MDig precisa de sua ajuda.
Por favor, apóie o MDig com o valor que você puder e isso leva apenas um minuto. Obrigado!
Meios de fazer a sua contribuição:
- Faça um doação pelo Paypal clicando no seguinte link: Apoiar o MDig.
- Seja nosso patrão no Patreon clicando no seguinte link: Patreon do MDig.
- Pix MDig ID: c048e5ac-0172-45ed-b26a-910f9f4b1d0a
- Depósito direto em conta corrente do Banco do Brasil: Agência: 3543-2 / Conta corrente: 17364-9
- Depósito direto em conta corrente da Caixa Econômica: Agência: 1637 / Conta corrente: 000835148057-4 / Operação: 1288
Faça o seu comentário
Comentários