Na Biblioteca Nacional da Suécia em Estocolmo, é possível encontrar em exibição uma bíblia gigantesca, com 92 centímetros de altura, 50 de largura e 22 centímetros de espessura. Chamado Codex Gigas, ou o "Livro Gigante", este códice, com impressionante encadernação em couro e uma decoração elaborada, com capas de madeira, revestidas de couro e ornamentadas com motivos metálicos, pesa surpreendentes 75 quilos e é o maior manuscrito medieval existente no mundo. |
Atualmente o livro tem 310 folhas de velino -um tipo de pergaminho feito com a pele de 160 vitelas-, mas há indícios de que algumas páginas foram arrancadas da versão original. Ninguém sabe quem o fez, muito menos são conhecidas as razões das páginas terem sido removidas. A teoria mais aceita entre os historiadores é que estas páginas teriam as regras monásticas dos beneditinos.
O manuscrito tem várias ilustrações coloridas e decoradas, conhecidas como iluminuras, incluindo um retrato de Josefo, imagens que representam o céu e a terra e várias formas geométricas ou vegetais. Mas o mais impressionante e fora de lugar de todos eles é a ilustração do Diabo.
O diabo ocupa uma página inteira do manuscrito, ao lado de uma página que carrega uma representação do reino dos céus, justapondo imagens contrastantes do Bem e do Mal. O diabo é mostrado frontalmente, vestindo uma tanga branca, agachado com os braços sobre a cabeça.
Suas mãos e pés terminam com apenas quatro dedos das mãos e dos pés, terminando em grandes garras vermelhas. Dois grandes chifres vermelhos adornam sua cabeça. Como uma serpente, sua língua é bifurcada. Sua cabeça está cheia de cabelos encaracolados verde-escuros.
Segundo a lenda, o Codex foi criado no século 13 por Herman, o Recluso, no mosteiro beneditino de Podlažice, perto de Chrudim, na Boêmia, atual República Tcheca. A análise da caligrafia indica que o manuscrito foi obra de um único escriba. Essa pessoa deve ter levado cerca de 20 anos para completar este livro gigantesco.
De acordo com a versão de uma lenda que já foi registrada na Idade Média, o escriba era um monge que quebrou seus votos monásticos e foi condenado a ser emparedado vivo. Para evitar essa penalidade severa, ele prometeu criar em uma noite um livro para glorificar o mosteiro para sempre, incluindo todo o conhecimento humano.
No entanto, perto da meia-noite, o monge percebeu a tolice de seu voto e que era impossível completar esta tarefa sozinho. Então ele orou, mas não a Deus, mas ao anjo caído Lúcifer, pedindo-lhe que o ajudasse a terminar o livro em troca de sua alma. O diabo completou o manuscrito e o monge acrescentou a imagem do diabo em agradecimento por sua ajuda. O manuscrito é, portanto, também conhecido como Bíblia do Diabo.
Por muito tempo os historiadores consideraram que uma versão de condenação ao emparedamento do monge era a verdadeira, devido à interpretação precipitada da palavra "inclusus", como sendo "emparedamento". No entanto, esta tradução acabou reconsiderada como sendo mesmo "recluso".
A explicação mais aceita hoje é que ele seria um monge que foi condenado, ou se condenou, à reclusão no mosteiro para realizar o trabalho de toda uma vida. Essa versão é reforçada pela "dedicatória" encontrada no final do livro: hermanus inclusus, ou "Herman, o recluso" ou ainda "Herman, o enclausurado".
Devido a dificuldades financeiras do mosteiro, pouco depois de ter sido escrito, foi penhorado pelos Beneditinos aos monges cistercienses do Mosteiro de Sedlec, onde permaneceu por 70 anos. O mosteiro beneditino em Břevnov recuperou a Bíblia por volta do final do século XIII. De 1477 a 1593, foi mantido na biblioteca de um mosteiro em Broumov até ser levado a Praga em 1594 para fazer parte das coleções do imperador Rodolfo II.
No final da Guerra dos Trinta Anos, em 1648, toda a coleção foi pilhada e roubada pelo exército sueco (europeu "europeizando"). De 1649 a 2007, o manuscrito foi mantido na Biblioteca Real Sueca em Estocolmo. Em 1697, um incêndio irrompeu no castelo real em Estocolmo, que destruiu grande parte da Biblioteca Real. Para salvar o Livro Gigante, o manuscrito foi jogado pela janela.
Em 2007, após 359 anos, o Codex Gigas voltou a Praga por empréstimo da Suécia até janeiro de 2008, e ficou exposto na Biblioteca Nacional Tcheca até janeiro de 2008.
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