Ficou famoso o meme de Steve Buscemi photoshopado no lugar de um bon vivant sorridente, lá por 2011. Mas de quem era o rosto, pré-Buscemi, nos dando aquele sorriso dentuço e presunçoso. O cavalheiro em questão, na verdade, era o retratista, pastelista, miniaturista e gravador francês Joseph Ducreux, um pintor a óleo altamente qualificado, que mostrou um interesse em expandir o alcance das expressões faciais para além daquelas dos retratos oficiais. Sua miniatura de Maria Antonieta em 1769 lhe rendeu um título de baronete e o título de primer peintre de la reine (Primeiro Pintor da Rainha). |
Esta não foi uma honra concedida a qualquer um. Ducreux trabalhou ao lado de mestres como Elisabeth Vigée Le Brun e Jacques-Louis David, apesar de não ser membro da Real Academia de Pintura e Escultura, algo inédito na época para um pintor da corte.
Durante a Revolução Francesa, Ducreux se escondeu em Londres, onde fez o último retrato de Luís XVI antes da sua decapitação.
Depois disso, ele voltou e, por meio de sua amizade com David, retomou sua carreira de pintor de retratos, bem como de autorretratista excêntrico, profissão que adotou nas décadas de 1780 e 90 para satisfazer sua curiosidade sobre a teoria da fisionomia.
Uma pseudociência que tentava adivinhar o caráter e a personalidade de uma pessoa a partir de suas expressões faciais e posturas corporais.
Essas pinturas foram notáveis para a época, mas não foram feitas com os memes de nosso tempo em mente. Visto que foram feitas antes da era da fotografia e pintadas em grandes telas a óleo, o processo de criação dessas selfies bem humoradas teria sido árduo e demorado, dificilmente o tipo de esforço que um artista profissional aplica a uma piada.
Por mais bem-humorados que sejam, e sem dúvida Ducreux tinha um senso de humor saudável, os retratos também tinham como objetivo servir a um propósito científico e mostram um artista que está superando as tradições conservadoras do retrato de sua época, irritando-se com a calma posturas reais e expressões plácidas que deveriam telegrafar a nobreza interior da aristocracia.
Podemos suspeitar que, ao longo de sua carreira como pintor da corte, o próprio Ducreux teve motivos para suspeitar o contrário sobre seus temas. Mas ele só tinha permissão para praticar suas teorias em si mesmo.
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