Animais também riem: estudo da UCLA descobre risos em 65 espécies, de ratos a vacas

Todo dono de animal de estimação sabe que os animais adoram brincar, mas o riso parece reservado para humanos, alguns macacos e talvez alguns pássaros bons em imitar humanos. Acontece que, de acordo com um novo artigo publicado na revista Bioacoustics, o riso foi documentado em pelo menos 65 espécies. Essa lista inclui uma variedade de primatas, vacas e cães domésticos, raposas, focas e mangustos, bem como três espécies de pássaros, incluindo periquitos e pegas australianas. A esta lista há que se juntar os ratos, conforme indicado por um outro estudo de 2015.

Sim, os ratos riem. Como os cientistas sabem disso? Eles fazem cócegas, é claro, como você pode ver no vídeo abaixo. Acontece que fazer cócegas no rato é bom para o bem-estar dos animais. O objetivo deste experimento era entender melhor o toque humano.

- "Fazer cócegas é uma das formas de toque mais mal compreendidas", disse o autor do estudo Michael Brecht.

O riso, por outro lado, parece um pouco melhor compreendido, mesmo entre espécies separadas de nós por dezenas de milhões de anos de evolução. Em seu artigo recente, a primatologista da Universidade da Califórnia em Los Angeles Sasha Winkler e o professor de comunicação, Greg Bryant, descrevem como as "vocalizações de brincadeira" sinalizam a não agressão. Como Sasha coloca:

- "Quando rimos, geralmente fornecemos informações a outras pessoas de que estamos nos divertindo e também convidamos outras pessoas a participarem. Alguns estudiosos sugeriram que esse tipo de comportamento vocal é compartilhado por muitos animais que brincam e, como tal, o riso é a nossa versão humana de um sinal de jogo vocal evolutivamente antigo."

Geralmente, é improvável que os humanos reconheçam o riso animal como tal, ou mesmo percebam.

- "Nossa análise indica que os sinais de reprodução vocal são geralmente imperceptíveis", escrevem os autores. Ratos, por exemplo, fazem "vocalizações ultrassônicas" além do alcance da audição humana. As vocalizações lúdicas dos chimpanzés, por outro lado, são muito mais semelhantes ao riso humano, embora haja algumas diferenças, observou Sasha em entrevista.

- "Tipo, eles vocalizam tanto na inspiração quanto na expiração."

Por que estudar o riso animal? Além do interesse inerente ao tópico -especialmente alegre para pesquisadores científicos- há o sério negócio de entender como a complexidade social humana permitiu que o riso evoluísse de uma vocalização específica para um sinal pragmático sofisticado. Usamos o riso para sinalizar todos os tipos de intenções, nem todas lúdicas. Mas não importa quantos usos os humanos encontrem para o sinal vocal, podemos ver neste novo artigo de revisão como a brincadeira não agressiva está profundamente enraizada no mundo animal e em nossa história evolutiva.