O estudo do bocejo não é nada chato. Possui uma rica história de teorias que remontam à Antiguidade, mas até agora a função biológica do bocejo permanece um mistério, sobretudo porque nem todos os bocejos são iguais. A maioria de nós boceja e se espreguiça quando acorda ou vai para a cama, boceja quando está entediado ou quando precisa "estalar" os ouvidos depois de viajar em grandes altitudes e até boceja só porque viu alguém bocejar. O ato de bocejar ocorre em quase todos os vertebrados, mesmo pássaros e peixes exibem uma forma de boca aberta semelhante ao bocejo. |
Este movimento coordenado dos músculos torácicos no peito, diafragma, laringe na garganta e palato na boca no ajuda a distribuir o surfactante para revestir os alvéolos nos pulmões. De um modo geral, não podemos bocejar sob comando. É teorizado que o bocejo é uma ação semi-voluntária e em parte um reflexo controlado por neurotransmissores no hipotálamo do cérebro. Também está associado a níveis aumentados de neurotransmissores, proteínas neuropeptídicas e certos hormônios.
Existem inúmeras teorias sobre por que bocejamos e os cientistas ainda não chegaram a um consenso. Uma das primeiras teorias para o bocejo remonta a Hipócrates, o pai da medicina, que levantou a hipótese de que o bocejo precede a febre e é uma maneira de remover o ar ruim dos pulmões. Com base em evidências modernas, no entanto, parece improvável que o bocejo sirva como uma função do sistema respiratório.
Nos séculos XVII e XVIII, os cientistas desafiaram as teorias hipocráticas do bocejo. Essas novas teorias se concentraram no sistema circulatório, sugerindo que o bocejo causa um aumento na pressão arterial, na frequência cardíaca e no oxigênio no sangue, o que, por sua vez, melhora a função motora e o estado de alerta. Isso pode explicar por que muitos atletas bocejam antes de praticar seus respectivos esportes. No entanto, os testes atuais mostraram que a frequência cardíaca, a transpiração ou a atividade elétrica do cérebro não aumentam após o bocejo.
Hoje, os cientistas continuam pesquisando as funções do bocejo. Alguns pesquisadores evolucionistas em comportamento sugerem que o bocejo está associado com a mudança de um estado comportamental: vigília para dormir, sono para vigília, tédio para alerta, etc. E estudos mais recentes sugeriram que o bocejo pode estar ligado à temperatura do cérebro. Quando o cérebro fica mais quente do que a temperatura homeostática, podemos bocejar para esfriar o cérebro. É teorizado que o sangue mais frio do corpo inunda o cérebro e o sangue quente circula pela veia jugular.
De acordo com estudos, mais de 60% dos adultos humanos bocejam durante ou depois de ver outra pessoa bocejando repetidamente. Cerca de 30% boceja só em pensar em outra bocejando. Isso normalmente acontece em seres humanos normais mais velhos e bem ajustados. Tradicionalmente, não é visto em crianças com menos de cinco anos ou pessoas com autismo. Mas porque diabos isso acontece?
Também não há consenso sobre o assunto. Sendo uma ação semi-voluntária, o bocejo está marcado no nosso DNA. Então simplesmente não há como explicar porque nossos ancestrais abriam a boca quando presenciavam outro fazendo o mesmo.
O que alguns psicólogos evolucionistas coincidem é que bocejar ativa a imitação motora, a empatia e as partes do comportamento social do cérebro. Neurônios no cérebro disparam fazendo com que você sinta o que essa pessoa está experimentando e ordenando que você execute a ação, mesmo que você não sinta a necessidade. De qualquer forma não está claro porque estes neurônios disparam, porque, se assim fosse, viveríamos imitando os demais em tudo.
Bocejar é definitivamente contagioso. Mesmo vídeos de pessoas fazendo isso podem desencadear uma sessão de bocejos. Tente assistir o vídeo acima e veja se você acaba bocejando. Se sim, de acordo com um estudo realizado na Universidade Baylor, em Waco, no estado norte-americano do Texas, você está mostrando empatia e vínculo.
O estudo, publicado na revista Personality and Individual Differences, analisou 135 estudantes universitários, suas personalidades e como eles reagiram a diferentes movimentos faciais. Os resultados mostraram que quanto menos empatia uma pessoa tivesse, menor a probabilidade de bocejar depois de ver outra pessoa bocejando.
É importante notar que esses resultados não podem ser generalizados. Não imitar um bocejo pode ser apenas uma tendência de apatia momentânea e não um sinal evidente de psicopatia ou sociopatia.
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Comentários
Só de começar a ler o artigo, já bocejei. Não, não é um artigo chato. :)