Não, a China não lançou nenhum 'sol artificial' como insinuam alguns vídeos

É possível que nas últimas semanas você tenha visto, sobretudo no Twitter, estas imagens acompanhadas de mensagem como "China lança um sol artificial" ou "Sol artificial da China consegue temperaturas cinco mais vezes altas que as do sol". As imagens são verídicas, e os títulos também... mas não têm nenhuma relação entre si. O engano destas publicações é que misturam duas metas científicas reais para criar uma notícia falsa. Sabemos que os vídeos não são uma montagem porque vimos diferentes pontos de vista, e sabemos que a notícia não é nenhuma fakenews.

Mas a China não lançou nenhum "sol artificial" ao espaço, isso é absurdo,para dizer o mínimo! As imagens correspondem ao lançamento de um foguete, não de um "sol artificial". O que vemos é o resplendor que produzem os motores de um foguete durante sua decolagem. Ainda que a missão específica deste vídeo não foi identificada, é possível ver um efeito similar durante o lançamento do foguete Longa Marcha 5 em 2020.

Um foguete não é um sol artificial. A única forma que conhecemos de controlar uma fusão nuclear é confinando a em uma estrutura altamente magnética. Caso contrário, o calor se dissipa e o material esfria bem rápido.

O engano destas publicações nasce de uma meta recente no reator de fusão nuclear chinês, o Tokamak Supercondutor Experimental Avançado (conhecido como EAST, por suas siglas em inglês, ou simplesmente como "sol artificial"). Os chineses estabeleceram um novo recorde mundial no início de janeiro ao aquecer seu circuito turbulento de plasma a 70 milhões de graus Celsius, uma temperatura cinco vezes mais alta que a do Sol, durante 17 minutos.

Podemos felicitar a China por seus recentes lançamentos de foguetes, e podemos felicitar a China por manter em funcionamento durante um tempo recorde seu reator de fusão nuclear. Mas misturar ambas as metas é um engano e uma bobagem para a educação científica.