Hoje sabemos o que ocorre se uma bomba nuclear for detonada no mar, devido aos testes realizados por Estados Unidos e URSS, mas o que ocorreria se detonássemos todas as bombas existentes ao mesmo tempo? Disto fala precisamente a última e genial peça do pessoal do canal de YouTube, Kurzgesagt, que dão uma aula magistral do assustador cenário que viveria o planeta se todos os países apertassem o mesmo botão vermelho ao mesmo tempo. Para isso, entraram em contato com vários cientistas com o fim de calcular o que realimente aconteceria. |
Atualmente há umas 15.000 armas nucleares na Terra. Estados Unidos e Rússia têm ao redor de 7.000, enquanto França, China, Reino Unido, Paquistão, Índia, Israel e Coreia do Norte possuem ao redor de 1.000. Agora bem, todas em conjunto, que poder destrutivo teriam?
Na Terra há aproximadamente 4.500 cidades ou áreas urbanas com ao menos 100.000 habitantes. Algumas são maiores que outras, pelo que vamos supor que, em média, seriam necessárias três bombas nucleares para eliminar por completo uma cidade.
Isto significa que poderiam destruir todas as cidades do planeta com o arsenal nuclear existente, matando mais de três bilhões de pessoas, aproximadamente a metade da humanidade em um instante. E ainda restariam 1.500 armas nucleares sem usar.
Contudo, seguimos sem saber a resposta, o que ocorreria se fizéssemos uma enorme pilha das 15.000 bombas e apertássemos o botão? Pensemos, por exemplo, se esse arsenal caísse no meio da selva amazônica. As ogivas, amontoadas a esmo, cabem em um pequeno armazém, e uma ogiva típica dos Estados Unidos tem o poder de duzentas mil toneladas de TNT. Portanto, quinze mil ogivas seriam o equivalente a três bilhões de toneladas de TNT.
Para situar a situação em perspectiva, isto é suficiente para reconstruir toda a ilha de Manhattan com cada edifício e arranha-céu usando pilhas de TNT. E o mais próximo que podemos comparar quanto à energia reunida é com um vulcão.
Pensemos agora em uma das erupções vulcânicas mais mortais da história, a registrada em 1883 na ilha de Krakatoa. A erupção foi tão poderosa que 70% da ilha e do arquipélago circundante foram destruídos matando dezenas de milhares de pessoas. Seus efeitos foram sentidos todo mundo durante dias após o evento.
Bem, a pilha nuclear existente contém 15 vezes a energia da erupção vulcânica do Krakatoa. Se finalmente pressionássemos o botão, em apenas um segundo uma bola de fogo de 50 quilômetros de largura vaporizaria tudo o que se encontrasse em seu caminho e criaria uma onda expansiva capaz de aplainar 3.000 quilômetros quadrados de florestas.
Todo ser vivo a menos de 250 quilômetros começaria a arder. Ademais, a explosão seria literalmente escutada em todo mundo, já que a onda de pressão rodearia a Terra dezenas de vezes nas seguintes semanas.
Milhões de toneladas de material incinerado catapultados à atmosfera. A nuvem em forma de cogumelo seria capaz inclusive de atingir os confins da estratosfera. Pouco depois, quando as coisas tivessem se acalmado um pouco, ficaria uma pequena cratera de aproximadamente dez quilômetros de largura no centro do pior dos incêndios mundiais que os planetas tenham visto em milênios, se estendendo por toda a América do Sul, queimando matas e cidades por igual.
Se tudo isso soa terrível, ainda resta o pior. O material extremamente radioativo arrasaria os seres vivos muito rápido, e uma grande área de vários quilômetros ao redor do cratera seria inabitável, como o seria em todas partes por centenas de quilômetros a favor do vento.
Grande parte destas consequências acabariam transportadas à atmosfera pela nuvem em forma de cogumelo e ao redor do planeta. A quantidade de material radioativo no meio ambiente se duplicaria em todo mundo, o que, surpreendentemente, ainda não seria o fim da civilização, mas é possível que o problema do câncer se multiplicaria exponencialmente.
Uma parte das partículas fluiria para a borda do espaço durante anos e causaria uma espécie de inverno nuclear que poderia reduzir as temperaturas globais em alguns graus durante alguns anos.
Kurzgesagt fez uma segunda pergunta: e se detonássemos ainda mais armas nucleares? Suponhamos que a humanidade decidiu extrair cada pedaço de urânio na Terra para construir tantas bombas nucleares quanto fosse possível.
Com o uso atual, estima-se que há ao redor de 35 milhões de toneladas de urânio no córtex terrestre, isto é, o suficiente para impulsionar a civilização humana durante mais de 2.000 anos, ou para construir milhões de ogivas nucleares. Portanto, digamos que se criaria uma pilha com o rendimento de 10 bilhão de bombas de Hiroshima, que constitui um cubo de três quilômetros de altura que contém aproximadamente a energia do impacto dos asteróides que terminou com a era dos dinossauros faz 65 milhões de anos.
Sob esse suposto apocalipse, a pilha explodiria em uma bola de fogo que se estenderia tão alto no céu que seria visível desde a metade da América do Sul, com tanta força que se formaria uma cratera de 100 quilômetros de largura. A rocha mãe na escala de redes montanhosas inteiras se vaporizaria no instante, enquanto milhares de toneladas de material seria catapultado com tal velocidade que acabariam expulsas ao espaço.
Parte deste material regressaria à Terra em forma de chuva de escombros ardendo e mataria à maioria dos animais grandes e causaria tempestades de fogo em todo mundo. Possivelmente, o córtex terrestre descobriria terremotos globais mais fortes que qualquer outra coisa na história registrada, dizimando cidades enquanto os ventos com força de furacão aplainariam cada árvore em América do Sul e os incêndios florestais consumiriam o continente.
Por sua vez, a abundância de hidrocarbonetos no Amazonas queimaria para formar cinzas, verter à atmosfera, e evitar que a luz do sol atingisse a superfície, reduzindo as temperaturas até quase congelar em todo mundo. Sendo assim, o seguinte inverno global poderia durar décadas, e com isso a extinção de todas as espécies de animais grandes, incluídos os humanos.
Obviamente também, a cada canto do planeta estaria coberto de chuva radioativa, ainda que não teria ninguém para se importar. Ou talvez sim. Os astronautas a bordo da Estação Espacial Internacional desfrutariam do filme desde o espaço, ainda que também não é improvável que o orvalho de rochas na órbita destruísse a própria Estação.
É possível que aqueles que tivessem a sorte de estar em bunkers, ou em submarinos que se encontram embaixo da superfície do oceano, pudessem sobreviver o maior tempo possível antes que esgotassem seus fornecimentos de alimentos e deveriam se aventurar a sair ao "exterior". Antes de falecer encontrariam um mundo deserto, carbonizado, congelado e radioativo.
Contudo, também é possível que após uns poucos milhões de anos, as feridas das explosões tenham se curado o suficiente para que a vida voltasse a prosperar. A nova civilização "inteligente" descobriria através da geologia que antes deles tinha outra espécie que desenvolveu uma série de metais e compostos radioativos para averiguar do que seriam capazes se os juntassem e os detonassem de uma vez só.
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