Com a invasão da Rússia na Ucrânia, os meios de comunicação voltaram a repetir com bastante insistência a possibilidade de que alguém aperte o "botão vermelho". E ainda que os especialistas sempre dizem que as armas nucleares são mais um elemento de dissuasão para ameaçar o inimigo -como fez Vladimir Putin recentemente, metendo o louco-, a possibilidade segue latente. Quantas armas nucleares existem no mundo? Segundo as contagens oficiais mais recentes, a grande maioria está dividida entre dois países: Estados Unidos, com 5.500, e Rússia, com 6.000. |
Só para que tenhamos uma ideia de até que ponto estes dois países estão no topo das propriedade das armas nucleares, um dado: há ao redor de 12.700 armas nucleares no planeta, e estima-se 90%, nove em cada 10 armas nucleares em todo mundo, pertencem a um dos dois.
A razão é histórica e remonta ao período da Guerra Fria onde ambos os países, movidos pela paranoia de sofrer um ataque do outro, começaram uma corrida desaforada por construir a maior quantidade destas armas, desde a década de 1940 até finais da década de 1980.
De fato, os cientistas dos Álamos estimaram desde o final da Segunda Guerra Mundial que seria necessário só entre 10 e 100 do tipo de armas que tinham os dois adversários para destruir todo o planeta, e tinham milhares cada um. Ambos também tinham desenvolvido mecanismos para disparar estas armas nucleares inclusive após sofrer um ataque eles mesmos.
E sim, a OTAN conta com armas nucleares, mas das 6.000 oficiais, só 500 não pertencem aos Estados Unidos. E mais, dos 30 países na OTAN, só três têm armas nucleares: Reino Unido, França e Estados Unidos. A França conta com umas 290 e Reino Unido com 225, um número que, ainda que pequeno em comparação com Rússia e Estados Unidos, não deixa de ser suficiente para destruir o planeta.
Por verdade, ainda que o resto das 27 nações da OTAN não tenha armas nucleares, isso não significa que estejam totalmente indefesos: um punhado de países em toda a aliança alberga aproximadamente 100 armas nucleares americanas como parte do programa de intercâmbio nuclear da organização.
Por último (e não menos importante), a gente não costuma ouvir muito sobre as armas nucleares chinesas, o que é meio estranho, porque elas já existem há mais de meio século. O primeiro teste de armas nucleares no país ocorreu em 1964, após quase uma década de colaboração com cientistas da União Soviética. A China conta oficialmente com 350 armas nucleares.
Nos últimos dias vem também se tornando popular o boato de que a maioria dessas armas nucleares, sobretudo as russas, já teriam expirado, mas não é bem assim que a coisa funciona. A vida útil de uma arma é uma grande preocupação e bilhões de dólares (ou rublos) são gastos anualmente tanto pelos EUA como pela Rússia para garantir que as armas não se deteriorem e permaneçam funcionais.
Se uma arma depender do trítio de alguma forma para funcionar normalmente, por exemplo, ela deixará de fazê-lo na escala de tempo de não mais do que uma década devido ao decaimento do trítio, que tem uma vida média de 12 anos.
E assim como um cartucho de munição antigo que precisa ser revisado, recarregado ou trocado de tempos em tempos por não detonar ou, pior, detonar na câmara, as armas nucleares também passam por manutenção e são recarregadas. No entanto, a tecnologia de algumas é tão ultrapassada que simplesmente não vale a pena.
Se levarmos em conta a logística atrapalhada dos militares russos é possível avaliar que um bom punhado de seu arsenal nuclear expirou ou até mesmo caducou de vez. O mesmo, em menor medida, deve valer para os americanos. Mas muito possivelmente ambos mantenham estes números de 5.500 contra 6.000 apenas para dizer ao outro (e ao mundo) que "o meu é maior do que o seu". Seja como for, se a Rússia tiver hoje apenas 10% de armas ativas, anda dá para acabar com o mundo umas cinco vezes.
Sim, na atualidade é possível projetar uma ogiva para uma longa vida útil -em torno de 90 anos-, mas durante a corrida armamentista isso nunca foi considerado. Agora que a fabricação e os testes de ogivas supostamente terminaram, os militares e os civis que mantêm o arsenal estão lamentando esse fato.
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