Preparada com sumo fermentado de maçã ou de pêra, a Sidra não é muito popular no Brasil e só dá as caras no Natal como champanhe de pobre. Ela é bem popular na Argentina, devido a grande produção da amada e deliciosa Red Delicious, a maçã consumida no mundo todo por sua cor vermelha intensa e com seu aroma apetitoso. Ocorre a circunstância de que, depois de espremer o suco, resulta em um resíduo que equivale a pelo menos um terço da fruta, uma massa de pele, polpa e sementes que é um verdadeiro estorvo para os produtores da bebida. |
O bagaço pode ter muitas utilidades, como compostagem, fabricação de vinagre e até de ração, mas poucos se interessam em reaproveitá-lo, mesmo quando os donos das fábricas de Sidra ficam felizes em entregar a gosma de graça.
José Alberto Aramberri viu aquilo e teve uma ideia do milhão: transformar o refugo em blocos que podem substituir a lenha e o carvão. Ele só não tinha certeza se, em um país que faz churrasco há séculos, as pessoas estariam dispostas a abandonar a lenha pelo bagaço de frutas.
Visitamos a Argentina para ver como uma empresa está usando resíduos em todo o mundo. Três rios atravessam o Alto Valle, criando um terreno fértil perfeito para o cultivo de maçãs e peras. A cada ano, apenas a indústria de cidra de maçã do país cria cerca de 75.000 toneladas métricas de sobras. Esse resíduo de frutas é chamado de bagaço e é o coração do negócio de José, a Biót. Tudo começou com um pedaço seco que ele levou para casa para fazer alguns testes.
Seu primeiro desafio foi descobrir uma forma de desidratar o resíduo lamacento, mas concluindo que a melhor é simplesmente jogar o bagaço no chão e esperar alguns dias para o líquido em excesso escorrer. O obstáculo posterior foi imaginar uma maneira de transformar toneladas de rebotalho de frutas em blocos sólidos. Pelo método de tentativa e erro ele acabou criando mecanismos que misturam o bagaço, depositam no chão e cortam em blocos depois que estes secam naturalmente.
Junto a sua esposa Cristina, José fundou uma empresa chamada Biót para vender os blocos para algumas empresas locais e para pessoas que as usam em casa. O assador argentino prefere lenha ao carvão, porque, segundo os entendidos, a madeira dá o melhor sabor à carne, mas José diz que carne grelhada com seus blocos não tem sabor diferente, além de exalar um odor agradável.
Em 2019, a empresa fez um acordo com o governo local, que passou a comprar os blocos para fornecê-los a famílias sem gás para calefação. Mas o novo governo escolhido na última eleição não renovou o acordo deixando a empresa com toneladas de estoque.
As toras de Biót fornecem aproximadamente a mesma quantidade de energia que a lenha comum, e queimá-las tem o mesmo efeito na qualidade do ar. Seu poder energético de 4.254 kcal/kg é similar à lenha de algaroba, mas é 30% mais barata.
Ademais os blocos são ecologicamente corretos por serem um biocombustível 100% natural composto por bagaço de frutas. Gera energia não poluente fabricada a partir de um descarte da indústria da sidra, sem conservantes, químicos nem aditivos. Não emite fumaça tóxica e tem cheiro agradável. É secado ao sol, sem intervenção de outras energias.
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