Um guelta é como se denomina em árabe um açude, um corpo de água ou uma lagoa pequena, independentemente de que seja de caráter estacional, temporário ou permanente. Os berberes e os tuaregs chamam de agelman, e são frequentes nos canais de drenagem ou wadis do deserto do Saara. Às vezes também são chamados de oásis de guelta, que podem ser permanentes ao serem alimentados por uma fonte constante, como um manancial. Outros são criados quando um rio seca e ao longo de seu curso se formam bolsões de água ou, mais frequentemente, quando a água subterrânea aflora à superfície em zonas de depressão. |
Eles geralmente se formam sobre cisternas naturais de rocha e ademais são protegidos da excessiva exposição ao sol, os gueltas podem ser extensos e de duração permanente ou estacional longa. Um exemplo disto são os gueltas de Adrar dos Iforas, um maciço montanhoso de Mali repleto de pilhas de blocos de granito, onde se formam numerosos corpos de água. Outro, o chamado oásis de Timia, no Níger, tem até uma cascata estacional e é um dos poucos lugares da região onde crescem árvores frutíferas.
Nas proximidades de alguns gueltas há gravações e petróglifos nas rochas, o que indica que já são bem antigos e que eram frequentados por caçadores-coletores pré-históricos.
Depois foram utilizados pelos nômades como bebedouros para o gado. Um exemplo disto é o guelta de Tikoubaouine em Tassili n'Ajjer, na Argélia.
De todos os gueltas que existem no deserto do Saara o mais famoso é o Guelta d'Archei, situado no maciço de Ennedi (última foto) ao nordeste do Chade -ao sudeste da cidade de Fada-, um enorme baluarte de pedra arenítica com desfiladeiros e penhascos rodeados de areia.
A região é uma das mais remotas do planeta, que tão só as caravanas se atrevem a cruzar. De fato, não há estradas que levem até ali, e chegar até o lugar é complicado. Demora uns quatro dias de viagem em um fora-de-estrada, desde Fada ou Yamena. Mais ainda se o transporte empregado for o camelo.
Trata-se de uma pequena lagoa permanente na qual habitam várias espécies animais, encaixotada em um desfiladeiro de altos penhascos verticais, que lhe conferem um aspecto de grande impressão visual. Mais quando, durante a estação seca, centenas de camelos se congregam diariamente em procura da única fonte de água da área.
O Guelta d'Archei é importante não só pela espetaculosidade de sua localização, senão também porque é o único lugar do deserto do Saara onde sobrevivem os crocodilos (Crocodylus suchus), uma espécie relacionada com o crocodilo do Nilo, que antigamente chegou a ocupar toda a região saariana e inclusive os pântanos e rios do sul do Mediterrâneo.
Ademais, o meio do guelta conta na região denominada Manda Guili com arte pictórica, pinturas e gravações, de mais de 8.000 anos de antiguidade. Trata-se de algumas das obras melhor conservadas de todo o maciço, devido a sua posição elevada que impede a erosão.
O maciço de Ennedi conta com ao menos vinte mananciais perenes ou semiperenes, vários outros gueltas e lagoas, mas que mal atingem mais de umas dezenas de metros de extensão durante a estação seca. Acham que grande parte da areia do Saara procede da erosão das estruturas geológicas desta região.
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