O ouro serviu como meio de troca, em graus variados, por milhares de anos. Durante grande parte dos séculos XVII a XX, o papel-moeda emitido pelos governos nacionais era denominado em termos de ouro e atuava como uma reivindicação legal ao ouro físico. Por esta razão, os países precisavam manter uma reserva de ouro por razões econômicas e políticas. Nenhum governo contemporâneo exige que todo o seu dinheiro seja lastreado em ouro. No entanto, os governos ainda abrigam enormes pilhas de ouro como uma proteção contra a hiperinflação ou outra calamidade econômica. |
Na verdade, todos os anos, os governos aumentam suas reservas de ouro, que são medidas em termos de toneladas métricas, em centenas de toneladas. Para as empresas, o ouro representa um ativo de commodity que é usado em medicamentos, joias e eletrônicos. Para muitos investidores, tanto institucionais quanto de varejo, o ouro é uma proteção contra a inflação ou a recessão.
O Brasil deveria ter uma das maiores reservas de ouro do mundo, mas todos já conhecem a história. A febre do ouro no nosso país criou o período de corrida do ouro mais longa de todos os tempos e as maiores minas de ouro do mundo. A corrida começou quando os bandeirantes descobriram grandes jazidas de ouro nas montanhas de Minas.
Mais de 400.000 portugueses e 500.000 escravos foram garimpar na região. Muitas pessoas abandonaram os canaviais e as cidades do litoral atrás do ouro. Em 1725, metade da população do Brasil vivia no sudeste do Brasil. O município de Ouro Preto (então Vila Rica) tornou-se a cidade mais populosa da América Latina, contando com cerca de 40 mil pessoas em 1730 e, décadas depois, com 80 mil. Só para se ter uma ideia, a população de Nova York era menos da metade desse número de habitantes e a população de São Paulo não ultrapassava os 8 mil.
E onde foi parar todo este ouro? Oficialmente, 800 toneladas métricas de ouro foram enviadas para Portugal, mas estimativas dobram este número com a circulação de ouro ilegal. O Brasil tem hoje uma reserva de 127 toneladas métricas de ouro e Portugal 382. Curiosamente, pouca coisa das 800 toneladas repousam hoje no Banco de Portugal, que usou o ouro colonial brasileiro para pagar dívidas com a França.
Parte do ouro Português, de fato, tem uma origem bem obscura. Portugal, que era oficialmente neutro durante a guerra, foi o segundo maior comprador, depois da Suíça, de ouro roubado pela Alemanha durante a guerra dos bancos da Europa ocupada e vítimas do Holocausto. As negociações aliadas após o fim da guerra procuraram recuperar o ouro saqueado vendido pela Alemanha a vários países para ajudar a financiar seu esforço de guerra.
Mas Portugal recebeu tratamento especial porque a Grã-Bretanha estava envolvida em negociações delicadas sobre suas enormes dívidas de guerra com o Banco português. Quando a guerra terminou, Londres estava desesperada para encontrar uma saída para as dívidas, o que resultaria entregar colossais 280 toneladas de ouro. Documentos desclassificados mostram que comunicações secretas ocorreram entre os dois governos ao mesmo tempo em que os Aliados, liderados pela Grã-Bretanha, supostamente exigiam que Salazar devolvessem o saque nazista.
Os documentos mostram que ambos os lados entenderam que a renegociação do pagamento das dívidas de guerra da Grã-Bretanha estava diretamente ligada à sua posição durante as negociações sobre o ouro dos Aliados. Apesar das advertências dos oficiais de inteligência sobre suas origens, foi acordado que Portugal poderia manter praticamente todo o ouro saqueado no Banco de Portugal.
Os registros mostram que os ditadores de Portugal receberam milhares de barras de ouro dos nazistas como pagamento por suprimentos de guerra para a Alemanha. Entre 1942 e 1944, mais de 127 toneladas de ouro -a maioria proveniente da Alemanha e suas vítimas- fizeram a viagem para Portugal.
Os americanos apoiaram a Grã-Bretanha em minimizar o problema do ouro nazista de Portugal por causa de suas próprias negociações com Lisboa para garantir acesso permanente a bases aéreas nas ilhas portuguesas no meio do Atlântico.
Os ingleses também levaram uma boa fatia do ouro brasileiro. Em 1830, Companhia São João del Rey, controlada pelos britânicos, inaugurou a maior mina de ouro da América Latina. Os britânicos trouxeram técnicas modernas de gestão e conhecimentos de engenharia para explorar minas que supostamente já estavam esgotadas. Localizada em Nova Lima, a mina produziu minério por 125 anos.
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