A vaquita (Phocoena sinus) é a espécie de mamífero marinho mais ameaçada do mundo. Considerada um tesouro nacional no México, onde é encontrada na parte superior do Golfo da Califórnia, o boto é conhecido por seu pequeno tamanho, com 1,2 a 1,5 metros de comprimento e 100 quilos, e as marcas cinza e preta em seus olhos e focinhos. Os mamíferos foram declarados pela primeira vez "vulneráveis" pela lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) em 1978, mas agora estão à beira da extinção, pois apenas dez indivíduos permanecem. |
Uma equipe internacional de pesquisadores argumenta, no entanto, que não é tarde demais para salvar as espécies raras. Seu estudo publicado este mês na Science descobriu que, apesar de seu pequeno tamanho populacional, a vaquita tem um risco mínimo de mutações prejudiciais causadas por endogamia.
Na última década, o número de vaquitas caiu de 576 para apenas dez indivíduos por causa do aumento do comércio ilegal do totoaba. As "pequenas vacas marinhas" são enredadas em redes de pesca montadas por pescadores furtivos em busca de totoaba, um peixe também ameaçado de extinção que rende milhares de dólares no mercado negro chinês por sua bexiga natatória, que é considerada uma iguaria.
Para obter uma imagem melhor de como a vaquita poderia se recuperar, os pesquisadores sequenciaram e analisaram 20 genomas de vaquitas retirados de amostras de tecidos arquivadas. A partir da análise, a equipe encontrou uma leve variação genética entre as vaquitas porque os números populacionais foram historicamente baixos. Os botos vaquita foram descobertos pela primeira vez em 1958, e os cetáceos são endêmicos do extremo norte do Golfo da Califórnia. A população da espécie permaneceu abaixo de 5.000 indivíduos por dezenas de milhares de anos devido à sua pequena área de habitat.
- "O fato de que elas tiveram tamanhos populacionais baixos e baixa diversidade genética por muito tempo em sua história evolutiva lhes dá uma vantagem para se recuperar desse atual declínio populacional extremo", disse Jacqueline Robinson, geneticista evolutiva da Universidade da Califórnia em San Francisco e co-autora do estudo. - "Elas têm menos variações genéticas ocultas e prejudiciais que podem se tornar um problema com a endogamia futura."
A equipe usou a análise genética e o que se sabe sobre o tempo de vida e o comportamento reprodutivo da vaquita para modelar e simular o crescimento e o declínio da população, dependendo do número de mortes nas redes de pesca. Se a vaquita for protegida e as mortes por redes pararem completamente, a equipe estimou que haveria apenas 6% de chance de que a vaquita seja extinta em meio século.
No entanto, se os mamíferos continuarem caindo nas redes, mesmo em níveis pequenos, a probabilidade de extinção aumenta. Chris Kyriazis, ecologista da UCLA e coautora do estudo, disse que, mesmo com uma redução de 80% nas mortes por redes, as chances de sobrevivência da vaquita ainda caem consideravelmente.
O habitat da vaquita no Golfo da Califórnia é protegido pela Convenção sobre Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Selvagens (CITES), assinada pelo México em 1991. Outros esforços de proteção incluem um programa anunciado pelo ex-presidente mexicano Enrique Peña Nieto em 2015 que proibiu a pesca com rede por dois anos no habitat conhecido da vaquita.
Algumas áreas têm uma política de tolerância zero para a pesca com rede, embora nem sempre seja aplicada. Ainda assim, os pesquisadores esperam que a vaquita possa se recuperar se a pesca parar completamente.
- "Este estudo aumenta o argumento de que as espécies podem ser salvas, elas podem se recuperar, mesmo que restem apenas alguns indivíduos", disse Alex Oliveira, cientista sênior e representante do Centro de Diversidade Biológica no México.
No entanto, estudos de diversidade genética não vão bastar a guerra no Mar de Cortez, na costa do México, pela pesca ilegal de totoaba, o grande peixe que só é encontrado nesta parte do mundo.
A pesca de totoaba foi proibida no México em 1975, mas a pesca ilegal ainda ocorre porque as bexigas natatórias secas de totoaba podem atingir preços de até 235 mil reais por quilo por causa de crendices chinesas estúpidas.
Os pescadores furtivos usam redes de centenas de comprimento, que tiram a vida de muitos outros animais marinhos no processo, principalmente aqueles que não conseguem respirar debaixo d'água.
O vídeo postado logo acima mostra como os conservacionistas do Sea Sheperd são recebidos com pedradas pelos pescadores -os bandidos atacam até mesmo barcos da Guarda Costeira mexicana-. Nele, cineastas do documentário "Sea of Shadows," falam sobre sua busca para salvar a vaquita de redes de pesca ilegal, cartéis mexicanos e da máfia chinesa. Atentem para o fato de que em 2019 existiam apenas 15 animais na natureza, 3 anos depois, apenas 10.
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