O bagaço da cana-de-açúcar é o maior refugo da agroindústria brasileira. Segundo as estimativas, a cada ano, sobram de 6 a 12 milhões de toneladas deste material, que corresponde a aproximadamente 30% da cana moída. Grande parte do material é, às vezes, utilizado pelas próprias usinas como fonte energética e para a geração de energia elétrica. No entanto, existem usos potenciais não energéticos para o bagaço da cana. Como destaque seu emprego como matéria-prima na indústria de papel, na fabricação de aglomerados, como aglomerante na construção civil, como ração animal, adubo e na produção de biomassa microbiana. |
Ainda assim há um excedente deste resíduo que não é utilizado, causando sérios problemas de estocagem e poluição ambiental. As fibras do bagaço da cana contêm, como principais componentes, cerca de 40% de celulose, 35% de hemicelulose e 15% de lignina, sendo este último responsável pelo seu poder calórico. A celulose e a hemicelulose são as duas formas de carboidratos mais abundantes da natureza e representam um potencial de reserva para a obtenção de produtos de interesse comercial. Ambas representam cerca de 70% do peso seco de todos os resíduos da agroindústria.
A Índia também passa pelo perrengue de ter que lidar com o bagaço da cana-de-açúcar. Durante a época de colheita, o país produz o suficiente refugo para fazer dunas gigantes do material com cerca de 100 milhões de toneladas métricas por ano.
Agora, uma empresa está transformando o resíduo em pratos, tigelas e bandejas que são projetadas para se decompor em uma pilha de compostagem no quintal. O plástico fica para sempre, mas nesse caso, se estes produtos forem parar no lixo, ele se desintegrará em três meses no máximo.
O poliestireno foi descoberto em 1839 mas só passou a ser usado para pratos e embalagens mais de um século depois, quando as cadeias de fast-food se tornaram globais. Mas ainda que seja considerado biodegradável pode demorar mais de um ano para se desintegrar na natureza e sua reciclagem nunca funcionou.
Isso é evidente em toda a Índia, onde uma quantidade de plástico equivalente ao peso do Taj Mahal acaba nas ruas e nos cursos d'água a cada duas semanas. Os aterros sanitários em todo o país estão se enchendo sem supervisão das autoridades, criando condições inseguras que podem levar a incêndios.
A ideia por trás destes produtos é substituir parte desse plástico por resíduos biodegradáveis de cana-de-açúcar. A Índia é o segundo maior produtor mundial de açúcar, apenas atrás do Brasil. E isso significa montanhas de bagaço que não são totalmente reaproveitados. A maior parte deste material é queimada para produzir eletricidade. É uma alternativa de baixa poluição ao combustível fóssil.
Mas como dizíamos no começo também tem outros usos. Por mais de 40 anos, a família de Ved Krishna transforma resíduos de cana em papel. Eles o chamam de yash pakka, e a partir de 2017, a empresa começou a produzir produtos de mesa sob uma nova marca, Chuk.
Quando chegam aos consumidores, os produtos Chuk acabam sendo cerca de 20% mais caros do que os produtos feitos de plástico. A bandeja de refeição Chuk custa 10 rúpias, ou 61 centavos, enquanto uma bandeja de plástico custa cerca de 8 rúpias, ou 49 centavos, mas há todo um trabalho para chegar no produto final.
Ved é apenas um dos muitos empreendedores em todo o mundo que reciclam resíduos em recipientes e utensílios para alimentos. A Lifepack na Colômbia fabrica pratos compostáveis com coroas de abacaxi. No México, a Biofase cria talheres de bioplástico com resíduos de abacate. E na Dinamarca, um jovem inovador está fazendo talheres comestíveis e sacos de batatas.
Provavelmente serão necessárias todas essas empresas e muito mais para gerenciar os resíduos plásticos agora e no futuro, demonstrando que cada um de nós pode fazer a diferença. Normalmente, os plásticos que usamos, as variedades mais baratas duram cerca de 500 anos. Se levarmos em conta que ele foi inventado em 1909, o primeiro pedaço de plástico ainda tem 387 anos pela frente.
Como sabemos, são apenas 113 anos de história. E nesse pouco tempo, o material foi de grande solução para entrave no meio ambiente. De mocinho a vilão. Não podemos negar que o plástico possibilitou grandes avanços, mas acabamos pagando um preço alto demais por isso.
A reciclagem é escassa. No Brasil, por exemplo, apenas 2% do plástico é reciclado. Após o descarte indevido, o plástico reage com a natureza e se desfaz em pedaços microscópicos, os microplásticos, que chegam a se integrar na cadeia alimentar de diferentes espécies, inclusive na do ser humano!
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