Os tubarões-baleia, o maior peixe da Terra, desapareceram misteriosamente do oceano sem deixar vestígios nos últimos 75 anos, e os cientistas marinhos não conseguiam descobrir por quê. Quando eles morrem, os corpos desses enormes tubarões ameaçados de extinção, que normalmente têm de 6 a 10 metros de comprimento e pesam cerca de 15 toneladas, afundam no mar, de modo que os pesquisadores não podem facilmente fazer um investigação post-mortem para saber o que realmente aconteceu com o animal. |
Agora, uma nova pesquisa sugere que navios de carga e outras grandes embarcações são provavelmente responsáveis por matar esses gigantes gentis, contribuindo para um declínio populacional mundial de cerca de 50% nos últimos 75 anos.
Um novo estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences descobriu que a colisão com grandes navios pode ser uma causa maior de morte para o maior peixe do mundo do que qualquer um imaginava anteriormente, segundo contam Freya Womersley e David Sims, ecologistas marinhos da Universidade de Southampton e co-autores do estudo, na Conversation.
Para investigar os desaparecimentos inexplicáveis dos tubarões, os pesquisadores compararam os movimentos rastreados por satélite de 348 tubarões-baleia com mapas de rotas marítimas globais nos oceanos Atlântico, Índico e Pacífico de 2005 a 2019. Eles encontraram muitas semelhanças: 92% espaço horizontal frequentado pelos tubarões e quase 50% de seu espaço vertical sobrepunha o tráfego de grandes embarcações, colocando-os em rota de colisão potencial com navios maiores que 300 toneladas brutas.
Os tubarões estavam em maior risco enquanto passavam o tempo perto da superfície da água (onde regularmente se alimentam de zooplâncton), descobriram os pesquisadores. Os lugares mais perigosos para os tubarões-baleia nadarem, segundo os dados, são o Golfo do México, o Golfo Arábico e o Mar Vermelho, onde estão localizados alguns dos portos mais movimentados do mundo.
Rastreadores eletrônicos permitem que os cientistas rastreiem tubarões usando satélites.
Os territórios sobrepostos são problemáticos porque os tubarões nadam horizontalmente a velocidades até 10 vezes mais lentas que os navios, observam os pesquisadores no artigo. E, quando os tubarões percebem um navio se aproximando, seu tempo de reação é lento e mínimo até que o navio se aproxime muito. Os tubarões que são atingidos por navios velozes têm poucas chances de sobreviver.
Embora os cientistas não saibam quantos tubarões-baleia morreram como resultado de desentendimentos com navios de carga, eles viram algumas narrativas angustiantes nos dados: rastreadores mostraram alguns tubarões-baleia nadando normalmente e depois afundando lentamente no fundo do mar.
Depois de contabilizar as falhas técnicas, eles também descobriram que 24% dos rastreadores de satélite anexados aos tubarões pararam de funcionar em áreas de navegação movimentadas, o que os pesquisadores acreditam indicar que as baleias morreram após serem atingidas por navios.
E os navios de carga não estão apenas matando tubarões-baleia, eles também estão prejudicando até 75 outras espécies marinhas, de golfinhos a peixes-boi e pinguins. Portanto, embora seja útil encomendar um produto fabricado do outro lado do mundo e recebê-lo em questão de dias, a crescente indústria de transporte marítimo -que expandiu de 1.771 navios em 1995 para mais de 94.000 em 2021, de acordo com os pesquisadores– está levando a consequências enormes e não intencionais para a vida selvagem marinha.
- "O transporte marítimo é um problema sério para os gigantes do mar", disse Robert Harcourt, ecologista marinho da Universidade Macquarie da Austrália, que não está afiliado ao estudo. - "Temos uma economia derivada da movimentação de coisas ao redor do mundo de uma maneira que não leva em consideração o custo para o meio ambiente."
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