Durante o período Mogol, por volta do século 16, a tecelagem de brocados com desenhos intrincados usando fios de ouro e prata, conhecidos como zaris, tornou-se a especialidade de Banaras -hoje Varanasi, no estado de Uttar Pradesh, no norte da Índia-. Ralph Fitch, um proeminente comerciante e explorador britânico, descreve Banaras -hoje Varanasi, no estado de Uttar Pradesh, no norte da Índia- como um setor próspero da indústria têxtil de algodão. Com a migração de tecelões de seda de Gujarat, durante a fome de 1603, a tecelagem de zaris se expandiu ainda mais. |
Quando a dinastia Mogol governou a Índia, eles eram conhecidos por seu gosto pródigo em comida, arquitetura e roupas, solicitando que os tecelões adicionassem fios reais de ouro e prata em suas vestes de seda pura e apenas as famílias mais ricas e influentes da Índia podiam se dar ao luxo de comprar um.
Ainda hoje, o tradicional sári banarasi é feito pelo trabalho caseiro, usando métodos que remontam a mais de 500 anos, que absorve cerca de 1,2 milhão de pessoas associadas direta ou indiretamente com a indústria têxtil da região ao redor de Varanasi.
No entanto, ao longo dos anos, a indústria de teares de sári banarasi vem incorrendo em enormes perdas devido à concorrência de unidades mecanizadas que produzem imitações baratas a um ritmo mais rápido, com seda sintética e a um custo muito mais barato.
Isso se agravou ainda mais quando o mercado têxtil chinês descobriu como as indianas gostam de sáris e inundou a região com sáris feitos com tecidos xing-ling.
A concorrência realmente é desleal, porque um tear chinês mecanizado pode fazer milhares de sáris, quando um tear manual de madeira pode precisar de uma semana inteira e, às vezes, até de meses -com dependência da complexidade do brocardo- para concluir apenas um sári banarasi. Lógico que este último pode alcançar milhares de dólares.
Em 2009, após anos de espera, associações de tecelões em Uttar Pradesh, garantiram os direitos de Indicação Geográfica (IG) para os zaris. IG é um direito de propriedade intelectual indiano, que identifica um bem como originário de uma determinada região onde determinada qualidade, reputação ou outra característica do produto é essencialmente atribuível à sua origem geográfica.
Mais importante, isso significa que nenhum sári ou brocado feito fora dos seis distritos identificados de Uttar Pradesh, pode ser legalmente vendido sob o nome de sári banarasi. Mas isso não impediu a produção de imitações e mantém os tradicionais tecelões do tecido feito à mão sem certeza de um pródigo futuro. O mercado adotou então o termo sári asaty, algo como sári vagabundo ou falso.
O vídeo hipnotizante do Canal Insider mostrado abaixo mostra o processo trabalhoso e tedioso do artesanato para a fabricação de um sári banarasi: a seda fina real passa por um processo de limpeza e tingimento que é satisfatório de ver, ainda que eu duvide que seja satisfatório de fazer porque o processo envolve soda cáustica.
Enquanto isso cartões de papelão são perfurados com os padrões e estampas intrincados -um trabalho chamado likhai, que serão usados nos khadis, os teares de madeira de 200 anos que seguem os desenhos que são perfurados nos cartões. Como os sári banarasi têm normalmente seis metros de comprimento, é necessário em torno de dois dias apenas para montá-los no tear, quando ai sim começa o trabalho de tecelagem.
Ainda que alguns dos donos destes empreendedores da tecelagem artesanal tenham migrado aos teares mecanizados, financiados por empresários chineses, e até começaram a usar fios sintéticos em vez de seda real, os tecelões de Varanasi estão trabalhando para manter a tradição viva. Nos últimos anos, uma variedade de marcas independentes surgiram para apoiar e reviver o sári Banarasi e levá-lo diretamente para os consumidores tradicionais. Eles acreditam que as pessoas que conhecem o valor dos autênticos sáris têm bom gosto o bastante e continuarão a comprá-los.
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