Imagine uma praia no Quênia, areia branquinha e ondas azuis. O sol brilha sobre o que é deixado para trás pelas ondas. Algas, conchas e algo totalmente alheio emporcalha o ambiente. Algo que não pertence ao local: sandálias velhas. Todos os anos, milhares de chinelos chegam às praias do Quênia, expulsos de rios ou canalizados por correntes no Oceano Índico da Ásia e da Austrália. As sandálias de tiras são usadas há milhares de anos, remontando a fotos delas em murais egípcios antigos de 4.000 a.C. Mas os chinelos de plástico são uma criação mais recente. |
Na década de 1960, o brasileiro Pedro Grendene Bartelle viu os pescadores da Riviera Francesa usando sandálias de tiras e teve uma ideia que revolucionou a moda mundial: um calçado de plástico injetado ganhava seu primeiro formato: as havaianas.
A princípio, menosprezado pela elite como "calçado de pobre", os baratos chinelos logo se tornariam o arquétipo, primeiro, da moda praia e, depois, como calçados casuais de jovens adultos no mundo todo.
Em 2021 o mundo produziu mais de 1 bilhão de sandálias plásticas. Este calçado é barato, mas todos sabemos que não é durável. Pelo menos suas tiras não são. Por que então não comprar tiras que custam em torno de 20 reais por 10 unidades no Mercado Livre? Para que perder tempo trocando tira se o chinelinho custa menos de 10 reais.
Estes chinelos acabam indo para o aterro sanitário. Mas juntamente com um sistema de descarte de resíduos subdesenvolvido, isso faz com que os chinelos nos países em desenvolvimento acabem na natureza e, eventualmente, nos oceanos. Apaixonado pelos oceanos e consciente da importância dos ecossistemas, a Ocean Sole do Quênia aborda este problema.
A empresa recicla chinelos encontrados ao longo das praias e cursos d'água no Quênia. A ideia surgiu quando uma das fundadoras da empresa, Julie Church, viu que as crianças estavam fazendo brinquedos com os detritos dos chinelos. Ela decidiu incentivar suas mães a coletar, lavar e cortar os chinelos descartados em produtos coloridos para vender nos mercados locais do Quênia como outro meio de renda para suas famílias.
Hoje os chinelos velhos são recolhidos, limpos e colados. A equipe criativa de artesãos então transforma os chinelos em animais coloridos. Três problemas locais e globais são abordados: prevenção e controle da poluição da terra e do mar pelos plásticos, criação de empregos e extração limitada de madeira para obras de arte em madeira. As obras de arte inspiradoras da Ocean Sole contam uma história especial.
De fato, a Ocean Sole visa fornecer emprego e oportunidades, além de limpar os oceanos. Até o momento, impactou positivamente mais de 1.000 quenianos através do emprego direto e da coleta de chinelos, e fornece renda estável para quase 100 quenianos de baixa renda em sua empresa.
Eles pretendem reciclar um milhão de chinelos por ano, mais de uma tonelada de isopor por mês e salvar mais de quinhentas árvores por ano, usando chinelos em vez de madeira. Eles contribuem com mais de 10 a 15% de sua receita para limpeza de praias, programas vocacionais e educacionais, bem como esforços de conservação.
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