Admita. Você tem medo de cobras. Eu também. Elas são animais de sangue frio sem pernas e serpenteiam seus corpos com escamas lisas como... cobras. Elas fazem um veneno mortal que pode matar com uma única mordida. Muitas criaturas imaginárias assustadoras e malignas, como a serpente no Jardim do Éden, criadas por nossos ancestrais, são baseadas em cobras. Por que afinal os primatas, incluindo a maioria dos macacos, têm tanto medo de cobras? Bem, adivinhe, é da nossa natureza ter medo de cobras. O medo de cobra está impresso no nosso DNA e na história dos primatas. |
O medo é realmente inato? Alguns especialistas dizem que não, já que não são poucos os casos de pais que encontram seus bebês brincando com os répteis. No entanto isto tem mais a ver com a falta de razoamento do que com qualquer outra coisa. Bebês não sabem o que significa "medo" nem tem "consciência do perigo".
Conhecidos como vieses de atenção, já foram relatados para ameaças ancestrais, como aranhas e cobras, em bebês, crianças e adultos. No entanto, atualmente não está claro se esses estímulos induzem aumento da excitação fisiológica em bebês.
Para provar isso, um grupo de pesquisadores do Instituto Max Planck, na Alemanha, e da Universidade de Uppsala, na Suécia, fez um estudo com 48 bebês, que foi publicada na revista Frontiers in Psychology, em 2017.
Enquanto estavam sentados no colo de seus pais, os bebês viram imagens de aranhas e cobras em fundos brancos por cinco segundos. Para evitar que os pais influenciassem inadvertidamente as reações dos filhos, eles foram vendados durante o experimento que os impediam de ver qualquer imagem mostrada.
Quando os bebês viram fotos de cobras e aranhas, eles reagiram consistentemente dilatando mais as pupilas do que quando viram imagens de controle de flores e peixes. Isso sugere claramente que o medo dessas criaturas é sim inato. Isso porque as pupilas dilatadas estão associadas à atividade no sistema noradrenérgico do cérebro, o mesmo sistema que processa o estresse.
Ocorreu que todos os ancestrais primatas viveram em um ambiente perigoso cheio de mamíferos carnívoros e aves de rapina. Para sobreviver, eles desenvolveram um instinto de fuga, um sistema básico de reconhecimento de padrões de predadores. Esse sistema podia localizar rapidamente ameaças gerais para que tivessem tempo de escapar.
No entanto, esse sistema falhou miseravelmente quando as cobras predadoras entraram em cena pela primeira vez. Devido à aparência e seu padrão de movimento incomum em comparação com outros predadores, elas eram incógnitas para os ancestrais primatas. A princípio não foram interpretadas como ameaça pelos ancestrais. Como dá para imaginar, muitos dos ancestrais de primatas facilmente se tornaram o jantar dessas cobras predadoras.
A ideia é que, ao longo da história evolutiva, os humanos que aprenderam rapidamente a temer cobras tiveram uma vantagem para sobreviver e se reproduzir, mas ao mesmo tempo desenvolveram este medo doentio delas que ficou impregnado no nosso DNA.
Outras evidências também provaram que o medo de cobras está embutido em nossa história primata. Um antropólogo da Universidade da Califórnia descobriu que 80 macacos residentes no Centro de Primatas em Davis, que nunca viram uma cobra na vida, começaram a gritar alarmados quando viram uma deslizando em uma gaiola.
Um outro estudo realizado na Universidade Northwestern descobriu que macacos que nunca tinham visto cobras aprenderam a temê-las quando foram mostradas fotos de macacos assustados em conjunto com cobras. No entanto, quando foram apresentados imagens de macacos assustados em conjunto com coelhos e flores, eles não ficaram com medo.
Os vídeos que ilustram este artigo também mostram claramente isso, chimpanzés e gorilas totalmente alarmados com pequenas cobras. Note no primeiro vídeo, gravado no zoo Furuvik, perto de Gävle, na Suécia, que o chimpanzé que dá o alarme é um filhote que nunca viu uma cobra.
Da mesma forma que os bebês de 6 meses de idade respondem com maior excitação, os filhotes de primatas também reagem em conformidade. Os estímulos que representam uma ameaça ancestral aos primatas demonstram das mesma forma a existência de um mecanismo evolutivo que prepara os humanos e primatas para adquirirem medos específicos de ameaças ancestrais.
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