A arte ou passatempo de atirar pedras horizontalmente e rente à superfície da água de forma que, na sua trajetória, a pedra richocheteie várias vezes à flor da água, tem vários nomes: "capar a água", "fazer chapeletas", "fazer patinhos", entre muitos outros. Este passatempo já era praticado há milhares de anos em tempos da Antiga Grécia, onde se chamava epostracismo. O poeta Homero descreve uma aposta entre Jasão e Hércules para ver quem consegue quicar mais vezes uma pedra sobre a água. Também os romanos competiam, mas com conchas marinhas. |
Até Shakespeare escreveu sobre "fazer patinho" na versão original de "Enrique V". No século XVIII artilheiros navais utilizavam esta técnica com as balas de canhão, uma tática militar conhecida como ricochete no jargão da marinha de guerra. Mudavam o ângulo de lançamento para assim obter o melhor rebote e chegar mais longe para conseguir afundar os barcos inimigos.
Nesse sentido, no último fim de semana de setembro, pessoas de todo o mundo vão para uma pequena ilha escocesa, cada uma esperando ganhar o título de campeão mundial de epostracismo, de fato, o evento tem a ver mais com diversão do que competição.
O campeonato começou com um senhor, morador da ilha, já falecido, em 1983, após uma discussão no único bar local sobre quem poderia roçar as pedras mais longe.
Depois foi ressuscitado em 1997 por Eilean Eisdeal, um grupo de desenvolvimento comunitário da Ilha Easdale, como um evento de arrecadação de fundos, e continuou a crescer em popularidade. Agora atrai concorrentes de lugares tão distantes quanto o Japão e a Nova Zelândia.
Qualquer pessoa de qualquer idade e qualquer nível de habilidade pode entrar no campeonato, limitado a 350 pessoas. Isso se deve simplesmente ao tempo necessário para deixar todos competirem, realizar a cerimônia de premiação e garantir que as pessoas possam deixar a ilha durante o horário de funcionamento da balsa.
A pequena ilha Easdale, com uma população de 72 pessoas, já foi o coração da indústria de mineração de ardósia escocesa. Mas depois que uma tempestade em 1881 inundou as pedreiras, os equipamentos de mineração ficaram presos debaixo d'água, sem nenhuma maneira de recuperá-los.
Easdale se recuperou dessa perda e agora tem uma próspera indústria turística. Os ilhéus aproveitaram bem as pedreiras abandonadas para nadar e, mais recentemente, para o Campeonato Mundial de epostracismo com pedra de ardósia.
Ganhar o campeonato não é tarefa fácil, pois os competidores devem seguir um conjunto de regras rígidas. Cada competidor, que deve usar pedras feitas de ardósia de Easdale naturalmente formada, tem apenas três tentativas, e a pedra desnatada deve quicar na superfície da água pelo menos duas vezes para ser considerada válida. Felizmente, existem várias categorias para os participantes competirem, incluindo uma para "jogadores antigos".
É um evento alegre e divertido. As pessoas vestem todos os tipos de fantasias, então examinar a multidão é tão engraçado quanto deslizar as pedras.
Infelizmente, devido ao impacto contínuo da covid-19 na organização, eles tiveram que cancelar o evento de 2020, 2021 e 2022. O Campeonato Mundial de Epostracismo só voltou em 2023, na Ilha Easdale, Escócia. Infelizmente a ventania e chuva forte esvaziou o campeonato.
Ah sim, o recordista de epostracismo é um escocês chamado Douglas Isaacs com 121,8 metros, mas o lançamento não ocorreu em Easdale devido a limitação da distância de apenas 63 metros.
Ah, sim... o evento não é um campeonato mundial só porque seus organizadores assim o dizem. O campeonato Easdale pode se orgulhar de ser um evento reconhecido, que chamou a atenção de meios de comunicação de meio mundo.
A edição da semana passada é um bom exemplo. A organização não demorou a esgotar as 350 vagas às quais a competição está limitada por questões logísticas e entre os concorrentes estavam lançadores de 27 países dos cinco continentes, incluindo Alemanha, Holanda, Nova Zelândia, Canadá, Estados Unidos e Bolívia. Entre os vencedores dos outros anos estão atletas de lugares tão distantes quanto o Japão.
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Comentários
epostracismo... como é que tu achas uma palavra destas?