O fentanil é um opioide sintético até 50 vezes mais forte que a heroína e 100 vezes mais forte que a morfina. É um dos principais contribuintes para overdoses fatais e não fatais nos EUA na atualidade. Existem dois tipos de fentanil: o fentanil farmacêutico e o fabricado ilicitamente. Ambos são considerados opioides sintéticos. O farmacêutico é prescrito por médicos para tratar dores intensas, especialmente após cirurgias e para câncer em estágio avançado. No entanto, os casos mais recentes de overdose estão ligados ao fentanil fabricado ilicitamente. |
Este fentanil ilícito é distribuído através de mercados de drogas ilegais por seu efeito semelhante à heroína. Muitas vezes é adicionado a outras drogas por causa de sua extrema potência, o que torna as drogas mais baratas, mais poderosas, mais viciantes e mais perigosas.
O fentanil de fabricação ilícita (FFI) está disponível no mercado de drogas em diferentes formas, incluindo líquido e pó. O fentanil em pó se parece com muitas outras drogas. É comumente misturado com drogas como heroína, cocaína e metanfetamina e transformado em pílulas que se assemelham a outros opioides prescritos. Drogas contendo fentanil são extremamente perigosas, e muitas pessoas podem não saber que suas drogas contêm o opioide.
Em sua forma líquida, o FFI pode ser encontrado em sprays nasais, colírios e misturado com pequenos doces ou balas. Muitos contêm doses mortais de fentanil. O fentanil e outros opioides sintéticos são as drogas mais comumente envolvidas em mortes por overdose. Mesmo em pequenas doses, pode ser mortal. Mais de 150 pessoas morrem todos os dias de overdoses relacionadas a opioides sintéticos como o fentanil nos EUA.
As drogas podem conter níveis mortais de fentanil, e a pessoa não seria capaz de ver, saborear ou cheirar. É quase impossível dizer se as drogas foram misturadas com fentanil, a menos que a droga seja verificada com tiras de teste. Para mitigar as overdoses estas tiras são baratas e geralmente fornecem resultados em 5 minutos, o que pode ser a diferença entre a vida ou a morte.
Em uma escala de um a 10, a heroína é um dois, e o fentanil é como um 11. É como passar de um tapa de travesseiro para ser atropelado por um trem. Só para entender a letalidade desta droga, em dezembro de 2022, durante uma blitz a policial Courtney Bannick encontrou narcóticos em uma nota de dólar enrolada dentro do veículo que ela e os outros policiais pararam. Pouco depois, ela começou a lutar para respirar. Para sua sorte, seus companheiro agiram rápido e lhe aplicaram três doses de Narcan -droga reversora de overdose de opioides- depois que ela foi exposta ao fentanil.
Muitos de nós no Brasil nunca ouvimos falar da droga. Mas nos EUA, o número de mortes relacionadas a opioides como o fentanil levou o governo a declarar emergência nacional.
Apenas 2-3 miligramas de fentanil podem ser fatais. Funciona diminuindo a velocidade do corpo, desde a pressão sanguínea e o pulso até a respiração. A droga pode criar dificuldade para respirar e, nos piores casos, levar à asfixia. E é altamente viciante, como você poderá atestar neste testemunho de Kati, uma jovem de 22 anos de Surrey na Colúmbia Britânica, Canadá. Kati disse que tomou uma overdose 11 vezes, a última delas há poucos dias.
Os usuários dizem que simplesmente não conseguem parar. Muitos acabam virando sem teto e vivem para sua próxima dose. Grande parte desses viciados pode ser encontrada na cracolândia americana: o bairro de Kensington, na localidade da Filadélfia, no estado norte-americano da Pensilvânia.
As imagens dos dois seguintes vídeos, gravados em Kesington, mostram o estado deplorável de pessoas vagando pelas ruas sem alma, como se fossem verdadeiros zumbis. Outros, que acabaram de utilizar a droga, simplesmente travam na posição em que estavam.
Durante anos, as drogas vendidas em Kensington eram considerada puras, mas no verão de 2017 elas começaram a ser batizadas com quantidades ingentes de fentanil, quando as mortes relacionadas com o opioide aumentaram 95% só naquele ano. Em setembro do mesmo ano, a polícia apreendeu em Nova York fentanil suficiente para matar 32 milhões de pessoas. As autoridades confiscaram quase 90 quilos da droga, avaliada em US$ 30 milhões, com quatro pessoas presas após as apreensões.
O fentanil invadiu os EUA e está deixando um rastro de morte. O seu consumo aumentou de forma alarmante e, segundo os últimos números, estima-se que cerca de 200 americanos morrem todos os dias por causa desta droga. Além do mais, a overdose de fentanil já é a principal causa de morte em americanos entre 18 e 45 anos. O Estado da Califórnia, o mais rico do país, é o marco zero desta epidemia. Em Los Angeles, uma das cidades mais afetadas, existem bairros com ruas cheias de viciados.
Em São Francisco, no coração do bairro Tenderloin, há ruas inteiras inundadas de tendas, onde vivem principalmente viciados. Ali, acumulam-se na rua matérias fecais, seringas, cachimbos de crack e alumínio com vestígios de fentanil. Porém, a poucos quarteirões de distância existem lojas luxuosas e ruas limpas, o que reflete a grande desigualdade que existe na cidade e no país como um todo. Especificamente, na Califórnia é evidente o contraste entre a opulência de uma parte da sociedade e a pobreza mais absoluta em que outra vive imersa.
Se tudo isso não bastasse a polícia e autoridades de combate a droga estão se preparando para a chegada de outro opioide sintético, o carfentanil, um tranquilizante animal que é até 10.000 vezes mais potente que a morfina. Enquanto isso, usuários viciados ainda conseguem encontrar fentanil onde podem.
E o Brasil que não se cuide e também pode acabar envolvido em uma pandemia. No começo do ano a polícia civil do Espírito Santo aprendeu pela primeira vez na história uma carga de fentanil junto a outras drogas como maconha e cocaína em um depósito de uma facção criminosa.
A polícia acredita que o fentanil seria usado para batizar essa cocaína que depois seria vendida no Espírito Santo, inclusive agentes da divisão anti drogas dos Estados Unidos vieram até o Brasil para ter mais informações sobre essa operação já que o fentanil é motivo de muita preocupação no pais.
Por isso a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) se adiantou e já em março incluiu 3 substâncias usadas na produção do fentanil na lista de "precursoras de entorpecentes e psicotrópicos". A medida visa facilitar a ação policial para apreensão dos produtos e evitar a disseminação e fabricação clandestina da "droga zumbi".
A vítima mais famosa do opioide foi o cantor Prince, que tinha uma alta concentração de fentanil em seu corpo quando morreu aos 57 anos em 2016. Uma reportagem da agência AP mostrou que ele tinha 67,8 microgramas por litro da droga em sua corrente sanguínea. A mesma reportagem diz que fatalidades foram documentadas em pessoas com níveis sanguíneos variando de três a 58 microgramas por litro.
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Comentários
Disseram mesma coisa que o CR@CK matava logo, e no entanto o que vemos são mais e mais usuários. Se for para se "matarem" deixem que morram, assim menos "seres" a ocupar o já super lotado mundo e os parcos leitos destinados para saúde.