Nas intrincadas composições dobradas de Simon Schubert, barras de luz solar atravessam molduras de portas, cornijas ornamentadas e pisos de parquet em uma complexa interação de formas geométricas. Baseando-se exclusivamente na forma como a luz atravessa a superfície do papel, o artista natural de Colônia, na Alemanha, dobra meticulosamente folhas soltas para renderizar com precisão os ângulos e perspectivas dos interiores arquitetônicos. Ao fazer isso, ele abre uma dimensão às vezes sonhadoramente sugestiva, quase surreal, na qual as fronteiras temporais, espaciais e finalmente locais se dissolvem. |
O artista começa cada peça com um esboço, muitas vezes focando em cenas espelhadas ou simétricas em edifícios históricos e enfatizando a continuidade de longos corredores, portas de conexão e reflexos. Embora Simon atualmente se concentre no ambiente construído, sua primeira incursão em dobrar o material foi uma experiência em fazer um retrato do romancista irlandês Samuel Beckett (última foto) enquanto o artista ajudava na pesquisa de textos e vídeos do autor na Academia de Belas Artes de Düsseldorf.
As rugas de Beckett foram interpretadas em vincos no papel, e o artista ficou fascinado com a ideia de desenhar sem usar nenhum material tradicional além do próprio papel.
- "A ideia era levar o desenho a um ponto em que quase não fosse mais um desenho", diz Simon.
Parte de uma prática artística mais ampla que explora temas de lugar, experiência, arquitetura e imaginação, as obras de papel dobrado de Simon traduzem ambientes tridimensionais em relevos monocromáticos. A sutileza é essencial, e há algumas surpresas à espreita, como a forma fantasmagórica de uma figura que sobe as escadas ou uma sombra enigmática que brinca contra uma parede.
A concepção de arte de Simon parece prestar homenagem ao barroco; abolir a clara separação dos campos artísticos individuais da arquitetura, escultura e pintura. O encurtamento da perspectiva e um enfoque especial no jogo de luz e sombra levam a um efeito quase ilusionista de profundidade e expansão do espaço, enquanto as figuras da pintura barroca são caracterizadas por seu movimento dinâmico e recurso à cor e à luz.
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