Depois de mais de 50 anos em cativeiro, a orca Tokitae está finalmente voltando para casa no mar. A orca, que antes era conhecida como Lolita, será realocada graças ao trabalho de defensores dos direitos dos animais, líderes indígenas e organizações sem fins lucrativos que desejam ver esta criatura viver em paz pelo resto de seus dias. Tokitae vive no Miami Seaquarium, no que é considerado o menor recinto de orcas da América do Norte. Como se acredita que ela tenha cerca de 57 anos, a orca também é amplamente considerada a orca viva mais velha em cativeiro. |
A vida de Tokitae fora de casa começou em 1970, quando ela foi levada de Penn Cove, na costa do estado de Washington. Acredita-se que ela tinha cerca de quatro anos quando isso aconteceu. De acordo com a imprensa local, os parentes de Tokitae ainda estão vivos, incluindo a orca de 90 anos que se acredita ser sua mãe.
O projeto de libertação de Tokitae foi anunciado em uma coletiva de imprensa conjunta com membros do Miami Seaquarium; Dolphin Company, empresa proprietária do parque; Friends of Toki, uma organização sem fins lucrativos que defende a liberdade da orca e faz verificações de bem-estar dela todos os meses; a prefeita de Miami-Dade, Daniella Levine Cava; e o filantropo Jim Irsay, proprietário do Indianapolis Colts, que forneceu apoio financeiro ao projeto de realocação.
- "Hoje, 30 de março, pela primeira vez, uma empresa privada com mamíferos marinhos sob cuidados humanos e uma organização sem fins lucrativos de bem-estar animal, assinaram um acordo vinculativo com um objetivo: devolver a amada Lolita às suas águas de origem", dizia o comunicado.
Felizmente, a saúde de Tokitae melhorou e permaneceu estável nos últimos meses após uma rodada de infecções que ela sofreu devido ao tamanho de seu recinto, o que acabou levando-a a ser retirada de exibição em 2022.
Tokitae é uma orca residente no sul, um grupo que foi adicionado à lista de espécies ameaçadas em 2005. Segundo os biólogos, em agosto a população era de cerca de 70 orcas, depois de atingirem o pico de 97 em 1996 antes de sofrer um declínio.
Alguns defensores levantaram questões sobre como a saúde da baleia poderia ser afetada pela mudança, ou se ela seria capaz de se defender sozinha na natureza, mas o processo de realocação dedicado abordará essas questões. A meta é movê-la em 18 a 24 meses, pois ela precisa ser retreinada para caçar e a logística da mudança física ainda não foi determinada.
- "A todos vocês que se importam, queremos agradecer pelo cuidado e preocupação com Toki, o mais importante é o bem-estar dela a longo prazo e, juntos, guiados por especialistas, continuaremos a fazer o que é melhor para ela" disse a prefeita.
- "Eu sei que ela quer chegar a águas livres", disse Jim Irsay em entrevista coletiva. - "Eu não me importo com o que alguém diz. Ela viveu tanto tempo para ter esta oportunidade."
De fato ela não será libertada definitivamente em águas abertas, afinal 50 anos nadando em um tanque tão pequeno deve ter cobrado o seu pedágio do pobre animal. Tokitae vai se ambientar em um enorme cercado marinho de uma baía em Puget Sound, uma profunda enseada estuarina do oceano Pacífico localizada na costa noroeste dos Estados Unidos. Se ela prosperar no local, aí sim poderá ser libertada finalmente.
Em 10 de novembro de 2019, o governo russo libertou o último grupo de animais da "prisão das baleias". Autoridades do Instituto Federal Russo de Pesquisa para Pesca e Oceanografia (VNIRO) transportaram as 30 belugas e 25 orcas restantes em três grupos durante 10 dias da instalação a Baía de Uspeniya.
As orcas e belugas atraíram a atenção internacional no final de 2018 e início de 2019, quando um drone capturou um vídeo aéreo da instalação, que mostrou 98 orcas e belugas amontoadas em pequenos cercados marinhos. Devido ao clamor da imprensa as autoridades russas decidiram soltar os animais sem adaptação nenhuma.
A Baía de Uspeniya não é um habitat nativo para as belugas, mas as autoridades disseram que era a melhor opção para os animais remanescentes devido ao clima e às questões de financiamento. Em uma declaração conjunta, os defensores disseram que os animais foram soltos em seu ponto de captura.
No ano passado o cientista de baleias Grigory Tsidulko avistou uma dessas orcas em água abertas enquanto participava da gravação de um documentário para a BBC:
- "Isso significa que é uma daquelas orcas que foram soltas aqui no Extremo Oriente russo", explicou Grigory. - "Isso significa que, apesar de todos os argumentos da indústria cativa, as orcas podem realmente ser libertadas e devolvidas com segurança ao seu ambiente natural e viver uma vida feliz no lugar a que pertencem."
A filmagem da BBC é um bom sinal de que o cativeiro não é necessariamente o fim da linha para animais como Tokitae. Mamíferos marinhos inteligentes e estratégicos, as orcas podem se adaptar à natureza após uma vida de contenção.
Os esforços concentrados para a libertação de Tokitae tem uma triste vítima no entanto: Kiska, conhecida como a "orca mais solitária do mundo", que morreu em meados do mês passado no parque Marineland, em Niagara Falls, Ontário, Canadá.
A direção do Marineland disse que a causa da morte foi infecção bacteriana devido ao tanque imundo onde vivia sozinha. Sua permanência no parque era alvo do protesto de muitas entidades de defesa dos direitos dos animais. E sua morte motivou uma corrida para acabar com os cativeiros de orcas.
Em 1979, quando tinha aproximadamente três anos, Kiska foi arrebatada de sua família perto da Islândia, juntamente com a Keiko, a estrela de cinema da franquia "Free Willy". As duas foram vendidas a Marineland. Keiko acabou sendo transferida mais tarde para o Reino Aventura, parque no México. Libertada para viver em um cercado marinho na Islândia, Keiko fugiu e morreu de fome em mar aberto. Além disso, Ikaika, companheiro de Kiska, foi transferido ao SeaWorld em Orlando, em 2011, o que a deixou sozinha.
Kiska teve cinco filhotes. Todos morreram antes dela. A mais jovem, Athena, faleceu em 2009.
- "Kiska, amplamente conhecida como a 'orca mais solitária do mundo', morreu depois de viver mais de 40 anos em um tanque em Marineland, com mais de uma década em confinamento solitário", disse um comunicado da organização Animal Justice. - "As orcas são animais incrivelmente sociais, mas Kiska não tinha ninguém ao seu lado desde 2011 e sofria de uma solidão agonizante, bem como da falta de espaço e estímulo mental em seu pequeno tanque estéril."
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