Um jovem David Attenborough grava o primeiro áudio de um lêmure indri

- "Esse barulho não era um canto de pássaro", narra Sir David Attenborough neste primeiro clipe postado no meio do artigo. A filmagem de 1960 mostra um jovem e entusiasmado Attenborough enquanto ele monta um gravador portátil movido a bateria. Seu objetivo: capturar o primeiro áudio do indri (Indri indri), o maior lêmure de Madagascar, do qual já falamos no começo do ano sobre as diversas lendas que rondam este animal criticamente ameaçado, que é muito vocal, principalmente folívoro e vive em pequenos grupos familiares nas copas das florestas de Madagascar.

- "Nunca tinha ouvido nada parecido antes, afirma ele admirado. - "Mas também poderíamos capturá-los na câmera? O canto era tão alto que parecia impossível que os animais estivessem a mais de 20 ou 30 metros de distância. Mas onde eles estavam? Até agora, ninguém havia conseguido fotografar um vivo, muito menos filmá-lo."

Graças à gravação, Attenborough e sua equipe finalmente puderam ver e filmar esses esquivos primatas. O clipe faz parte do documentário "Maravilhas dos Cantos de Attenborough", que apresenta sete dos cantos de animais mais notáveis encontrados na natureza e explora o significado dessas canções na vida de suas espécies, que deve estrear amanhã na TV britânica e americana.

- "Cada um, do canto do maior lêmure ao canto da baleia-jubarte ao canto do pássaro-lira, foi gravado durante sua vida. Mas logo não serão mais ouvidos? Alegre, surpreendente e comovente, esta história de pesquisa pioneira e visão surpreendente é um coro de admiração e um alerta."


O indri tem um canto alto e distinto, que podem durar de 45 segundos a mais de 3 minutos. A duração e a estrutura da chamada variam entre e até mesmo dentro dos grupos, mas a maioria tem o mesmo padrão. Normalmente, uma sequência de rugidos com duração de vários segundos precederá as vocalizações mais características.

Todos os membros do grupo, exceto os mais jovens, participam desse rugido, mas o canto propriamente dito é dominada pelo par adulto. Eles seguem o rugido com uma longa sequência de notas, caracterizada por notas de até cinco segundos de duração. Depois disso, há uma sequência de frases descendentes. Os lamentos começam em uma nota alta e tornam-se progressivamente mais graves. É comum que dois ou mais indris coordenem o tempo de suas notas descendentes para formar um dueto.

Conhecido localmente como babakoto, há uma série de lendas que rondam este animal fenomenal. Uma delas diz que dois irmãos viviam juntos na floresta até que um deles decidiu sair e cultivar a terra. O irmão que ficou na mata se tornou o primeiro babakoto e chora e canta de luto por seu irmão desviado.

O indri é uma espécie criticamente ameaçada de extinção. As principais ameaças à sua existência são a destruição e fragmentação do habitat devido à agricultura de corte e queima, coleta de lenha e extração de madeira. O babakoto também é amplamente caçado, apesar dos muitos mitos de origem e tabus tradicionais que o consideram sagrado, porque sua carne do indri é apreciada como uma iguaria em algumas regiões. No seguinte vídeo Sir David conversa com Joseph, um ex-caçador que se tornou conservacionista depois que viu que a população do indri estava desaparecendo.

O indri era considerado um animal esquivo e arisco, que fugia rapidamente diante da presença humana, mas a perda de habitat fez com que ele se acostumasse aos humanos, se tornando facilmente vulnerável aos caçadores furtivos em troca de uma simples banana. Arredios, como a maioria dos lêmures, eles não prosperam em cativeiro. Se forem colocados em uma jaula, deixam de comer, exibem um comportamento de estresse elevado e logo morrem. Apenas um indri viveu mais de um ano em cativeiro e nenhum se reproduziu com sucesso enquanto estava em cativeiro.