A rádula dos moluscos permite que engulam peixes inteiros vivos

Os moluscos ostentam aparelho digestivo completo, com boca, estômago, intestino e ânus. Na sua boca, com exceção dos bivalves, os moluscos têm uma estrutura chamada rádula, que se assemelha a uma língua, com a diferença que tem inúmeros dentículos voltados para trás que são usados para raspar ou cortar os alimentos antes que eles entrem no esôfago. O número de dentes presentes na rádula pode ser usado para identificação e classificação dos animais do filo. Na maioria das linhagens mais antigas de gastrópodes, a rádula é usada para pastar algas microscópicas de superfícies rochosas e outros substratos.

Uma rádula típica compreende um número de fileiras autossimilares bilateralmente simétricas de dentes enraizados em uma membrana radular no assoalho de sua cavidade bucal. Algumas espécies têm dentes que se dobram com a membrana à medida que ela se move sobre o odontóforo, enquanto em outras espécies os dentes estão firmemente enraizados no lugar e toda a estrutura radular se move como uma entidade com vida própria.

À medida que a rádula se desgasta anteriormente, novas fileiras de dentes são continuamente substituídas por secreção em sua parte posterior. A produção de dentes é rápida -algumas espécies podem produzir até cinco fileiras por dia-.

O número total de dentes presente depende da espécie de molusco e poderá chegar até aos 100.000. Uma grande quantidade de dentes numa fileira é considerada uma característica primitiva, mas tal não é sempre verdade.

O maior número de dentes por fileira é encontrado no Pleurotomariidae, com mais de 200 dentes por fileira. A forma e o arranjo dos dentes é uma adaptação ao regime alimentar da espécie em questão. O padrão e o número de dentes são específicos para cada espécie e, como dizíamos, são usados na classificação de moluscos.

Ainda que estes dentículos sirvam para raspar, perfurar, rasgar ou cortar partículas de material alimentício e também para transportar partículas em um fluxo contínuo em direção ao trato digestivo, a rádula também permite aos cefalópodes, com destaque para as sépias, agarrarem presas vivas, como se fosse um arpão, e arrastá-las sem remédio para dentro da boca.

Alguns gastrópodes também usam a sua rádula para caçarem outros gastrópodes e moluscos bivalves. Alguns deles possuem um único dente radular que tem a forma de um arpão que pode ser projetado em direção a presa. Por vezes, conjuntamente com a projeção do arpão é também libertada uma neurotoxina.